Um
eclipse solar total de relevância histórica ocorreu em
29 de maio de 1919. Com uma duração máxima de 6 minutos e 51 segundos, foi um dos mais longos eclipses solares do
Século XX. Foi visível na maior parte da
América do Sul e
África na forma de um eclipse parcial. Foi o eclipse número 32 da Série 136 e teve magnitude de 1.0719.
Em princípio mais um mero eclipse que em pouco iria diferir de outros, o
Eclipse solar de 29 de maio de 1919
acabou por se tornar um dos mais famosos, não por sua duração acima da
média, mas sim em virtude dos resultados científicos obtidos a partir
da observação desse fenómeno. Graças a fotografias tiradas durante o
evento, foi possível estabelecer uma das primeiras constatações
experimentais da veracidade da
Teoria da Relatividade Geral de
Albert Einstein.
Em virtude do contexto histórico, o evento foi observado com muita expectativa e precisão por várias equipas ligadas à
Royal Astronomical Society. Uma delas, sob a direção de
Andrew Crommelin, observou-o de
Sobral, no
Ceará; outra, chefiada por
Arthur Eddington, dirigiu-se para a
Ilha do Príncipe,
localizada na costa atlântica da África. Esses locais foram escolhidos
pelas equipas pois em princípio iriam oferecer as melhores condições
para a observação do fenómeno.
A equipe que se dirigiu à Ilha do Príncipe teve os seus trabalhos
prejudicados devido ao mau tempo. No momento do eclipse o céu estava
nublado, e com isso, apenas uma das várias fotografias tiradas
apresentou imagem de estrelas com valor científico. A equipe liderada
por Crommelin em Sobral contou com sorte bem maior, e as suas imagens do
fenómeno foram fundamentais para corroborar os resultados já
satisfatórios previamente oriundos da fotografia tirada por Eddington.
Em Sobral, a tempestade lavara a atmosfera e esta dissipara-se por completo a tempo, permitindo excelentes fotografias do eclipse.
As equipas fotografaram estrelas cujos raios luminosos que atingiam a
Terra passaram bem próximos do
Sol, e confirmaram a predição feita por
Albert Einstein: analisados os negativos das fotografias, foi possível concluir que as
estrelas não ocupavam as suas
posições habituais então esperadas
no firmamento, encontrando-se nas fotografias ligeiramente
deslocadas, em valores que, frente à precisão experimental, eram em
muito compatíveis com os previstos pelos cálculos baseados na teoria da
relatividade. A partir desses resultados, os pesquisadores deduziram
que os raios luminosos oriundos dessas estrelas realmente sofreram
desvios das esperadas trajetórias retilíneas; sendo por tal a luz
realmente influenciada pela presença de um campo gravitacional, o do
Sol no caso.
O sucesso oriundo dessas observações causou a aceitação da
teoria da relatividade geral
pela comunidade científica internacional e fez de Albert Einstein
definitivamente uma celebridade mundial. Igualmente, inseriu o referido
eclipse e as respectivas localidades de forma espera-se que definitiva
nos anais da história da ciência.
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