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terça-feira, fevereiro 16, 2021

João Ferreira-Rosa nasceu há 84 anos

(imagem daqui)

João Manuel Soares Ferreira-Rosa (São Mamede, Lisboa, 16 de fevereiro de 1937Loures, 24 de setembro de 2017) foi um fadista e letrista português, intérprete do famoso fado "O Embuçado".
É um dos maiores expoentes do fado tradicional e lusitano. Monárquico e tradicionalista, os seus fados falam essencialmente, mas não exclusivamente, da nostalgia dos tempos perdidos, de um Portugal já perdido e esquecido, das touradas e da tradição.
O seu fado mais conhecido será, sem sombra de duvida, o Fado do Embuçado. Composição singular, com música do Fado Tradição, da cantadeira Alcídia Rodrigues, e letra de Gabriel de Oliveira, é incontornável em qualquer noite ou tertúlia fadista. O tema mais uma vez é o tempo de antigamente, uma curiosa história de um "embuçado" (disfarçado com capote) que todas as noites ia ouvir cantar fados e que, tendo um dia sido desafiado a revelar-se, se manifesta como sendo o Rei de Portugal, que após o beija-mão real, cantou o Fado, entre o povo.
Em 1965 adquire um espaço, no Beco dos Cortumes, em Alfama, a que chamou a Taverna do Embuçado. Abrindo no ano seguinte, esta casa viria a marcar toda uma era do Fado ao longo dos 20 anos que se seguiram, até que Ferreira Rosa deixa a gestão, nos anos 80. O espaço, contudo, ainda hoje existe.
Nos anos 60 adquire ainda o Palácio Pintéus, no concelho de Loures, que estava praticamente em ruínas e destinado a converter-se num complexo de prédios. Ferreira Rosa recupera o Palácio, lutando contra diversos obstáculos burocráticos e administrativos que lhe foram sendo colocados. Nas palavras de João Ferreira-Rosa o Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar) "estragou-lhe" os últimos 30 anos dos 70 que já leva de vida. Abriu o Palácio Pintéus as suas portas ao público em 2007 e lá se realizam diversos eventos ligados ao fado. Muito antes disso nele se realizaram várias sessões de fados transmitidas, ainda a preto e branco, pela RTP.
É dentro das paredes do Palácio Pintéus que é gravado, em 1996, o 2º disco de um dos seus mais sublimes trabalhos, "Ontem e Hoje". Ferreira-Rosa (tal como Alfredo Marceneiro, de resto) tem uma certa aversão a estúdios de gravação e à comercialização do fado, preferindo cantar o fado entre amigos, como refere nos versos do Fado Alcochete.
Nutre uma especial paixão por Alcochete, onde tem vivido nos últimos anos. A esta vila escreveu o fado Alcochete, que costuma cantar na música do Fado da Balada, de Alfredo Marceneiro.
Foi casado com a pianista Maria João Pires, antes de casar em Loures, Santo Antão do Tojal, a 24 de julho de 1987, com Ana Maria de Castelo-Branco Gago da Camara Botelho de Medeiros (Lisboa, 27 de janeiro de 1936).
Entre 2001 e 2003, amigos e seguidores de João Ferreira Rosa tiveram ainda a oportunidade de o ouvir regularmente em ciclos de espectáculos organizados no Wonder Bar do Casino Estoril.
Entre os seus maiores sucessos podemos encontrar como casos do emblemático "Embuçado", "Triste Sorte" , "Acabou o Arraial", "Fragata" ou "Fado dos Saltimbancos". 
Em novembro de 2012 recebeu a Medalha de Mérito Municipal, grau Ouro, da a Câmara Municipal de Lisboa. João Ferreira-Rosa morreu na manhã do dia 24 de setembro de 2017, aos oitenta anos, no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Música para um dia triste





Acabou o arraial
folhas e bandeiras já sem cor
tal qual aquele dia em que chegaste
tal qual aquele dia meu amor

Para quê cantar
se longe já não ouves
o nosso canto ainda está na fonte
o nosso sonho nas estrelas do horizonte

Ainda nasce a lua nos moinhos
ainda nasce o dia sobre os montes
ainda vejo a curva do caminho
ainda os mesmos sons as mesma fontes
tu sabes meu amor não estou sozinho
pelas salas do silêncio em que te escuto
abro janelas ainda cheira a rosmaninho
vejo-me ao espelho ainda vejo luto