Retrato de Alfredo Keil (1909), pintura de Félix da Costa
Alfredo Cristiano Keil (Lisboa, 3 de julho de 1850 - Hamburgo, 4 de outubro de 1907) foi um compositor, pintor, poeta, arqueólogo e colecionador de arte português. Keil é conhecido como o compositor do hino nacional português (A Portuguesa).
Vida e obra
Alfredo Cristiano Keil era filho do alfaiate Hans-Christian Keil (mais tarde João Cristiano Keil) e da alsaciana Maria Josefina Stellflug, ambos de origem alemã e radicados em Portugal.
A sua educação básica deu-se igualmente na Alemanha, berço do
romantismo. Esta foi, talvez, uma das razões pelas quais o artista
seguia a reboque das novas tendências, já estabelecidas na Europa.
Estudou desenho e música em Nuremberga, numa academia dirigida pelo pintor Wilhelm von Kaulbach e August von Kreling. Em 1870, devido à guerra Franco-Prussiana, regressa a Portugal. Em 1890, o ultimato inglês a Portugal ofereceu a Alfredo Keil a inspiração para a composição do canto patriótico "A Portuguesa", com versos de Henrique Lopes de Mendonça. A cantiga tornou-se popular em todo o país e seria mais tarde feita hino nacional de Portugal - A Portuguesa.
Pintor do romantismo, numa época em que a arte mundial ia em direção do realismo.
Músico e compositor lírico, escritor e poeta, Keil não era um pintor de
tempo integral, embora também não fosse um artista de fins-de-semana,
pois pintava regularmente e deixou centenas de quadros com impressão
fina e delicada, de excelente qualidade.
Em Portugal, a sua presença como pintor foi ofuscada pelo
brilhantismo com que se destacou na música e na poesia. Foi na música,
sobretudo, que ele obteve seu maior sucesso, havendo composto o hino
pátrio A Portuguesa. A sua mais conhecida composição, todavia, foi a Marcha Fúnebre. E, entre os livros que publicou, destaca-se «Tojos e Rosmaninhos» (poesias, 1908), obra tríplice inspirada nas lendas e tradições de Ferreira do Zêzere, concelho no qual, a partir da famosa Estalagem dos Vales (uma espécie de Barbizon Portuguesa), Keil, José Campas, José Ferreira Chaves, Teixeira Lopes, Taborda (ator), António Saúde, Simões de Almeida, o próprio rei D. Carlos I e muitos outros artistas do final do século XIX frequentavam esta paragem.
O artista morreu em Hamburgo (Alemanha) em 4 de outubro de 1907.
Como pintorEra um pintor de paisagens, mas também de interiores requintados, como o quadro Leitura de uma Carta, trazido a público em 1874 e recebido com entusiasmo,
tanto pela aristocracia ainda dominante, como pelos burgueses
endinheirados, a quem a arte singela do romantismo sensibilizava mais
fortemente.
O seu trabalho encontrou e conquistou um apreciável segmento do
mercado. Em 1890, realizou uma exposição individual em Lisboa, bastante
concorrida, na qual expôs cerca de trezentos quadros. Foi a consagração
em seu país, após o reconhecimento que lhe fora dado por outros países.
Em 1878, inscreveu-se na Exposição Internacional de Paris; em
1879, esteve no Brasil, expondo no Salão Nacional de Bellas-Artes, onde
conquistou medalha de ouro; em 1886, participou da Exposição de Madrid,
recebendo a Condecoração da Ordem de Carlos III de Espanha.
Como compositorComo compositor, ganharam destaque as óperas Donna Bianca (1888), Irene (1893) e Serrana (1899), esta considerada até então a melhor ópera portuguesa.
Alfredo compôs a música de A Portuguesa, o hino nacional, em 1891, com letra do poeta e dramaturgo Henrique Lopes de Mendonça,
aprovada em 1911, após a proclamação da República no ano anterior.
Ironicamente, ele tinha morrido exatamente três anos antes do primeiro
dia da Revolução.
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista
Serões (1901-1911).
Como escritor
Keil interessa-se também pelo colecionismo, arqueologia, etnografia e pela atividade literária. Publica Breve notícia dos instrumentos de Música antigos e modernos da Colecção Keil (em 1904), Colecções e Museus de Arte em Portugal (em 1905) e Tojos e Rosmaninhos, uma coletânea de poesias ilustrada pelo artista (em 1908).
Um Rebanho em Sintra (1898) - Alfredo Keil