quinta-feira, abril 25, 2013

Marcos, o autor de um dos Evangelhos canónicos, morreu há 1945 anos

São Marcos, por Donatello

São Marcos Evangelista (circa 10 a.c. - Alexandria, 25 de abril de 68) é o nome tradicional do autor de um dos Evangelhos. Ele é também um dos Setenta Discípulos e é considerado o fundador da Igreja de Alexandria, uma das principais sedes do Cristianismo primitivo.

A tradição cristã o identifica com o João Marcos mencionado como companheiro de São Paulo nos Atos dos Apóstolos, e que posteriormente teria se tornado um discípulo de Simão Pedro (São Pedro). Uma tradição anterior, relatada já no século II-III d.C. por Hipólito (obra espúria;"Sobre os Setenta Apóstolos") distingue os dois. De acordo com ele, Marcos, o evangelista, de 2 Timóteo 4:11 é diferente de João Marcos (de Atos 12:12-25, Atos 13:5-13 e Atos 15:37) e Marcos, primo de Barnabé (de Colossenses 4:10 e Filemon 24:1). Todos eles pertenceriam aos "Setenta Discípulos" que foram enviados por Jesus para converter a Judeia com o evangelho (veja-se Lucas 10:1-16).

De acordo com Eusébio de Cesareia (Hist. Ecl. II.9.1-4), Herodes Agripa I no seu primeiro de governo sob toda a Judeia (41 d.C.) matou Tiago, filho de Zebedeu, e prendeu Pedro, planeando matá-lo após a Páscoa judaica. Pedro foi salvo milagrosamente por anjos e escapou do reino de Herodes (Atos 12:1-19). Depois de muitas viagens pela Ásia Menor e pela Síria, ele chegou em Roma no segundo ano do imperador Cláudio (42 d.C.). Em algum ponto pelo caminho, Pedro encontrou Marcos, o evangelista, restaurou sua fé (após ele ter deixado Jesus em João 6:44-66), e tomou-o como companheiro de viagem e intérprete. A pregação de Pedro na cidade teve tanto sucesso que ele foi presenteado pelos habitantes da cidade com uma estátua e, a pedidos da população, Marcos escreveu os sermões de Pedro, compondo assim o Evangelho segundo Marcos (Hist. Ecl. II 15 e 16) antes de partir para Alexandria no terceiro ano de Cláudio (43 d.C.).
Lá, ele fundou a Igreja de Alexandria, cuja sucessão até os dias de hoje é alegada por diversas diferentes denominações (veja Patriarca de Alexandria), mas principalmente pela Igreja Ortodoxa Copta. Aspectos da liturgia copta podem referenciados ao próprio São Marcos. Ele então se tornou o primeiro bispo de Alexandria e tem a honra de ser também o fundador do Cristianismo na África.
Ainda de acordo com Eusébio (Hist. Ecl. II 24.1), o sucessor de Marcos como bispo de Alexandria foi Aniano, no oitavo ano do imperador Nero (62-63 d.C.), provavelmente (mas não certamente) por conta de sua morte. Tradições coptas posteriores dizem que ele foi martirizado em 68 d.C.
A evidência de que o autor do Evangelho que tem o seu nome é Marcos vem de Pápias de Hierápolis, nos fragmentos de sua "Exposição dos oráculos do Senhor".
(...)
A Igreja Ortodoxa Copta mantém a tradição de que Marcos, o evangelista, foi um dos Setenta Discípulos enviados por Cristo, o que é confirmado pela lista de Hipólito. Porém, a Igreja Copta adotou a tradição que mistura as figuras de Marcos com João Marcos. Ela acredita que foi sim o evangelista que recebeu os discípulos em sua casa após a morte de Jesus, a mesma onde para onde foi o Jesus ressuscitado e onde também o Espírito Santo desceu nos discípulos no Pentecostes. Os coptas ainda defendem que Marcos era um dos servos nas Bodas de Caná, o que despejou a água que Jesus transformou em vinho (João 2:1-11).
Ainda de acordo com a Igreja Copta, São Marcos nasceu em Cirene na Pentápolis, na antiga Líbia. Esta tradição acrescenta ainda que ele para lá retornou mais tarde, após ter sido enviado por São Paulo para Colossos (Colossenses 4:10 e Filemon 24:1 - passagens que tratam de Marcos, primo de Barnabé) e de ter servido com ele em Roma (2 Timóteo 4:11). Da Pentápolis ele seguiu para Alexandria. Quando Marcos retornou a Alexandria, os pagãos da cidade ficaram ressentidos com os seus esforços para tentar afastar os alexandrinos da religião tradicional helénica. Conta esta tradição que eles colocaram uma corda à volta de seu pescoço e o arrataram pelas ruas até que estivesse morto.

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