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terça-feira, setembro 24, 2013

Porque é preciso recordar António Ramos Rosa...

Estátua de António Ramos Rosa - Parque dos Poetas, Oeiras (imagem daqui)

Não posso adiar o amor
  
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.


in Viagem Através de uma Nebulosa (1960) - António Ramos Rosa

Poema para recordar António Ramos Rosa

(imagem daqui)

Vivi tanto

Vivi tanto
que já não tenho outra noção
de eternidade
que não seja a duração da minha vida


in Em Torno do Imponderável (2012) - António Ramos Rosa

segunda-feira, setembro 23, 2013

O poeta António Ramos Rosa já não está, fisicamente, entre nós...

António Ramos Rosa (17.10.1924 - 23.09.2013), uma vida dedicada à poesia

António Ramos Rosa na sua casa em 2004

Autor de uma das obras poéticas mais extensas e marcantes da poesia portuguesa contemporânea, António Ramos Rosa morreu esta segunda-feira aos 88 anos.

Morreu esta segunda-feira em Lisboa, aos 88 anos, o poeta e ensaísta António Ramos Rosa, um dos nomes cimeiros da literatura portuguesa contemporânea, autor de quase uma centena de títulos, de O Grito Claro (1958), a sua célebre obra de estreia, até Em Torno do Imponderável, um belo livro de poemas breves publicado em 2012. Exemplo de uma entrega radical à escrita, como talvez não haja outro na poesia portuguesa contemporânea, Ramos Rosa morreu por volta das 13h30 desta segunda-feira, em consequência de uma infecção respiratória, em Lisboa, no Hospital Egas Moniz.
Além da sua vastíssima obra poética, escreveu livros de ensaios que marcaram sucessivas gerações de leitores de poesia, como Poesia, Liberdade Livre (1962) ou A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979), traduziu muitos poetas e prosadores estrangeiros, sobretudo de língua francesa, e organizou uma importante antologia de poetas portugueses contemporâneos (a quarta e última série das Líricas Portuguesas). Era ainda um dotado desenhador.
Prémio Pessoa em 1988, António Ramos Rosa, natural de Faro, recebeu ainda quase todos os mais relevantes prémios literários portugueses e vários prémios internacionais, quer como poeta, quer como tradutor.
Já muito fragilizado, o poeta, que estava hospitalizado desde quinta-feira, teve ainda forças para escrever esta manhã os nomes da sua mulher, a escritora Agripina Costa Marques, e da sua filha, Maria Filipe. E depois de Maria Filipe lhe ter sussurrado ao ouvido aquele que se tornou porventura o verso mais emblemático da sua obra — “Estou vivo e escrevo sol” —, o poeta, conta a filha, escreveu-o uma última vez, numa folha de papel. 
Para Pedro Mexia, poeta e crítico, Ramos Rosa mostrou, nomeadamente através das revistas que dirigiu e da primeira fase da sua obra poética, “que era necessário superar a dicotomia fácil entre a poesia ‘social’ e a poesia ‘pura’, e que o trabalho sobre a linguagem não impedia o empenhamento cívico”. Como ensaísta, continua Mexia, Ramos Rosa esteve atento ao panorama europeu e mundial, de René Char a Roberto Juarroz, e aos autores portugueses das últimas décadas, incluindo os novos: “Descobri muitos poetas através de obras como Poesia, Liberdade Livre ou Incisões Oblíquas".
Autor "muitíssimo prolífico", "nunca se afastou do seu caminho pessoal, mesmo quando a abundância e a insistência numa 'poesia sobre a poesia' fizeram com que nos esquecêssemos da sua importância decisiva."
   
