O Coliseu dos Recreios é uma sala de espectáculos polivalente, situada em São José, Lisboa, construída de raiz e inaugurada em 14 de agosto de 1890, com a opereta “Boccaccio”, de Franz von Suppé, interpretada pela companhia Caracciolo, quando ainda não estavam terminados todos os trabalhos da sua construção.
Quatro empresários arrojados (o solicitador José Frederico Ciríaco, o
professor de filosofia Pedro António Monteiro, o dono de armazéns
António Caetano Macieira e o comerciante de carnes João Baptista G. de
Almeida), conceberam edificar o maior dos edifícios cobertos que
houvesse no mundo no campo dos espectáculos, e cuja lotação
ultrapassaria os 4.000 lugares.
A partir de 1888, os custos elevados da construção original foram
necessariamente cobertos com recurso a uma subscrição pública. Tão
grande era a vontade dos quatro elementos promotores e tão grande o
entusiasmo que nos demais interessados souberam criar, que conseguiram
recolher o montante suficiente, tendo o próprio rei D. Carlos se tornado accionista.
Tendo o contributo de artistas estrangeiros, o Coliseu dos Recreios foi
inovador na introdução da arquitectura do ferro, ainda incipiente em
Portugal, através da espectacular cúpula em ferro, colocada sobre um
octógono em alvenaria, à maneira de uma parábola cúbica com lanterna de
8 m de diâmetro, maior de todas as demais na terra, com 25 metros de
raio, diâmetro de 48,68 metros e o peso de 100 toneladas, vinda da
Alemanha, encomendada à firma Hein Lehmann e C.ª.
O telhado, também em ferro foi instalado em 1889, da responsabilidade
do engenheiro Lacombe. O traço da obra deveu-se aos engenheiros
Francisco Goulard, pai e filho (engenheiros franceses), e aos
portugueses Manuel Garcia Júnior, Frederico Ressano Garcia, M. Gouveia
Júnior e Xavier Cordeiro; a construção metálica coube a Castanheira das
Neves. Do arquitecto Cesare Ianz é o projecto da fachada do edifício,
última parte concluída, de três pisos, com motivos decorativos em
reboco e algumas carrancas, que lhe conferem e aumentam a
grandiosidade. Na fase final, foi dada rédea livre ao maior dos
cenógrafos lisboetas, Eduardo Machado, para que procedesse a uma
decoração em beleza e pusesse a funcionar o palco. Com 40 m de
profundidade, 18 de largura, uma teia em madeira e maquinismos manuais.
O Coliseu dos Recreios assumiu-se sempre como uma sala de espectáculos
popular, estabelecendo preços baixos e apresentando espectáculos de
diversos tipos, entre os quais a ópera (poucos anos antes, em 1887,
tinha aberto ao público um outro Coliseu, na Rua da Palma, no qual
também funcionaram companhias de ópera mas que teve uma vida muito mais
efémera). O Coliseu evidenciou-se especialmente no campo da ópera
durante a I república, constituindo então uma alternativa ao S.
Carlos: em dezembro de 1916 estreou-se uma companhia, organizada por
Ercole Casali, da qual faziam parte Elvira de Hidalgo e Tito Schipa, e a
partir daí cantaram no Coliseu nomes como Alfredo Kraus, Antonietta
Stella, Carlo Bergonzi, Elena Suliotis, Fiorenza Cossotto, Joan
Sutherland, Piero Cappuccilli, Tito Gobbi ou Tomás Alcaide. Entre 1959 e
1981 os espectáculos líricos passaram a ser organizados em colaboração
com o S. Carlos, oferecendo a possibilidade de ouvir algumas das
grandes vozes que vinham a Lisboa por preços acessíveis.
Objeto de obras de remodelação entre 1992 e 1994, o Coliseu foi
reaberto em 26 de fevereiro de 1994 com um concerto que assinalou o
início dos acontecimentos culturais da “Lisboa 94”.
Tem uma lotação de 2.846 lugares em disposição de plateia sentada, ou 5.672 em disposição de plateia em pé.
in Wikipédia
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