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segunda-feira, fevereiro 13, 2012

A propósito de vetos mortais, humor e da opinião do PCP

(imagem daqui)

O veto
Jorge Cadima

O veto da Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU é uma rara notícia positiva a emanar daquele órgão. Positiva por ser um entrave a mais uma agressão imperialista. Quase seguramente não impedirá que o imperialismo avance, tal como a ausência da cobertura pela ONU não impediu que os democratas de Clinton e sociais-democratas da UE atacassem a Jugoslávia, ou os republicanos de Bush e a troika Blair-Aznar-Barroso invadissem o Iraque. Mas é positivo que não possam invocar a chancela da ONU, ao contrário do que aconteceu no caso da Líbia.

O imperialismo em profunda crise está a atear fogo ao planeta
A reacção do imperialismo ao veto foi delirante. A representante dos EUA na ONU, Susan Rice, declarou que «aqueles que bloquearam o último esforço para resolver pacificamente esta questão terão as suas mãos manchadas pelo sangue que se verterá no futuro» (CNN, 5.2.12). Além de confirmar que se verterá mais sangue com uma «solução» não pacífica – na qual os EUA assumirão o seu habitual papel de primeiríssimo plano – a sra. Rice não conhece o sentido do ridículo. Representa um país que tem, não apenas as mãos, mas todo o seu corpo submergido em caudalosos rios do sangue de muitos milhões de mortos e vítimas dos seus crimes de guerra. O cada vez mais patético Secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, afirmou que o veto «enfraquece o papel da ONU e da comunidade internacional» (Televideo RAI, 4.2.12). Faz de conta que não sabe que o preâmbulo da Carta da organização a que preside começa dizendo: «Nós, os povos das Nações Unidas estamos determinados a salvaguardar as gerações futuras do flagelo da guerra...». Durante o seu mandato, Israel lançou o criminoso ataque militar contra a faixa de Gaza, sem que BKM tenha achado seu dever intervir activamente pela paz. Na sua recente passagem por Gaza, BKM foi acolhido por «dezenas de palestinos num protesto hostil […]. Muitos eram familiares de presos palestinos nos cárceres de Israel, zangados com a recusa de Ban Ki Moon em se encontrar com eles para discutir as condições dos presos. Alguns atiraram-lhe sapatos e mostravam cartazes onde se lia “chega de favorecimento de Israel”» (BBC, 2.2.12).

Ouve-se pias afirmações de que a resolução agora vetada não previa uma intervenção militar e já não continha passagens apelando a uma mudança de regime. Também a resolução 1973 sobre a Líbia não dizia nada disso. «Apenas» decretava um embargo de armas, a interdição aérea, falava em proteger civis e em soluções pacíficas. Mas Sirte e outras cidades foram arrasadas pelas bombas da NATO. Houve dezenas de milhares de mortos. O New York Times (21.1.12) agora confessa que o linchamento de Kadafi teve a participação dos drones (aviões não tripulados) dos EUA, que estiveram em acção «até ao último dos ataques, que atingiu a caravana do Coronel Kadafi no dia 20 de Outubro e levou à sua morte». A imprensa ocidental confessa agora (só agora) que os «rebeldes» que a NATO colocou no poder torturam sistematicamente. Até a organização Médicos sem Fronteiras se retirou da «livre» cidade líbia de Misrata por achar que «a nossa missão é dar cuidados médicos a feridos de guerra ou presos doentes, e não tratar repetidamente os mesmos doentes por entre sessões de tortura» (Independent, 27.1.12).

Quem esteja impressionado pela desinformação sobre a Síria deve recordar as mentiras – monumentais – com que nos venderam todas as anteriores guerras imperialistas. Lembrar que o embaixador de Portugal em Tripoli desmentiu, aos microfones da Antena 1 no dia 23.2.11 as «notícias» de massacres a partir de aviões – citados como factos na Resolução 1973 da ONU, que o governo Sócrates votou favoravelmente – tal como o Governo Passos-Portas fez agora – numa clara afronta à nossa Constituição. Deve dar ouvidos às denúncias dum ex-agente da CIA, Philip Giraldi (na revista American Conservative, citada em globalresearch.ca): «Aviões da NATO sem identificações estão a chegar às bases militares turcas perto de Iskenderum, na fronteira síria, transportando armas dos arsenais do falecido Muamar Kadafi, bem como voluntários do CNT líbio […]. Iskenderum é também a sede do Exército Livre Sírio, braço armado do Conselho Nacional Sírio. Instrutores das forças especiais francesas e britânicas estão no terreno, assistindo os rebeldes sírios, enquanto a CIA e Forças Especiais dos EUA fornecem equipamento de comunicações e informações para ajudar a causa rebelde, permitindo aos seus combatentes evitar concentrações de soldados sírios». A agressão externa já começou.

O imperialismo em profunda crise está a atear fogo ao planeta. O veto na ONU foi positivo. Mas cabe aos povos a palavra decisiva em defesa do seu futuro colectivo.


