Jonas Malheiro Savimbi (Munhango, Moxico, 3 de agosto de 1934 - Lucusse, Moxico, 22 de fevereiro de 2002) foi um político e guerrilheiro angolano e líder da UNITA durante mais de trinta anos.
Tendo, em conjunturas diversas, tido o apoio dos governos dos Estados Unidos da América, da República Popular da China, do regime do apartheid da África do Sul, de Israel, de vários líderes africanos (Félix Houphouët-Boigny da Costa do Marfim, Mobutu Sese Seko do Zaire, do rei Hassan II de Marrocos e Kenneth Kaunda da Zâmbia) e mercenários de Portugal, Israel, África do Sul e França, Savimbi passou grande parte de sua vida a lutar primeiro contra a ocupação colonial portuguesa e, depois da independência de Angola, contra o governo Angolano que era apoiado, em termos militares e outros, pela então União Soviética, por Cuba e pela Nicarágua sandinista.
Nascimento e estudos
Savimbi nasceu a 3 de agosto de 1934, em Munhango, uma pequena localidade na província Moxico, de pais originários de Chilesso, na província Bié, pertencentes ao grupo Bieno da etnia Ovimbundu. O pai de Savimbi era funcionário do Caminho de Ferro de Benguela e também pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola
(IECA). Jonas Savimbi passou a sua juventude em Chilesso, onde
frequentou o ensino primário e parte do ensino secundário em escolas da
IECA. Como naquele tempo os diplomas das escolas protestantes não eram
reconhecidos, repetiu a parte secundária no Huambo, numa escola católica mantida pela ordem dos Maristas. A seguir ganhou uma bolsa de estudos providenciada pela IECA nos Estados Unidos da América para concluir o ensino secundário e estudar medicina em Portugal.
Em Lisboa concluiu de facto o ensino secundário, com a excepção da
matéria "Organização Política Nacional", obrigatória durante o Salazarismo,
não chegando por isso a iniciar os estudos universitários. Entretanto
tinha tomado contacto com um grupo de estudantes angolanos que, em
Lisboa, propagavam em segredo a descolonização e discutiam a fundação de
uma organização de luta anticolonial. Perante a ameaça de uma
repressão por parte da PIDE, a polícia política do regime, Jonas Savimbi refugiou-se na Suíça,
valendo-se de contactos obtidos por intermédio da IECA que, inclusive,
lhe conseguiu uma segunda bolsa. Como a Suíça reconheceu os seus
estudos secundários como completos, iniciou os estudos em ciências
sociais e políticas, em Lausana e Genebra, obtendo provavelmente um diploma nestas matérias. Savimbi aproveitou a sua estadia na Suíça para aperfeiçoar o seu domínio do inglês e do francês, línguas que chegou a falar fluentemente.
Trajectória política
Posicionamento na guerra anticolonial
No início dos anos 1960, Savimbi saiu da Suíça para juntar-se à Guerra de Independência de Angola, entretanto iniciada pela UPA (posteriormente FNLA) e pelo MPLA. Tentando primeiro, sem sucesso, obter uma posição de liderança no MPLA, ingressou a seguir na FNLA que operava a partir de Kinshasa e onde passou a fazer parte da direcção. Como a FNLA beneficiava na altura do apoio da China,
Savimbi teve naquele país uma formação militar adaptada a condições de
guerrilha. Logo a seguir saiu da FNLA para formar o seu próprio
movimento, a UNITA. Este teve desde o início como principal base social os Ovimbundu, a etnia de origem de Savimbi, e a mais numerosa de Angola, em contraste com a FNLA, enraizada entre os Bakongo, e o MPLA cuja base original eram os Ambundu bem como boa parte dos "mestiços" e uma minoria da população portuguesa local, oposta ao regime colonial.
A UNITA desenvolveu entre 1966 e 1974 acções relativamente limitadas no
Leste de Angola, mas em contrapartida conseguiu uma significativa
penetração política clandestina entre os Ovimbundu, contando para o
efeito com o apoio de boa parte dos catequistas da IECA.
Papel no processo de descolonização
Na sequência da Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura de Salazar, Portugal anunciou, em abril de 1974,
a sua intenção de abdicar das suas colónias. Em Angola, os três
movimentos anticoloniais iniciaram de imediato entre eles uma luta pela
conquista do poder. Embora a UNITA fosse à partida o movimento mais
fraco, Jonas Savimbi decidiu lançar-se na corrida, confiando na sua base
social e nos seus apoios externos.
Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo Zaire e pela África do Sul,
obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um certo
apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação
mudou radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do
MPLA, com o suporte logístico da União Soviética. Na data marcada para a
independência, a 11 de novembro de 1975, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a independência em Luanda sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.
Face a esta constelação, Jonas Savimbi fez uma aliança com a FNLA;
juntos, os dois movimentos declararam, na mesma data, a independência de
Angola no Huambo
e formaram um governo alternativo com sede nesta cidade. Porém, as
forças conjuntas do MPLA e de Cuba conquistaram rapidamente a parte
maior da metade austral de Angola. O governo FNLA/UNITA, que não havia
sido reconhecido por nenhum país, dissolveu-se rapidamente. A FNLA
retirou-se por completo do território angolano e desistiu de qualquer
oposição armada contra o MPLA. Em contrapartida, Jonas Savimbi decidiu
não abandonar a luta e, a partir de bases no Leste e Sudeste de Angola,
começou de imediato uma guerra de guerrilha contra do governo do MPLA -
desencadeando assim uma guerra civil que só terminaria com a sua morte.
Protagonista da Guerra Civil
Em 1992,
aquando das primeiras eleições em Angola, Savimbi participou sendo o
seu partido, a UNITA, derrotado nas eleições legislativas. Ao não
aceitar o resultado das mesmas, optou novamente pelo caminho da guerra,
perpetuando a guerra civil. Quanto à eleição presidencial, a segunda
volta não se realizou devido ao recomeço do conflito armado.
Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca,
depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças,
com o objectivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de
paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e
adiamentos. Nesse período, muitos membros da UNITA deslocaram-se para
Luanda e integraram o Governo de Unidade Nacional, no entanto dissidências internas separaram o braço armado do braço politico surgindo dessa forma a UNITA renovada, onde Jonas Savimbi não se sentia representado, rompendo com os acordos de paz e retornando, novamente, ao caminho da guerra.
Morreu a 22 de fevereiro de 2002, perto de Lucusse na província do Moxico, após uma longa perseguição efectuada pelas Forças Armadas Angolanas.
in Wikipédia
NOTA: a morte de Savimbi acabou com a Guerra Civil Angolana (e com alguns proveitos para um partido político português agora no poder...) mas gerou um monopólio do MPLA, com as consequências financeiras para a nomenklatura desse partido por nós infelizmente bem conhecidas...
E, já agora, foi vergonhosa a exibição de Savimbi, como troféu de caça, já depois de morto:
(imagem daqui)
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