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sexta-feira, junho 28, 2024

Novidades sobre um dos mais famosos dinossáurios portugueses...

Mistérios da vida sexual dos Lourinhanosaurus revelados por paleontólogos portugueses

 

Um dinossauro terópode a vigiar o seu ninho, conceito artístico

 

Um “ninho” com mais de 80 ovos de dinossauro permite perceber como os grandes carnívoros do Jurássico construíam os seus ninhos e como as catástrofes naturais os destruíam.

Um grupo multidisciplinar da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com as universidades de Aveiro e Saragoça, estudou um dos fósseis mais emblemáticos de Portugal, revelando como os dinossauros nidificavam há 152 milhões de anos.

O “ninho de Paimogo” é uma acumulação de quase uma centena de ovos de dinossauros terópodes allosauroideos, provavelmente pertencentes à espécie Lourinhanosaurus.

Alguns destes ovos contêm exemplares dos embriões de dinossauro terópode mais antigos do mundo.

Descoberto na Lourinhã e descrito nos anos 90 do século passado pelo casal de paleontólogos amadores Isabel e Horácio Mateus, trata-se de um dos fósseis mais emblemáticos de Portugal, tendo recentemente sido cunhada uma moeda comemorativa de 5 euros dedicada a este exemplar.

O estudo liderada por Lope Ezquerro e dirigida por Miguel Moreno Azanza, investigadores da Universidade de Saragoça e ex-membros da NOVA FCT, pretende responder à pergunta se uma única fêmea poderia ter dado origem a uma acumulação de quase uma centena de ovos.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado na revista Geoscience Frontiers.

 

 Imagem de consulta de pesquisa visual

 

Dadas as características do exemplar, formado por uma acumulação desordenada e sem estruturas de nidificação aparentes, a equipa abordou o estudo de forma marcadamente multidisciplinar, realizando estudos sedimentológicos, paleontológicos, geoquímicos e de paleomagnetismo, com o objetivo de aprofundar os processos que levaram à formação deste fóssil singular.

A evidência paleontológica e geoquímica sugere que a acumulação inclui ovos de, pelo menos, duas fêmeas diferentes, embora tenha sido impossível determinar se os ovos foram postos ao mesmo tempo ou em temporadas de nidação sucessivas.

Por outro lado, os estudos sedimentológicos e paleomagnéticos concluíram que os ovos foram arrastados e acumulados por uma inundação causada pelo transbordo de um rio próximo, que destruiu várias posturas de diferentes origens e as transportou, acumulando-as numa área próxima, onde os ovos ficaram presos entre a vegetação.

Este processo acarretou a morte de várias das crias ainda dentro do ovo, que resultaram nos fósseis de embriões, únicos no mundo.

O trabalho tem implicações sobre as estratégias de nidificação deste grupo de dinossauros carnívoros, entre os quais se encontra o famoso Allosaurus.

A reconstrução desta acumulação sugere que os allosauroideos nidificavam em montículos de terra ou plantas, construídos sobre o solo, como fazem algumas aves e outros terópodes mais modernos, e não em buracos escavados como outros dinossauros.

A principal contribuição desta colaboração luso-espanhola é que estabelece um precedente de como devem ser analisados os possíveis ninhos de dinossauro para confirmar a sua identidade.

É a primeira vez que paleontólogos, sedimentólogos, geoquímicos e geofísicos trabalham em conjunto para entender melhor uma possível estrutura de nidificação, abrindo a porta para reinterpretar acumulações de ovos de dinossauro de todo o mundo.

Os ovos de Paimogo podem ser visitados na exposição do Museu da Lourinhã, incluída no Parque dos Dinossauros da Lourinhã, o maior parque de atrações sobre fauna extinta da Península Ibérica.

Além disso, uma pequena exposição dedicada aos resultados desta investigação pode ser visitada na sede do novo Geoparque Oeste, no município português de Bombarral.

O estudo confirma que a Península Ibérica é um dos locais mais ricos em ovos de dinossauro do mundo, contando com jazidas únicas como as do Jurássico português, que se juntam a megajazidas de ovos de dinossauro do final do Cretácico recuperados na Catalunha, Castela-Mancha e Aragão.

