Biografia
Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande, mudou-se para o Rio de
Janeiro com apenas quatro anos. Quando se tornou conhecido, voltou a
Duas Barras para ser homenageado pela prefeitura numa festa, e
descobriu que a fazenda onde havia nascido estava à venda. Não hesitou
em comprá-la e hoje é o lugar que chama de
meu off-Rio. Cidadão carioca criado na
Serra dos Pretos-Forros, a primeira profissão foi como Auxiliar de Químico Industrial, função aprendida no curso intensivo do
SENAI. Mais tarde, enquanto servia o
exército
como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada,
tornando-se escrevente e contador, profissões que abandonou em
1970, quando saiu do exército para se tornar
cantor profissional.
A carreira artística surgiu para o grande público no III Festival da Record, em
1967,
quando concorreu com a música "Menina Moça". O sucesso veio no ano
seguinte, na quarta edição do mesmo festival, lançando a canção "Casa de
Bamba", um dos clássicos de Martinho. O primeiro álbum, lançado em
1969, intitulado
Martinho da Vila,
já demonstrava a extensão de seu talento como compositor e músico,
incluindo, além de "Casa de Bamba", obras-primas como "O Pequeno
Burguês", "Quem é Do Mar Não Enjoa" e "Prá Que Dinheiro" entre outras
menos populares como "Brasil Mulato", "Amor Pra que Nasceu" e "Tom
Maior". Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além
de um dos maiores vendedores de discos no Brasil, sendo o segundo
sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias, com o CD
Tá Delícia, Tá Gostoso, lançado em
1995 (o primeiro foi
Agepê, que em
1984 vendeu um milhão e meio de cópias com seu disco
Mistura Brasileira).
Estilo
Embora seja internacionalmente reconhecido como sambista, com várias
composições gravadas no exterior, Martinho da Vila é um legítimo
representante da
MPB e compositor eclético, tendo trabalhado com o
folclore e criado músicas dos mais variados ritmos brasileiros, tais como
ciranda,
frevo,
samba de roda,
capoeira,
bossa nova,
calango,
samba-enredo,
toada e sambas africanos. O espírito de pesquisador incansável, viaja desde o disco
O Canto das Lavadeiras, baseado no folclore brasileiro, lançado em
1989, até o mais recente trabalho
Lusofonia, lançado no início de
2000, reunindo canções de todos os países de língua portuguesa. Em setembro de
2000 concretizou, no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos projetos por si mais acarinhados: a apresentação do
Concerto Negro. Idealizado por Martinho e pelo maestro
Leonardo Bruno, o espetáculo dá realce à participação da cultura negra na música erudita. Para cuidar de diversas atividades, criou o
Grupo Empresarial ZFM, abrindo as portas para sambistas com um selo musical e inaugurando a sua própria editora, com o primeiro romance
Joana e Joanes.