segunda-feira, janeiro 30, 2023

O vergonhoso Domingo Sangrento foi há cinquenta e um anos...

O Padre Edward Daly (futuro Bispo católico de Derry) com uma bandeira branca manchada de sangue, tentando levar Jackie Duddy, ferido de morte
      
Domingo Sangrento (em gaélico: Domhnach na Fola, Bloody Sunday, em inglês) foi um confronto entre manifestantes católicos e protestantes, e o exército inglês ocorrido na cidade de Derry, na Irlanda do Norte, no dia 30 de janeiro de 1972. O movimento teve início com um protesto de dez mil manifestantes que pretendiam, saindo do bairro de Creggan em marcha pelas ruas católicas da cidade, chegar até a Câmara Municipal. Antes disso, entretanto, os soldados ingleses partiram para ofensiva e disparam contra os manifestantes, deixando 14 ativistas católicos mortos e 26 feridos.
Das catorze vítimas mortas, seis eram menores de idade e um sétimo ferido faleceu meses depois do incidente. Todas as vítimas estavam desarmadas e cinco delas foram alvejadas pelas costas. Os manifestantes protestavam contra a política do governo norte-irlandês de prender sumariamente pessoas suspeitas de atos terroristas. O incidente, que entrou para a história da ilha, era para apoiar o Exército Republicano Irlandês, o IRA, uma organização clandestina que lutava pela separação da Irlanda do Norte da Grã-Bretanha e posterior união com a República da Irlanda. Após o "Domingo Sangrento", o IRA ganhou um número enorme de jovens voluntários, dando força ainda maior a esse movimento de guerrilha. Em memória da data, foi feita a canção "Sunday Bloody Sunday!" em 1983, pela banda irlandesa U2. Paul McCartney também tratou do incidente, na canção "Give Ireland Back To The Irish", lançada em compacto com a sua então nova banda, os Wings, em fevereiro de 1972.
Duas investigações foram realizadas pelo Governo britânico. O Widgery Tribunal, realizada no rescaldo do evento, ilibou em grande parte os soldados britânicos e as autoridades da responsabilidade, mas foi criticado por muitos como um "branqueamento" do incidente, incluindo pelo antigo chefe de equipa de Tony Blair, Jonathan Powell. O Inquérito Saville, iniciado em 1998 para analisar os acontecimentos novamente (presidida por Lord Saville de Newdigate), apresentou um relatório, em 2010,  que mostrava que os soldados e autoridades do Reino Unido procederam de forma errada, levando à apresentação de desculpas às famílias das vítimas por parte do Primeiro Ministro do Reino Unido.
O Exército Republicano Irlandês (IRA) iniciara a sua campanha contra a Irlanda do Norte ser uma parte do Reino Unido havia dois anos antes do Bloody Sunday, mas a interpretação do evento impulsionaram enormemente o recrutamento e o apoio à organização.
O Bloody Sunday continua entre os mais importantes eventos dos apelidados Troubles da Irlanda do Norte, principalmente devido ao facto de ter sido levado a cabo pelo exército britânico.
    

 

   

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