Nascido no
Brasil, filho de imigrantes portugueses, veio aos dois anos para
Portugal. A família fixa-se em
Cantanhede, mais precisamente na vila de
Febres, onde o pai exercia
medicina. Em
1933 muda-se para
Coimbra, onde permanece durante quinze anos, a fim de prosseguir os estudos. Em
1941 ingressa na
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde estabelece amizade com
Joaquim Namorado, João Cochofel e
Fernando Namora. Em
1947 licencia-se em Ciências Histórico-Filosóficas, instalando-se definitivamente em
Lisboa, no ano seguinte. Periodicamente volta a Coimbra e à
Gândara. Em
1949 casa-se com Ângela, jovem madeirense que conhecera nos bancos da Faculdade, sua companheira e futura colaboradora permanente.
Data de
1942
o seu primeiro livro de poemas, intitulado "Turismo", com ilustrações
de Fernando Namora e integrado na coleção poética de 10 volumes do
"Novo Cancioneiro", iniciativa coletiva que, em Coimbra, assinalava o
advento do movimento neo-realista. Porém, em
1937, já publicara em conjunto com
Fernando Namora e
Artur Varela, amigos de juventude, um pequeno livro de contos "
Cabeças de Barro". Em
1943 publica o seu primeiro romance, "Casa na Duna", segundo volume da coleção dos
Novos Prosadores (1943), editado pela
Coimbra Editora. No ano de
1944
surge o romance "Alcateia", que viria a ser apreendido pelo regime. No
entanto é desse mesmo ano a segunda edição de "Casa na Duna".
Em
1945
publica um novo livro de poesias, "Mãe Pobre". Os anos seguintes serão,
para Carlos de Oliveira, bem profícuos quanto à integração e afirmação
no grupo que veicula e espera por um novo humanismo, com a
participação nas revistas
Seara Nova e
Vértice, além da colaboração no livro de
Fernando Lopes Graça "Marchas, Danças e Canções", uma antologia de vários poetas, musicadas pelo maestro.
Em
1953 publica "
Uma Abelha na Chuva", o seu quarto romance e, unanimemente reconhecido, uma das mais importantes obras da literatura portuguesa do
século XX, tendo sido integrado no programa da disciplina de português no ensino secundário.
Em
1976
reúne toda a sua poesia em dois volumes, sob o título de "Trabalho
Poético", juntando aos seus poemas anteriores, os inéditos reunidos em
"Pastoral", publicado autonomamente no ano seguinte.
O seu último romance, "Finisterra", sai em
1978, tendo como fundo a paisagem
gandaresa. A obra proporciona-lhe o
Prémio Cidade de Lisboa, no ano seguinte.
Morre na sua casa em Lisboa, com 60 anos, incompletos.
Acusam-me de Mágoa e Desalento
Acusam-me de mágoa e desalento,
como se toda a pena dos meus versos
não fosse carne vossa, homens dispersos,
e a minha dor a tua, pensamento.
Hei-de cantar-vos a beleza um dia,
quando a luz que não nego abrir o escuro
da noite que nos cerca como um muro,
e chegares a teus reinos, alegria.
Entretanto, deixai que me não cale:
até que o muro fenda, a treva estale,
seja a tristeza o vinho da vingança.
A minha voz de morte é a voz da luta:
se quem confia a própria dor perscruta,
maior glória tem em ter esperança.
in Mãe Pobre - Carlos de Oliveira
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