Uma unidade muito grande
O escritor e crítico Fernando Pinto do Amaral prefere eleger como "verdadeiramente singular" em Ramos Rosa “a atmosfera muito espacial que a sua poesia, ou melhor, os seus ciclos de poemas, são capazes de criar”. Atmosfera essa que resulta de uma “conjugação precisa de palavras”: “Isso vê-se muito bem em O Ciclo do Cavalo, de que gosto particularmente, e em Gravitações, onde se sente que há como que uma força cósmica que atrai e repele as palavras e a própria natureza”.
A ideia de respiração é, aliás, muito importante na obra deste autor, continua Pinto do Amaral, admitindo que não é fácil explicar o que dela emana, em parte porque passou por várias fases, “muito distintas”. É numa delas, mais realista, “ligada ao quotidiano e às suas burocracias”, que se insere um dos seus poemas mais conhecidos, O Boi da Paciência. “Ele, que também foi um funcionário de escritório, mostra aqui como pode ser monótona a vida e como é preciso combater a monotonia”: “Mas o homenzinho diário recomeça / no seu giro de desencontros/ A fadiga substituiu-lhe o coração”, escreve.
“Tudo está em tudo na poesia de Ramos Rosa”, “como no movimento constante de inspirar e expirar”, resume o escritor, defendendo que se trata de um poeta que precisará sempre de antologias: “Um jovem leitor que queira iniciar-se na sua poesia vai sentir-se muito facilmente perdido. Ele escreveu muito, publicou muito. Fazer antologias suas não é, no entanto, tarefa fácil, porque há uma unidade muito grande em cada livro, o que torna difícil escolher um poema em detrimento de outro”.
 
Obra lírica imensa
Nascido em Faro em 1924 — faria 89 anos a 17 de Outubro —, António Ramos Rosa frequentou ali o liceu, mas, por razões de saúde, não terminaria os estudos secundários. Uma escassez de estudos formais que a sua avidez de leitor não tardou a compensar largamente.
Trabalhou algum tempo como empregado de escritório — experiência que inspirou o célebre Poema de Um Funcionário Cansado, incluído no seu livro de estreia —, ao mesmo tempo que dava explicações de português, inglês e francês e traduzia autores estrangeiros, primeiro para a Europa-América e depois para outras editoras.
Envolveu-se, logo após o final da segunda guerra, na oposição ao salazarismo, militando no MUD Juvenil e participando em manifestações. Nos anos 50 ajudou a fundar e coordenou várias revistas literárias, incluindo Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia, nas quais colaborou com textos de crítica literária e poemas.
Embora publicasse poemas em revistas desde o início dos anos 50, o seu primeiro livro só saiu em 1958, aos 34 anos. Mas a partir desta estreia algo tardia, nunca mais deixará de editar poesia a um ritmo impressionante.
Se O Grito Claro é ainda aproximável do neo-realismo, mesmo que já com tonalidades muito peculiares, a escrita de Ramos Rosa não tarda a destacar-se quer deste movimento, quer das inevitáveis influências do surrealismo, enveredando pelo caminho de uma poesia mais elementar, deliberadamente ancorada, sobretudo nos livros iniciais, numa certa rarefacção vocabular. Uma característica que, a par da própria extensão da obra, terá ajudado a gerar o equívoco de que esta seria uma poesia monocórdica. Nada mais falso. Sem detrimento da sua consistência enquanto obra, e mesmo essa talvez mais resultante da fidelidade a um percurso do que propriamente da reincidência de tópicos obsessivos, a poesia de Ramos Rosa não só tem ciclos muito marcados como é variadíssima do ponto de vista formal e discursivo.
Bastante indiscutível é a importância de António Ramos Rosa, quer como poeta quer como crítico, para a evolução da poesia portuguesa (e do gosto dos respectivos leitores) ao longo dos anos 60 e no início da década seguinte. Na atenção à materialidade do texto, numa dimensão política que dispensava a explicitude do neo-realismo, no rigor construtivo, até numa certa contaminação filosófica, a poesia de Ramos Rosa tinha, nos anos 60, afinidades bastante óbvias com poetas como Carlos de Oliveira ou Gastão Cruz. No entanto, foi-se tornando nela cada vez mais insistente a procura de uma espécie de voz original que pudesse cantar o mundo ao mesmo tempo que o criava. E se durante algum tempo a sua poesia ainda inclui explicitamente, como um dos seus tópicos, o fracasso desse impossível retorno à origem, vai depois tornar-se, cada vez mais, um hino reconciliado e extasiado com a diversidade exultante do real, uma música que destaca a sensualidade das formas — de uma mulher, de uma planta, de um curso de água, do flanco de um cavalo, mas também das próprias palavras — ao mesmo tempo que ela própria contribui para erotizar o mundo.

