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quarta-feira, março 28, 2018

Rachmaninoff morreu há 75 anos

Sergei Vasilievich Rachmaninoff (Semyonovo, 1 de abril de 1873 - Beverly Hills, 28 de março de 1943) foi um compositor, pianista e maestro russo, um dos últimos grandes expoentes do estilo romântico na música clássica europeia. "Sergei Rachmaninoff" foi como o próprio compositor grafou o seu nome enquando viveu no ocidente, durante a última metade de sua vida. Entretanto, transliterações alternativas do seu nome incluem Sergey ou Sergej, e Rachmaninov, Rachmaninow, Rakhmaninov ou Rakhmaninoff.
Rachmaninoff é tido como um dos pianistas mais influentes do século XX. Os seus trejeitos técnicos e rítmicos são lendários e as suas mãos largas eram capazes de cobrir um intervalo de uma 13ª no teclado (um palmo esticado de cerca de 30 centímetros). Especula-se se ele era ou não portador da Síndrome de Marfan, já que se pode dizer que o tamanho das suas mãos correspondia à sua estatura, algo entre 1,91 e 1,98 m. Ele também possuía a habilidade de executar composições complexas à primeira audição. Muitas gravações foram feitas pela Victor Talking Machine Company, com Rachmaninoff executando composições próprias ou de reportórios populares.
A sua reputação como compositor, por outro lado, tem gerado controvérsia desde a sua morte. A edição de 1954 do Grove Dictionary of Music and Musicians notoriamente desprezou a sua música, descrevendo-a como "monótona em textura… consistindo principalmente de melodias artificiais e feias" e previu que o seu sucesso seria "não duradouro". A isto, Harold C. Schonberg, no seu Vidas dos Grandes Compositores, respondeu, "é uma das apreciações mais vergonhosamente snobes e mesmo estúpidas a ser encontrada num trabalho que se propõe a ser uma referência objetiva". De facto, não apenas os trabalhos de Rachmaninoff se tornaram parte do reportório padrão, mas a sua popularidade tanto entre músicos quanto entre ouvintes vem, no mínimo, crescendo desde a segunda metade do século XX, com algumas de suas sinfonias e trabalhos orquestrais, canções e músicas de coro sendo reconhecidas como obras-primas ao lado dos trabalhos para piano, mais populares.
As suas composições incluem, entre várias outras: quatro concertos para piano; a famosa Rapsódia sobre um tema de Paganini; três sinfonias; duas sonatas para piano; três óperas; uma sinfonia para coral (The Bells, ou Os Sinos, baseado no poema de Edgar Allan Poe); vinte e quatro prelúdios (incluindo o famoso Prelúdio em Dó Sustenido Menor); dezassete études; muitas canções, sendo as mais famosas a V molchanyi nochi taynoi (No Silêncio da Noite), Lilacs e a sem-letra Vocalise; e o último de seus trabalhos, as Danças Sinfónicas. A maioria de suas peças parece carregada de melancolia, num estilo romântico tardio lembrando a música de Tchaikovsky, embora apareçam fortes influências de Chopin e Liszt. Inspirações posteriores incluem a música de Balakirev, Mussorgsky, Medtner (o qual considerou o maior compositor contemporâneo) e Henselt.

(...)

Rachmaninoff fez as suas primeiras apresentações nos Estados Unidos como pianista em 1909, um evento para o qual ele compôs o Concerto para Piano Nº 3 (Op. 30, 1909). Estas apresentações bem-sucedidas fizeram dele uma figura popular na América.
Após a Revolução Russa de 1917, que significou o fim da velha Rússia, Rachmaninoff, juntamente com a sua esposa e as duas filhas, deixou São Petersburgo e foi para Estocolmo, em 22 de dezembro de 1917. Eles nunca retornariam a casa novamente. Rachmaninoff estabeleceu-se então na Dinamarca e passou um ano fazendo concertos pela Escandinávia. Ele saiu de Oslo (então Kristiania) para Nova Iorque em 1 de novembro de 1918, o que marcou o início do período americano da vida do compositor. Após a partida de Rachmaninoff, a sua música foi banida na União Soviética durante muitos anos. A sua produção musical diminuiu, em parte porque teve que passar parte de seu tempo com sua família, mas principalmente por causa da saudade da sua terra natal; ele sentiu que deixar a Rússia foi como deixar para trás a sua inspiração.
O declínio nas composições de Rachmaninoff foi dramático. Entre 1892 e 1917 (vivendo principalmente na Rússia), ele escreveu trinta e nove composições com números opus. Entre 1918 e a sua morte, em 1943, enquanto vivia nos Estados Unidos, ele completou apenas seis.
Instalando-se nos Estados Unidos, Rachmaninoff começou a fazer gravações para Thomas Edison em 1919, usando um piano vertical, o qual o inventor admitiu ser de qualidade inferior; entretanto, os discos renderam fama ao compositor. No ano seguinte assinou um contrato exclusivo com a Victor Talking Machine Company e continuou a fazer gravações com a Victor até fevereiro de 1942.
Em 1931, com outros exilados russos, ele ajudou a fundar uma escola de música em Paris que posteriormente teria o seu nome, o Conservatoire Rachmaninoff. A sua Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, um de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, foi escrito na Suíça em 1934. Ele voltou a compor na Sinfonia No. 3 (Op. 44, 1935-36) e as Danças Sinfónicas (Op. 45, 1940), o seu último trabalho completo. O maestro Eugene Ormandy e a Philadelphia Orchestra estrearam as Danças Sinfónicas em 1941 na Academy of Music. Rachmaninoff caiu doente durante uma turnê de concertos em 1942, e foi subseqhentemente diagnosticado com um melanoma maligno.
Rachmaninoff e a sua esposa tornaram-se cidadãos americanos em 1 de fevereiro de 1943. O seu último recital, em 17 de fevereiro de 1943 no Alumni Gymnasium da Universidade de Tennessee em Knoxville, profeticamente tocando a Sonata No. 2 em Si Bemol Menor de Chopin, que contém a famosa marcha fúnebre. Uma estátua comemorativa do último concerto de Rachmaninov existe no Parque de World's Fair, em Knoxville.
À medida que Rachmaninoff tinha a certeza de que não voltaria à sua terra natal, ele foi sendo tomado pela melancolia. Muitas pessoas que chegaram a conhecê-lo somente nesta época descreveram-no como o homem mais triste que eles já haviam visto. Numa entrevista em 1961, o maestro Ormandy declarou:
Rachmaninoff foi, na realidade, duas pessoas. Ele odiava a sua própria música e estava geralmente infeliz ao executá-la ou conduzi-la para o público, então é este lado triste que o público conhece. Entretanto, entre os seus amigos mais próximos, ele tinha um sentido de humor muito bom e tinha um bom espírito.
Eugene Ormandy
Rachmaninov morreu a 28 de março de 1943, em Beverly Hills, na Califórnia, apenas alguns dias antes de seu 70º aniversário, e foi enterrado a 1 de junho no cemitério de Kensico, em Valhalla. Nas horas finais de sua vida, ele insistia que podia ouvir música tocando nalgum lugar por perto. Após lhe ser repetidamente assegurado que não era o caso, ele disse: "então a música está na minha cabeça".