NOTA: mais uma vez um jornalista do Avante! está, estúpida e acefalamente, do lado de um ditador assassino e megalómano, que herdou o poder de um pai ainda pior, à boa moda da Coreia do Norte, país e paraíso que o PCP tanto preza. Sobre o assunto, esperamos que o Comité Central tenha ratificado esta posição, para pudermos novamente criticar este estúpido centralismo democrático que condena à morte inocentes e gaba assassinos; mas melhor do que mais palavras, citemos o post do blog Der Terrorist sobre o assunto:


 [Imagem]

5 400 mortos depois:




quinta-feira, novembro 03, 2011

Sobre um espantoso texto antissemita publicado num jornal partidário

(imagem daqui)

A máquina da morte e a utopia
Jorge Messias


«Enquanto o proletariado tiver necessidade do Estado, não será no interesse da liberdade mas sim para reprimir os seus adversários! E no dia em que for possível falar-se livremente de liberdade, o Estado deixará de existir...» 
(F. Engels, «Carta a Bebel»)


«A liberdade política é uma ideia e não uma realidade. Ideia que, no entanto, é preciso saber aplicar quando for necessário atrair as massas populares a um lado da questão. Eis onde surgirá o triunfo da nossa teoria. A questão será de fácil solução caso o adversário tenha recebido o poder de uma ideia de liberdade a que se chama liberalismo. As rédeas do poder serão tomadas facilmente porque a força cega de um povo não pode ficar um só dia que seja sem guia. Assim, a nova força nada mais tem a fazer do que assumir um comando enfraquecido pelo liberalismo»  
(Protocolos dos Sábios de Sião, 1.º Mandamento)


«Há uma necessidade urgente de uma autoridade verdadeira no mundo, para ordenar a economia mundial, reavivar economias atingidas pela crise e evitar qualquer deterioração e os desequilíbrios maiores que dela resultariam. Obviamente, essa autoridade teria de dispor do poder de garantir o cumprimento das suas decisões ...» 
(Bento XVI, «A Caridade com Verdade»)


A rede conspirativa que se vai instalando na terra tem claramente origem em formações capitalistas proclamadamente religiosas. Basta olhar-se para o esquema organizativo que vai chegando ao conhecimento público para nele se reconhecer a mãozinha sinuosa dos jesuítas e dos illuminati maçónicos. O que está em jogo tem sempre dois pés para andar: um deles, vai sendo gradualmente desvirtuado, o da utopia do Estado; o outro, avança e calça a botifarra nazi.

A história dos Protocolos poderia, em princípio, parecer um conto de fadas. Mas os quadros dos anúncios que aí se promovem são bem reais. A democracia e as liberdades foram um sonho mal escrito e mal entendido pelos homens. As maiorias enganaram-se nas encruzilhadas dos caminhos. E a própria Igreja surgiu com uma inesperada novidade: agora, as hierarquias querem destruir as estruturas da sua própria Igreja para depois realizarem o sonho mefistofélico de uma cristandade apocalíptica que represente o universo de interesses dum Estado capitalista mundial. Tudo poderia ser pura imaginação não fosse o caso do enunciado teórico dos Protocolos ser acompanhado por uma listagem de objectivos a curto e médio prazos: um governo mundial oculto que promova uma Nova Ordem mundial; um único sistema económico, financeiro e monetário, de obediência universal; o fim das crises económicas através da ocupação, por um só exército, de todas as fontes mundiais de matérias-primas e energia, mesmo que para isto seja de prever o desencadear de uma III Guerra Mundial; e o estabelecimento de uma Religião Única cuja chefia seja desempenhado pela Igreja Católica.

Todos os antecedentes desta Nova Era estão lançados ou funcionam já. Há políticas altamente complexas, como as que intervêm na crise financeira internacional, no terrorismo, nas área do gás e do petróleo, etc., que necessariamente estão a ser já coordenadas por um único governo oculto. As grandes disputas financeiras que convergem nos benefícios das grandes fortunas e nas mega fusões, nas troikas ou nas guerrilhas entre os mercados denunciam a existência actual de gigantescas centrais capitalistas articuladas entre si. Em tudo, desde as relações entre as pessoas até ao convívio entre os estados, os ricos serão mais ricos e os pobres conhecerão a miséria. Embora as lutas de classes subam de tom.

Dá-se como certo que na base deste tenebroso programa final figuram os sionistas, o Vaticano e a Maçonaria. Nada custa a crer que assim seja: o plano actual da Nova Era tem as marcas do «Apocalipse», das ambições planetárias ilimitadas dos grandes estados ocidentais, das alfurjas das caves do Vaticano e da Maçonaria e das tenebrosas ordens secretas, laicas ou religiosas.

Uma nota informativa complementar: os Protocolos não são proféticos. Não foram redigidos de uma só vez, para sempre. São fichas que incluem tópicos de matérias já conhecidas no seu tempo. Depois, vão sendo actualizadas à medida do tempo que passa. E os seus mentores e condutores do processo são os illuminati que repartem ligações entre a Santa Sé, a Maçonaria, o Pentágono e a Wall Street.

Voltaremos a este tema. Quem lê os jornais portugueses cada vez mais se enreda na confusão.


 (imagem daqui)

NOTA: um texto (Os Protocolos dos Sábios de Sião) que eu achava ser impossível de se publicar ou ser citado num jornal que não fosse o Jornal do Incrível ou um pasquim de extrema-direita aparece no jornal oficial de um partido português...! O jornal oficial do PCP a citar um documento forjado pela polícia secreta czarista, uma aldrabice mil vezes refutada e que serviu para legitimar diversos pogroms,  o Holocausto nazi (e, se calhar, as perseguições estalinistas aos judeus, sob o pretexto de serem cosmopolitas...) é uma coisa do outro mundo. Depois, no mesmo texto, citar uma carta de Engels em que se debate as guerras intestinas da esquerda alemã de meados do século XIX e que apontam para o desaparecimento do Estado (substituído pela anarquia...?!?) e uma Encíclica do actual Papa, preocupado com a situação económica mundial e com a pobreza que está a provocar, é, no mínimo, ridículo. Se este texto foi caucionado pelos órgãos centrais do PCP, afigura-se-me que o seu Comité Central precisa de estudar um bocadinho. Se não, como é possível tamanha confusão na cabecinha de um senhor que se, por acaso, até se chama Messias...?!?

 (imagem daqui)


 (imagem daqui)