Bandeira da Exposição
A Exposição do Mundo Português (23 de junho de 1940 - 2 de dezembro de 1940) foi um evento realizado em Lisboa na época do Estado Novo, com o propósito de comemorar simultaneamente as datas da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640), constituiu-se na maior de seu género realizada no país até à Expo 98.
A exposição foi inaugurada em 23 de junho de 1940 pelo Chefe de Estado, Marechal Carmona, acompanhado pelo Presidente do Conselho, Oliveira Salazar e pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco.
Os responsáveis pelo evento foram Augusto de Castro (Comissário-Geral), Sá e Melo (Comissário-Geral-Adjunto), José Leitão de Barros (Secretário-Geral) e Cottinelli Telmo (Arquiteto-Chefe), que incluía pavilhões temáticos relacionados com a história de Portugal, suas atividades económicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos. Incluía ainda um pavilhão do Brasil, único país estrangeiro convidado.
O evento levou a uma completa renovação urbana da zona ocidental de Lisboa. A sua praça central deu origem à Praça do Império, uma das maiores da Europa. A maioria das edificações da exposição foi demolida ao seu término, restando apenas algumas como o atual Museu de Arte Popular e o Monumento aos Descobrimentos
(reconstrução, com base no original, de madeira). A exposição levou
também à construção de outras infraestruturas de apoio, como o Aeroporto da Portela.
Situada entre a margem direita do rio Tejo e o Mosteiro dos Jerónimos,
ocupava cerca de 560 mil metros quadrados. Centrada no grande
quadrilátero da Praça do Império, esta era definida lateralmente por
dois grandes pavilhões, longitudinais e perpendiculares ao Mosteiro: o
Pavilhão de Honra e de Lisboa (de Luís Cristino da Silva), e do outro lado, o Pavilhão dos Portugueses no Mundo (do próprio Cottinelli Telmo).
Perto do rio, atravessando-se a linha férrea através de uma passarela
monumental de colossais cruzados (a Porta da Fundação), encontrava-se a
Secção Histórica, (Pavilhão da Formação e Conquista, da Independência, Pavilhão dos Descobrimentos
e a Esfera dos Descobrimentos). Do outro lado, situava-se o Pavilhão
da Fundação, o Pavilhão do Brasil – país convidado para tal efeito - e o
Pavilhão da Colonização. Atravessando o Bairro Comercial e Industrial,
chega-se perto do Mosteiro dos Jerónimos,
à entrada da Secção Colonial. No canto precisamente oposto, um Parque
de Atrações fazia a delícia dos mais novos. Descendo em direção ao
rio, e para além do Pavilhão dos Portugueses no Mundo, a Secção de Etnografia Metropolitana, com o seu Centro Regional, contendo representações das Aldeias Portuguesas e os Pavilhões de Arte Popular. Por trás deste último pavilhão, encontrava-se o Jardim dos Poetas e o Parque Infantil. À frente do Tejo, com as suas docas, um Espelho de Água com um restaurante abria o caminho para o Padrão dos Descobrimentos e para a Nau Portugal.
De todas estas obras, algumas se destacaram e perduram na memória da
atualidade. O Pavilhão da Honra e de Lisboa recebeu as melhores
opiniões da crítica. Com 150 metros de comprimento por 19 de altura, e
com a sua torre de 50 metros, este pavilhão demonstrava perfeitamente o
ideal arquitetónico que o Estado Novo tentava impor, tal como os
outros regimes totalitários impunham na Europa. Do Pavilhão dos
Portugueses no Mundo, com um risco “simples”, destacava-se sobretudo a
possante estátua da Soberania, esculpida por Leopoldo de Almeida
– a imagem de uma severa mulher couraçada, segurando a esfera armilar e
apoiada num litor legendado com as partes do Mundo, em caracteres
góticos.
O Padrão dos Descobrimentos, vindo dos esforços de Cottinelli e de
Leopoldo de Almeida, mostrava a verdadeira importância dos
descobrimentos na História portuguesa. Constituído por diversas figuras
históricas, o Infante D. Henrique destacava-se na sua proa, como
timoneiro de todo o projeto expansionista português. De facto, o padrão
original, construído em estafe sobre um esqueleto de madeira, teve um
triste fim. É de notar que a figura ficou tão presente no imaginário
nacional, que o monumento foi reconstruido em 1965, mas desta vez em
pedra, e ainda hoje se mantém nas margens do Tejo.
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