(imagem daqui)
Salvador Puig Antich (Barcelona, 30 de maio de 1948 - Barcelona, 2 de março de 1974) foi um anarquista catalão, ativo durante a década de 1960 e começo de 1970. Foi executado no garrote vil pelo regime franquista depois de ser julgado por um Tribunal Militar e considerado culpado pela morte de um guarda civil em Barcelona.
Família
Filho de uma família de trabalhadores da classe média, Salvador era o
terceiro de seis irmãos. O seu pai, Joaquim Puig, tinha sido militante
na organização Ação Catalã durante a Segunda República. Exilado na França no campo de refugiados de Argelès, foi condenado à morte quando regressou à Catalunha, recebendo um indulto no último momento.
Juventude
O jovem Salvador começou a estudar no colégio La Salle Bonanova
até ser expulso por indisciplina. A partir dos dezasseis anos conciliava
o trabalho numa oficina com os estudos noturnos no Instituto
Maragall, onde tornou-se amigo de Xavier Garriga e dos irmãos Solé Sugranyes (Oriol e Ignasi), todos eles futuros companheiros do MIL (Movimento Ibérico de Libertação).
Os episódios de maio de 68 e a morte do estudante Enrique Ruano na Direção Geral de Segurança em 1969
foram decisivos para que Puig Antich decidisse envolver-se na luta
contra a ditadura franquista. A sua primeira militância deu-se nas Comissões Trabalhadoras
tomando parte na Comissão de Estudantes do Instituto Maragall,
prontamente revolucionando esta organização com base nas teorias
anarquistas que rechaçavam qualquer forma de vanguardismo e hierarquia
dentro das organizações políticas e sindicais na luta da classe
trabalhadora em favor da sua emancipação.
Depois de ingressar na Universidade, no curso de Ciências Económicas, faz o serviço militar em Ibiza,
onde trabalha na enfermaria do quartel. Uma vez terminada a
licenciatura, incorpora-se na nova organização MIL, integrando o seu
braço armado. Participa das ações do grupo (geralmente assaltos a
bancos) como motorista. Os recursos levantados através dos assaltos são
destinados ao financiamento de publicações clandestinas do grupo e
também para ajudar as famílias dos grevistas e trabalhadores detidos.
Puig Antich e seus companheiros movem-se com facilidade no mundo da luta clandestina, viajando pelo sul da França onde se relacionam com velhos militantes do CNT.
Em agosto de 1973,
o grupo reúne-se na França para celebrar o Congresso de
Autodissolução do MIL. No mês seguinte, após um assalto ao escritório
da Caixa em Bellver de Cerdanya tem início uma forte ofensiva policial contra os militantes do MIL.
Primeiro são presos Oriol Solé Sugranyes e Josep Lluís Pons Llobet, e, em seguida Santi Soler
que, detido, interrogado e torturado, acaba por entregar os pontos de
encontro clandestino dos seus companheiros. O próprio Santi Soler será
utilizado como isca pela polícia para deter a Xavier Garriga e Salvador Puig Antich. A operação, cuidadosamente preparada, foi efetivada em 25 de setembro de 1973 em Barcelona.
Os dois anarquistas são detidos e, junto ao porta do número 70 da Rúa
Girona, tem lugar um tiroteio, no qual Puig Antich acaba ferido e um
jovem guarda civil, Francisco Anguas Barragán, é morto.
Execução
Puig Antich é então encarcerado e acusado de ser o autor dos disparos
que causaram a morte de Anguas Barragán, e posteriormente julgado num conselho de guerra e condenado à morte por um regime com sede de vingança pelo atentado contra a vida de Carrero Blanco. Por toda a Europa são organizadas manifestações pedindo a comutação da pena capital, mas Franco mantém-se firme e não concede o indulto. Numa cela da Cadeia Modelo de Barcelona, em 2 de março de 1974 às 09.40 horas, Salvador Puig Antich foi a última pessoa da história da Espanha a ser executado pelo garrote vil.
Em 2001, o jornalista catalão Francesc Escribano escreveu o libro Cuenta atrás - La historia de Salvador Puig Antich, no qual se propôs contar os factos que levaram à execução de Puig Antich. Em setembro de 2006, com um roteiro baseado no livro de Escribano, estreia o filme espanhol Salvador, protagonizado por Daniel Brühl e dirigido por Manuel Huerga.
Tanto o livro como o filme têm recebido fortes críticas por parte de
antigos militantes do MIL, companheiros de militância de Salvador, que
afirmam que ambos esvaziam de conteúdo político o personagem de Puig
Antich, ao mesmo tempo em que dignificam falsamente as imagens de seu
carcereiro, Jesús Irurre, do juiz militar que o condenou e dos membros da Brigada Político-Social da polícia franquista.
O cantor Joan Isaac compôs a música "A Margalida" em homenagem a Puig Antich; Lluís Llach também dedicou a canção "I si canto trist" à sua memória, na banda sonora do filme Salvador.
in Wikipédia
Sem comentários:
Enviar um comentário