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sexta-feira, março 16, 2012
Há 38 anos começou nas Caldas da Rainha a queda da II República
(imagem daqui)
O Levantamento das Caldas, também referido como Intentona das Caldas ou Revolta das Caldas, foi uma tentativa de golpe de Estado frustrada, ocorrida em 16 de março de 1974, em Portugal. Foi precursor da Revolução dos Cravos que, a 25 de abril seguinte, derrubou o regime ditatorial do Estado Novo Português. É referido, por vários autores, como o catalisador que aglutinou o oficialato em torno do Movimento das Forças Armadas (MFA).
O movimento remonta à insatisfação, entre as Forças Armadas Portuguesas, com a Guerra Colonial, a falta de liberdade política e o atraso económico vivido pelo país.
A 22 de fevereiro de 1974 vem a público a obra "Portugal e o Futuro", do general António de Spínola, onde este defende que a solução para a guerra colonial deveria ser política e não militar.
Mais tarde, a 5 de março
ocorre a reunião da Comissão Coordenadora do MFA. Foi lido, e decidido
pôr a circular no seio do Movimento dos Capitães, o primeiro documento
do Movimento contra o regime e a Guerra Colonial. Intitulava-se "Os
Militares, as Forças Armadas e a Nação" e foi elaborado pelo major Ernesto Melo Antunes.
No mesmo mês, a 14, o Governo de Marcelo Caetano demite os Generais António de Spínola e Francisco da Costa Gomes
respectivamente dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior
General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia
de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças
Armadas. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na
aceleração das operações militares contra o regime.
Desse modo, a 16 de março, apesar de originalmente estar prevista a participação de outras unidades militares, apenas o Regimento de Infantaria nº 5, das Caldas da Rainha, avançou para Lisboa, sob o comando do capitão Armando Marques Ramos. Isolado, o seu avanço foi sustado por unidades leais ao regime já às portas de Lisboa, sem derramamento de sangue.
Cerca de 200 homens, entre oficiais, sargentos e praças, foram detidos. Os oficiais, encarcerados na Trafaria, foram libertados no dia 25 de Abril.
in Wikipédia
Postado por Fernando Martins às 00:38 0 bocas
Marcadores: 25 de Abril, Caldas da Rainha, Guerra Colonial, Levantamento das Caldas, MFA, Spínola
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Rafael Bordalo Pinheiro morreu há 107 anos
Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro (Lisboa, 21 de março de 1846 — 23 de janeiro de 1905) foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista
e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura
portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo
próprio que a levou a uma visibilidade nunca antes atingida. É o autor
da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português. Entre seus irmãos estava o pintor Columbano Bordalo Pinheiro.
O Museu Rafael Bordalo Pinheiro, em Lisboa, reúne a sua obra.
Biografia
Nascido Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro, filho de
Manuel Maria Bordalo Pinheiro (1815-1880) e D. Maria Augusta do Ó
Carvalho Prostes, em família de artistas, cedo ganhou o gosto pelas
artes. Em 1860 inscreveu-se no Conservatório e posteriormente matriculou-se sucessivamente na Academia de Belas Artes (desenho de arquitectura civil, desenho antigo e modelo vivo), no Curso Superior de Letras e na Escola de Arte Dramática, para logo de seguida desistir. Estreou-se no Teatro Garrett embora nunca tenha vindo a fazer carreira como actor.
Em 1863, o pai arranjou-lhe um lugar na Câmara dos Pares, onde acabou por descobrir a sua verdadeira vocação, derivado das intrigas políticas dos bastidores.
Desposou Elvira Ferreira de Almeida em 1866 e no ano seguinte nasceu o seu filho Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro.
Começou por tentar ganhar a vida como artista plástico com
composições realistas apresentando pela primeira vez trabalhos seus em 1868
na exposição promovida pela Sociedade Promotora de Belas-Artes, onde
apresentou oito aguarelas inspiradas nos costumes e tipos populares, com
preferência pelos campinos de trajes vistosos. Em 1871 recebeu um prémio na Exposição Internacional de Madrid. Paralelamente foi desenvolvendo a sua faceta de ilustrador e decorador.
Em 1875 criou a figura do Zé Povinho, publicada n'A Lanterna Mágica. Nesse mesmo ano, partiu para o Brasil onde colaborou em alguns jornais e enviava a sua colaboração para Lisboa, voltando a Portugal em 1879, tendo lançado O António Maria.
Experimentou trabalhar o barro em 1885 e começou a produção de louça artística na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.
Faleceu a 23 de janeiro de 1905 em Lisboa, no nº 28 da rua da Abegoaria (actual Largo Raphael Bordallo-Pinheiro), no Chiado, freguesia do Sacramento, em Lisboa.