Funeral na quarta-feira
Livros como O Ciclo do Cavalo (1975) ou Volante Verde (1986) costumam ser invocados, e com boas razões, como alguns dos momentos cimeiros desta imensa obra lírica. Mas há obras recentes que tiveram pouco eco crítico e são notáveis, como o criativo Nomes de Ninguém (1997), cujos poemas partem todos de nomes femininos inventados, ou As Palavras (2001), onde encontrámos um inesperado Ramos Rosa a ironizar com o modo como foi sendo lido.
Segundo informação da família, o corpo do poeta será velado terça-feira a partir das 18h30, na Capela do Rato, em Lisboa, estando prevista para as 21.30 horas uma celebração pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça. O funeral parte na quarta-feira de manhã, pelas 10.30 horas, para o Cemitério dos Prazeres, onde será sepultado no Jazigo dos Escritores.
in Público - ler notícia

quarta-feira, outubro 17, 2012

António Ramos Rosa - 88 anos

 (imagem daqui)

António Víctor Ramos Rosa (Faro, 17 de outubro de 1924), é um poeta português, ainda reconhecido como desenhador.

Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da colecção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo e também poeta Casimiro de Brito. Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que, em 1960, encerra a edição por ordem da polícia política. Fez parte do MUD Juvenil.
O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Faro.


Prémios 


  • Prémio Fernando Pessoa, da Editora Ática (Segundo Lugar ex-aequo), 1958 (Viagem através duma nebulosa)


  • Prémio Nacional de Poesia, da Secretaria de Estado de Informação e Turismo (recusado pelo autor), 1971 (Nos seus olhos de silêncio)


  • Prémio Literário da Casa da Imprensa (Prémio Literário), 1971 (A pedra nua)


  • Prémio da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo de Culturas (Prémio de Tradução), 1976 (Algumas das Palavras: antologia de poesia de Paul Éluard)


  • Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia, 1980 (O incêndio dos aspectos)


  • Prémio Nicola de Poesia, 1986 (Volante verde)


  • Prémio Jacinto do Prado Coelho, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1987 (Incisões oblíquas)


  • Prémio Pessoa, 1988


  • Grande Prémio de Poesia APE/CTT, 1989 (Acordes)


  • Prémio da Bienal de Poesia de Liége, 1991


  • Prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia traduzido em França, 1992


  • Prémio Municipal Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa (Prémio de Poesia), 1992 (As armas imprecisas)


  • Grande Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen (Prémio de Poesia), São João da Madeira, 2005 (O poeta na rua. Antologia portátil)


  • Para um amigo tenho sempre um relógio

    Para um amigo tenho sempre um relógio
    esquecido em qualquer fundo de algibeira.
    Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
    São restos de tabaco e de ternura rápida.
    É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
    É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

    in Viagem Através de uma Nebulosa (1960) - António Ramos Rosa

    terça-feira, fevereiro 14, 2012

    Poema para os nossos leitores apaixonados

    Imagem de P & M

    Não posso adiar o amor

    Não posso adiar o amor para outro século
    não posso
    ainda que o grito sufoque na garganta
    ainda que o ódio estale e crepite e arda
    sob as montanhas cinzentas
    e montanhas cinzentas

    Não posso adiar este braço
    que é uma arma de dois gumes amor e ódio

    Não posso adiar
    ainda que a noite pese séculos sobre as costas
    e a aurora indecisa demore
    não posso adiar para outro século a minha vida
    nem o meu amor
    nem o meu grito de libertação

    Não posso adiar o coração.

    in
    Viagem através de uma Nebulosa (1960) - António Ramos Rosa

    segunda-feira, outubro 17, 2011

    Poema de um funcionario cansado


    Poema de um funcionário cansado

    A noite trocou-me os sonhos e as mãos
    dispersou-me os amigos
    tenho o coração confundido e a rua é estreita
    estreita em cada passo
    as casas engolem-nos
    sumimo-nos
    estou num quarto só num quarto só
    com os sonhos trocados
    com toda a vida às avessas a arder num quarto só
    Sou um funcionário apagado
    um funcionário triste
    a minha alma não acompanha a minha mão
    Débito e Crédito Débito e Crédito
    a minha alma não dança com os números
    tento escondê-la envergonhado
    o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
    e debitou-me na minha conta de empregado
    Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
    Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
    Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
    Soletro velhas palavras generosas
    Flor rapariga amigo menino
    irmão beijo namorada
    mãe estrela música
    São as palavras cruzadas do meu sonho
    palavras soterradas na prisão da minha vida
    isto todas as noites do mundo numa só noite comprida num quarto só

    in
    O Grito Claro (1958) - António Ramos Rosa

    António Ramos Rosa nasceu há 87 anos

     (imagem daqui)
    António Víctor Ramos Rosa (Faro, 17 de Outubro de 1924), é um poeta português, ainda reconhecido como desenhador.

