Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora
tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube
transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização, feminilidade e panteísmo.
(...)
Florbela tentou o suicídio por duas vezes mais, em outubro e novembro de 1930, na véspera da publicação da sua obra-prima, Charneca em Flor.
Após o diagnóstico de um edema pulmonar, a poetisa perdeu
definitivamente a vontade de viver. Não resistiu à terceira tentativa
do suicídio. Faleceu em Matosinhos, no dia do seu 36º aniversário, a 8
de dezembro de 1930. A causa da morte foi uma sobredose de barbitúricos.
A poetisa teria deixado uma carta confidencial com as suas últimas
disposições, entre elas, o pedido de colocar no seu caixão os restos do
avião pilotado pelo seu irmão Apeles, quando sofreu o acidente. O corpo dela jaz,
desde 17 de maio de 1964, no cemitério de Vila Viçosa, a sua terra natal.
Leia-se a quadra desse "admirável soneto que é o seu voo quebrado e que principia assim":
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,Como adormece a noite pelo outono,Fecha os olhos, simples, docemente,Como à tarde uma pomba que tem sono…
in Wikipédia
Perdi os Meus Fantásticos Castelos
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Florbela Espanca
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