O desenhador
Raphael Bordallo-Pinheiro deixou um legado iconográfico
verdadeiramente notável,tendo produzido dezenas de litografias. Compôs
inúmeros desenhos para almanaques, anúncios e revistas estrangeiras como
El Mundo Comico (1873-74), Ilustrated London News, Ilustracion Española y Americana (1873), L'Univers Illustré e El Bazar. Fez desenhos em álbuns de senhoras, foi o autor de capas e de centenas de ilustrações em livros, e em folhas soltas deixou portraits-charge
de diversas personalidades. Começou a fazer caricatura por brincadeira
como aconteceu nas paredes dos claustros do edifício onde dava aulas o
Professor Jaime Moniz, onde apareceram, desenhados a ponta de charuto,
as caricaturas dos mestres. Mas é a partir do êxito alcançado pel'O Dente da Baronesa (1870), folha de propaganda a uma comédia em 3 actos de Teixeira de Vasconcelos, que Bordalo entra definitivamente para a cena do humorismo gráfico.
Dotado de um grande sentido de humor mas também de uma crítica social
bastante apurada e sempre em cima do acontecimento, caricaturou todas
as personalidades de relevo da política, da Igreja e da cultura da
sociedade portuguesa. Apesar da crítica demolidora de muitos dos seus
desenhos, as suas características pessoais e artísticas cedo
conquistaram a admiração e o respeito público que tiveram expressão
notória num grande jantar em sua homenagem realizado na sala do Teatro Nacional D. Maria II, em 6 de Junho de 1903 que, de forma inédita, congregou à mesma mesa praticamente todas as figuras que o artista tinha caricaturado.
Na sua figura mais popular, o Zé Povinho, conseguiu projectar a
imagem do povo português de uma forma simples mas simultaneamente
fabulosa, atribuindo um rosto ao país. O Zé Povinho continua ainda hoje a
ser retratado e utilizado por diversos caricaturistas para revelar de
uma forma humorística os podres da sociedade.
O ceramista
Tendo aceitado o convite para chefiar o setor artístico da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha (1884), aí criou o segundo momento de renovação da cerâmica Caldense. Raphael Bordallo-Pinheiro dedicou-se à produção de peças de cerâmica
que, nas suas mãos, rapidamente, adquiriram um cunho original. Jarras,
vasos, bilhas, jarrões, pratos e outras peças demonstram um labor tão
frenético e criativo quanto barroco e decorativista, características,
aliás, também presentes nos seus trabalhos gráficos. Mas Bordalo não se
restringiu apenas à fabricação de loiça ornamental. Além de ter
desenhado uma baixela de prata da qual se destaca um originalíssimo
faqueiro que executou para o 3º visconde de S. João da Pesqueira,
satisfez dezenas de pequenas e grandes encomendas para a decoração de
palacetes: azulejos, painéis, frisos, placas decorativas, floreiras,
fontes-lavatório, centros de mesa, bustos, molduras, caixas, e também
broches, alfinetes, perfumadores, etc.
No entanto, a cerâmica também não poderia excluir as figuras do seu
repertório. A par das esculturas que modelou para as capelas do Buçaco representando cinquenta e duas figuras da Via Sacra,
Bordalo apostou sobretudo nas que lhe eram mais gratas: O Zé Povinho
(que será representado em inúmeras atitudes), a Maria Paciência, a
mamuda ama das Caldas, o polícia, o padre tomando rapé e o sacristão de
incensório nas mãos, a par de muitos outros.
Embora financeiramente, a fábrica se ter revelado um fracasso, a
genialidade deste trabalho notável teve expressão nos prémios
conquistados: uma medalha de ouro na Exposição Colombiana de Madrid em 1892, em Antuérpia (1894), novamente em Madrid (1895), em Paris (1900), e nos Estados Unidos, em St. Louis (1904).
O jornalista
Raphael Bordallo-Pinheiro destacou-se sobretudo como um homem de
imprensa. Durante cerca de 35 anos (de 1870 a 1905) foi a alma de todos
os periódicos que dirigiu quer em Portugal, quer nos três anos que
trabalhou em terras brasileiras.
Semanalmente, durante as décadas referidas, os seus periódicos
debruçaram-se sobre a sociedade portuguesa nos mais diversos quadrantes,
de uma forma sistemática e pertinente.
