Ribeira de Santa Luzia transbordando para a Rua 5 de outubro
O temporal na ilha da Madeira em 2010 foi uma sequência de acontecimentos iniciados por forte precipitação durante a madrugada do dia 20 de fevereiro, seguida por uma subida do nível do mar. Estes acontecimentos provocaram inundações e derrocadas ao longo das encostas da ilha, em especial na parte sul.
Causas
Na origem do fenómeno esteve um sistema frontal de forte atividade associado a uma depressão que se deslocou a partir dos Açores, segundo o Instituto de Meteorologia. O choque da massa de ar polar com a tropical deu origem a uma superfície frontal, que aliada à elevada temperatura da água do oceano acelerou a condensação,
causando uma precipitação extremamente elevada num curto espaço de
tempo. A orografia da ilha contribuiu para aumentar os efeitos da
catástrofe. É possível que, aliado a valores de precipitação recorde,
erros de planeamento urbanístico, tais como o estreitamento de leitos
das ribeiras e a construção legal ou ilegal dentro ou muito próximo dos
cursos de água, bem como falta de limpeza e acumulação de lixo nos
leitos de ribeiras de menor dimensão tenham tornado a situação ainda
mais grave.
Efeitos
A parte baixa da cidade do Funchal foi inundada e a circulação viária foi impedida por pedras e troncos de árvore arrastados pelas ribeiras de São João, Santa Luzia e João Gomes. Na freguesia do Monte,
a capela de Nossa Senhora da Conceição, ao Largo das Babosas, foi
levada pela força das águas, junto com algumas das residências vizinhas.
Alguns populares conseguiram salvar a imagem da virgem e vários
ornamentos.
Atualmente foram confirmados cerca de 47 mortos, 600 desalojados e 250 feridos. O Curral das Freiras esteve acessível, embora com acesso condicionado. A freguesia da Serra de Água, a montante da Ribeira Brava,
esteve completamente inacessível. Eram evidentes os sinais de
destruição provocados pelas enxurradas, com as zonas altas do concelho
do Funchal e, também, no concelho da Ribeira Brava a serem as mais afetadas.
A quantidade de água que caiu no dia 20 de fevereiro de 2010 sobre a Ilha da Madeira, em particular no Pico do Areeiro,
foi o valor mais alto jamais registado em Portugal. Neste cume, o
segundo mais alto da ilha, foram registados 185 litros por metro
quadrado, sendo que os valores mais altos registados em Portugal até à
altura não chegavam aos 120. O Funchal, com uma média anual de 750 l/m²
registou em poucas horas 114 l/m² de precipitação.
Deposição dos inertes trazidos pela aluvião junto do cais do Funchal
Salvamento, limpeza e apoio às vítimas
O elevado número de vítimas transformou este evento na pior catástrofe da história da Madeira em mais de dois séculos. O governo nacional ponderou decretar estado de emergência. O governo autónomo da região, coordenou os salvamentos e a limpeza e deu abrigo às centenas de desalojados.
Rui Pereira, ministro da Administração Interna
de Portugal, enviou à Região equipas de socorro no dia 21, que
incluíam 4 militares da equipa cinotécnica de busca e Salvamento do
Grupo Intervenção Cinotécnico da GNR. Sendo a única equipa cinotécnica
em Portugal com larga experiência em cenários de catástrofe quer a
nível nacional e internacional para resgate de possíveis sobreviventes
nos escombros, assim como seis mergulhadores da Força Especial de
Bombeiros, para ajudar na busca de cadáveres perdidos no mar, e cinco
médicos do Instituto de Medicina Legal, para auxiliar nas autópsias.
Destacado foi também um pelotão do Corpo de Intervenção da PSP que
auxiliou em buscas e salvamento, bem como na salvaguarda e vigilância de
pessoas e bens na abaixa funchalense. Enviou também pontes militares e
um corpo de 15 elementos das Forças Armadas Portuguesas, para
restabelecer as comunicações viárias nos locais afetados. A fragata Corte-Real chegou à ilha da Madeira com meios humanos e materiais para auxiliarem nas buscas.
O primeiro-ministro português, José Sócrates, deslocou-se na noite de dia 20 ao Funchal, numa visita de solidariedade. O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, expressou igualmente as suas condolências, visitando a Região no dia 24 de fevereiro de 2010.
O governo português declarou a observância de três dias de luto nacional.
in Wikipédia
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