Começou a escrever poesia aos onze anos de idade, mas o pai, um
engenheiro naval, temia que Anna viesse a desonrar o nome da família,
convencido de estar a adivinhar hábitos decadentes associados à vida
artística. Assim, assinou os seus primeiros trabalhos com o primeiro
nome da sua bisavó, Tatar.
Apesar do seu pai ter abandonado a família, quando Anna contava apenas
dezasseis anos, conseguiu prosseguir os seus estudos. Portanto, não
só estudou no liceu feminino de Tsarskoe Selo e no célebre Instituto
Smolnyi de
São Petersburgo, como também no Liceu Fundukleevskaia de
Kiev e numa Faculdade de Direito, em
1907.
A obra de Akhmatova compõem-se tanto de pequenos poemas líricos como de grandes poemas, como o Requiem,
um grande poema acerca do terror estalinista. Os temas recorrentes são
o passar do tempo, as recordações, o destino da mulher criadora e as
dificuldades em viver em escrever à sombra do estalinismo.
Os seus pais separaram-se em
1905. Ela casou-se com o poeta
Nikolaï Goumilev em
1910 e o filho deles, nascido em
1912, foi o historiador Lev Goumilev.
Akhmatova teve uma longa amizade com a poetisa
Marina Tsvetaeva, sua compatriota. Estas duas amigas trocaram uma correspondência poética.
Nikolaï Goumilev foi executado em
1921,
por causa de atividades consideradas anti-soviéticas; Akhmatova foi
forçada ao silêncio, não podendo a sua poesia ser publicada de
1925 a
1952 (excetuando-se o período de
1940 a
1946). Excluída da vida pública, vivendo de uma irrisória pensão e forçada a ir fazendo traduções de obras de escritores como
Victor Hugo e
Rabindranath Tagore, Akhmatova começou, após a morte de Estaline, em
1953, a ser reabilitada, tendo-lhe sido autorizada uma viagem a
Itália, para receber o prémio literário Taormina, e a
Oxford, para receber um título honorário, em
1965.
Na generalidade, a sua obra é caracterizada pela aparente simplicidade e naturalidade e pela precisão e clareza da sua escrita.
Do ciclo os mistérios do ofício
Não me importa o exército das odes,
Nem o jogo torneado da elegia.
Nos versos, tudo é fora de propósito.
Não como entre as pessoas, – me dizia.
Saibam vocês, o verso, é do monturo
Que eles se alenta, sem vexame disso,
Como um dente-de-leão pegado ao muro,
Anserina, bardana, erva-de-lixo.
Grito de zanga, um travo de alcatrão,
Um bolor misterioso que esverdinha…
E eis o verso, furor e mansidão,
Para alegria de vocês e minha.
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