Em 1870 lançou três publicações: "O Calcanhar de Aquiles", "A Berlinda" e "O Binóculo",
este último, um semanário de caricaturas sobre espectáculos e
literatura, talvez o primeiro jornal, em Portugal, a ser vendido dentro
dos teatros. Seguiu-se o "M J ou a História Tétrica de uma Empresa
Lírica", em 1873. Todavia, foi "A Lanterna Mágica", em 1875, que inaugurou a época da actividade regular deste jornalista "sui generis" que, com todo o desembaraço, ao longo da sua actividade, fez surgir e também desaparecer inúmeras publicações. Seduzido pelo Brasil, também aí (de 1875 a 1879) animou "O Mosquito", o "Psit!!!" e "O Besouro", tendo tido tanto impacto que, numa obra recente, intitulada "Caricaturistas Brasileiros", Pedro Corrêa do Lago lhe dedica diversas páginas, enfatizando o seu papel...
"O António Maria",
nas suas duas séries (1879-1885 e 1891-1898), abarcando quinze anos de
actividade jornalística, constitui a sua publicação de referência. Ainda
fruto do seu intenso labor, "Pontos nos ii" são editados entre 1885-1891 e "A Paródia", o seu último jornal, surge em 1900.
A seu lado, nos periódicos, estiveram Guilherme de Azevedo, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, João Chagas, Marcelino Mesquita
e muitos outros, com contributos de acentuada qualidade literária. Daí
que estas publicações constituam um espaço harmonioso em que o material
textual e o material icónico se cruzam de uma forma polifónica.
Vivendo numa época caracterizada pela crise económica e política,
Raphael enquanto homem de imprensa soube manter uma indiscutível
independência face aos poderes instituídos, nunca calando a voz,
pautando-se sempre pela isenção de pensamento e praticando o livre
exercício de opinião. Esta atitude granjeou um apoio público tal que,
não obstante as tentativas, a censura nunca logrou silenciá-lo. E, todas
as quintas-feiras, dia habitual da saída do jornal, o leitor e
observador podia contar com os piparotes costumeiros, com uma crítica a
que se juntava o divertimento. Mas como era natural, essa independência e
o enfrentar dos poderes instituídos originaram-lhe alguns problemas
como por exemplo o retirar do financiamento d'O António Maria como
represália pela crítica ao partido do seu financiador. Também no Brasil
arranjou problemas, onde chegou mesmo a receber um cheque em branco para
se calar com a história de um ministro conservador metido com
contrabandistas. Quando percebe que a sua vida começa a correr perigo,
volta a Portugal, não sem antes deixar uma mensagem:
".... não estamos filiados em nenhum partido; se o estivéssemos, não seríamos decerto conservadores nem liberais. A nossa bandeira é a VERDADE. Não recebemos inspirações de quem quer que seja e se alguém se serve do nosso nome para oferecer serviços, que só prestamos à nossa consciência e ao nosso dever, - esse alguém é um infame impostor que mente."
in O Besouro, 1878
O homem do teatro
Com 14 anos apenas, integrado num grupo de amadores, pisou como actor
o palco do teatro Garrett, inscrevendo-se depois na Escola de Arte
Dramática que, devido à pressão da parte do pai, acabou por abandonar.
Estes inícios - que revelaram que o talento de Raphael Bordallo-Pinheiro
não se direccionava propriamente para a carreira de actor - selaram,
porém, uma relação com a arte teatral que não mais abandonou.
Tendo esporadicamente desenhado figurinos e trabalhado em cenários, Raphael Bordallo-Pinheiro foi sobretudo um amante do teatro.
Era espectador habitual das peças levadas à cena na capital,
frequentava assiduamente os camarins dos artistas, participava nas
tertúlias constituídas por críticos, dramaturgos e actores. E
transpunha, semana a semana, o que via e sentia, graficamente, nos
jornais que dirigia. O material iconográfico legado por Raphael
Bordallo-Pinheiro adquire, neste contexto, uma importância extrema
porque permite perceber muito do que foi o teatro, em Portugal, nessas décadas.
Em centenas de caricaturas, Raphael Bordallo-Pinheiro faz aparecer o
espectáculo, do ponto de vista da produção: desenha cenários, revela
figurinos, exibe as personagens em acção, comenta prestações e critica
'gaffes'. A par disso, pelo seu lápis passam também as mais variadas reacções do público: as palmas aos sucessos, muitos deles obra de artistas estrangeiros, já que Lisboa
fazia parte do circuito internacional das companhias; as pateadas
estrondosas quando o público se sentia defraudado; os ecos dos
bastidores; as anedotas que circulavam; as bisbilhotices dos camarotes
enfim, todo um conjunto de aspectos que têm a ver com a recepção do
espectáculo e que ajudam a compreender o que era o teatro e qual o seu
papel na Lisboa oitocentista.
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Postado por Fernando Martins às 01:07 0 bocas
Marcadores: Caldas da Rainha, caricatura, cerâmica, Humor, pintura, Rafael Bordalo Pinheiro, Zé Povinho
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