    Poeta e ensaísta português, natural de Faro. Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Ramos Rosa tomou o rumo para Lisboa, depois de ter passado a juventude em Faro. Na capital, vivendo intensamente a vitória dos Aliados, trabalhou no comércio, actividade que logo abandonou para se dedicar à poesia.
    Nos anos cinquenta, um dos directores das revistas Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia. Colaborou ainda com textos de crítica literária na Seara Nova e na Colóquio Letras, entre outras publicações periódicas.
    Como poeta, estreou-se na colectânea O Grito Claro (1958). Estava criado o movimento da moderna poesia portuguesa. Ramos Rosa era o poeta do presente absoluto, da «liberdade livre» e sobe todos os degraus da admiração europeia. Em Portugal é comparado com os grandes escritores nacionais. Urbano Tavares Rodrigues considerou-o como o empolgante poeta da coisas primordiais, da luz, da pedra e da água.
    Em meados dos anos sessenta, Ramos Rosa radicou-se em Lisboa, onde publicou Viagem Através Duma Nebulosa (1960). Um dos mais fecundos poetas portugueses da contemporaneidade, a sua produção reflecte uma evolução do subjectivismo, em relação à objectividade. Reflectem-se nela variadas tendências, desde certas formas experimentais até a um neobarroquismo. A sua escrita, caracterizada por uma grande originalidade e riqueza de imagens tácteis e visuais, testemunha muitas vezes uma fusão com a natureza, uma busca de unidade universal em que o humano participa e se integra no mundo, estabelecendo uma linha de continuidade entre si e os objectos materiais, numa afirmação de vida e sensualidade. Nos seus textos, está frequentemente presente uma reflexão sobre o próprio acto da escrita e a natureza da criação poética, a questão do dizível e do indizível.
    Ramos Rosa, também tradutor, escreveu dezenas de volumes de poesia, entre os quais Voz Inicial (1960), Sobre o Rosto da Terra (1961), Terrear (1964), A Constituição do Corpo (1969), A Pedra Nua (1972), Ciclo do Cavalo (1975), Incêndio dos Aspectos (1980), Volante Verde (1986, Grande Prémio de Poesia Inasset), Acordes (1989, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores), Clamores (1992), Dezassete Poemas (1992), Lâmpadas Com Alguns Insectos (1993), O Teu Rosto (1994), O Navio da Matéria (1994), Três (1995), As Armas Imprecisas (1992, Delta, Pela Primeira Vez (1996) e A Mesa do Vento (1997, primeiramente editado em França), Pátria Soberana e Nova Ficção (2000).
    Entre os seus ensaios, contam-se Poesia, Liberdade Livre (1962), A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979), Incisões Oblíquas (1987), A Parede Azul (1991) e As Palavras (2001).
    Tem recebido numerosos prémios nacionais e estrangeiros, entre os quais o Prémio Pessoa, em 1988. É geralmente tido como um dos grandes poetas portugueses contemporâneos.
    Para Ramos Rosa, escrever é, sempre, a necessidade de respirar as palavras e de às palavras fornecer o frémito do ser, os pulmões do sonho, e, com elas, criar a dádiva do poeta.
    Em 2001, o poeta lançou Antologia Poética, com prefácio e selecção de Ana Paula Coutinho Mendes.





    Não posso adiar o amor para outro século

    Não posso adiar o amor para outro século
    não posso
    ainda que o grito sufoque na garganta
    ainda que o ódio estale e crepite e arda
    sob as montanhas cinzentas
    e montanhas cinzentas

    Não posso adiar este braço
    que é uma arma de dois gumes amor e ódio

    Não posso adiar
    ainda que a noite pese séculos sobre as costas
    e a aurora indecisa demore
    não posso adiar para outro século a minha vida
    nem o meu amor
    nem o meu grito de libertação

    Não posso adiar o coração.

    António Ramos Rosa