terça-feira, outubro 17, 2023

António Ramos Rosa nasceu há 99 anos...

(imagem daqui)

 

António Vítor Ramos Rosa (Faro, 17 de outubro de 1924Lisboa, 23 de setembro de 2013), foi um poeta, tradutor e desenhador português.

   
Biografia

António Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da coleção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo, e também poeta, Casimiro de Brito. Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que em 1960 encerra a edição, por ordem da polícia política.
Foi um dos fundadores da revista de poesia Árvore, existente entre 1951 e 1953, e fez parte do MUD Juvenil.
A 10 de junho de 1992 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 9 de junho de 1997 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Faro. Em 2003, a Universidade do Algarve, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.

   

 

A Partir da Ausência 

Imaginar a forma
doutro ser Na língua,
proferir o seu desejo
O toque inteiro

Não existir

Se o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro

Um muro vivo preso a mil raízes

Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez una
onde começo

Era com o sol E era
um corpo

Onde agora a mão se perde
E era o espaço

Onde não é

O que resta do corpo?
Uma matéria negra e fria?
Um hausto de desejo
retém ainda o calor de uma sílaba?

As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas,
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema
    


in A Nuvem Sobre a Página (1978) - António Ramos Rosa

2 comentários:

Manuel M Pinto disse...

Alexandre Cabral nasceu em Lisboa a 17 de outubro de 1917.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, foi investigador, historiador de literatura, ensaísta e ficcionista. Revelou-se desde muito cedo um escritor consciente da sua condição e um estudioso da história cultural e social do séc. XX, sem a qual a compreensão do neorrealismo fica comprometida.
Intelectual empenhado na luta pela democracia, foi militante do Partido Comunista Português desde muito jovem, o que lhe valeu passar pelos cárceres do fascismo.
Como ficcionista estreou-se em 1937 com as obras Cinzas da Nossa Alma e Parque Mayer em Chamas. O Sol Nascerá um Dia, publicado em 1942, marca claramente a sua sintonia com o neorrealismo em desenvolvimento. Entre 1947 e 1953 escreve Contos da Europa e da África (1947); Terra Quente (1953) e Histórias do Zaire (1956), que documentam ficcionalmente a sua estadia em África. Destacamos ainda Fonte da Telha (1949); Malta Brava (1955), que resulta das vivências nos Pupilos do Exército, experiência que o marcou para toda a vida; e Memória de um Resistente (1970), que constitui um importante contributo para uma ´biografia do neorrealismo´.
A sua dedicação como estudioso e investigador da obra Camiliana, a que consagrou uma grande parte da sua vida, e culminou no importante Dicionário de Camilo Castelo Branco, em 1989, dita-o como um dos maiores especialistas daquele autor português. O seu trabalho em redor da obra camiliana levanta a questão do realismo e dos novos realismos e do seu objetivo comum, despertar consciências sociais, o que também aproxima a geração neorrealista da ´Geração de 70'.
Além de uma vasta colaboração, com contributos regulares em jornais, revistas e periódicos, dedicou-se também à atividade de tradutor e de prefaciador de obras de inúmeros autores portugueses.
Faleceu em Lisboa a 21 de novembro de 1996.
Fonte:
https://www.museudoneorealismo.pt/acervo/espolios-literarios/alexandre-cabral-20

Fernando Martins disse...

Obrigado pela sugestão - publicámos um post a recordar a recordar o 106º aniversário do escritor...