 

in ZAP

domingo, junho 02, 2013

Mais um ninho de dinossáurios descoberto na Lourinhã...!

E na Lourinhã voltaram a encontrar-se os ovos de dinossauros carnívoros mais antigos do mundo
Teresa Firmino
30/05/2013

Um megalossaurídeo, como o que pôs ovos na Lourinhã, junto ao seu ninho - Vladimir Bondar/GEAL/CIID/Museu da Lourinhã

Na praia de Porto das Barcas, descobriram-se cerca de 500 fragmentos de cascas de ovos, com ossos de embriões e dentes com 150 milhões de anos.

Oito cientistas, cinco deles portugueses, anunciaram esta quinta-feira que descobriram na Lourinhã os ovos com embriões de dinossauros carnívoros mais antigos do mundo, com cerca de 150 milhões de anos, noticiou a agência Lusa. É a descoberta da década em Portugal em termos de paleontologia de dinossauros, considera a equipa.
Foi na praia de Porto das Barcas, na localidade de Atalaia, concelho da Lourinhã, que o holandês Aart Walen, voluntário do museu daquela vila, descobriu em 2005 os ovos com os embriões. O achado, segundo relata a equipa num artigo científico publicado hoje na revista Scientific Reports, é composto por cerca de 500 fragmentos de cascas de ovos, formando um conjunto com 65 centímetros de diâmetro, que continha ossos e dentes de embriões.
As cascas dos ovos e os embriões encontravam-se num estado de preservação “verdadeiramente excepcional”, segundo a equipa, que os estudou entre 2005 e 2009 utilizando diversas tecnologias de ponta.
Ricardo Araújo, um dos investigadores, sublinhou à Lusa a raridade dos achados. “Estes ovos têm 150 milhões de anos, por isso são de longe os mais antigos de dinossauros carnívoros”, explicou o paleontólogo português, que pertence ao Museu da Lourinhã e à Universidade Medodista do Sul, em Dallas, nos Estados Unidos.
Com 150 milhões de anos, existiam até agora os ovos com embriões de dinossauro encontrados na praia de Paimogo, também na Lourinhã, em 1993. A menos de dez quilómetros de distância do nosso achado, esses ovos pertencem também a dinossauro carnívoros bípedes (terópodes): a equipa que os tem estudado considera que são do Lourinhanosaurus antunesi. Revelados ao mundo em 1997, os ovos de Paimogo estavam num ninho enorme, onde um grupo de fêmeas tinha posto mais de uma centena de ovos, e colocaram desde então a Lourinhã no mapa-múndi da paleontologia.
“Em conjunto com os ovos de Paimogo, [o novo achado] representa os embriões de dinossauros carnívoros mais antigos, sendo ambos do Jurássico Superior, com aproximadamente 150 milhões de anos”, acrescenta por sua vez ao PÚBLICO o paleontólogo Rui Castanhinha, do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Oeiras, e do Museu da Lourinhã. “Nos últimos dez anos não se descobriu nada em Portugal em paleontologia de dinossauros tão importante como isto. Tem uma importância profunda na biologia, na reprodução, na embriologia de dinossauros. É a descoberta da década”, resume Rui Castanhinha. “Ovos com embriões é raríssimo.”
Ovos ainda antigos do que os da Lourinhã só os de dois dinossauros herbívoros, encontrados na África do Sul (do Massospondylus) e na China (Lufengosaurus), ambos com cerca de 190 milhões de anos.
“O registo fóssil tem apenas sete ou oito registos de ovos de dinossauro em todo o mundo e ainda são mais raros os casos de ovos com embriões”, referiu Ricardo Araújo, o primeiro autor do artigo, assinado ainda, além de Rui Castanhinha, por Rui Martins, Octávio Mateus, Luís Alves e pelo belga Christophe Hendricks, todos ligados ao Museu da Lourinhã, e pelos alemães Felix Beckman e Norbert Schell.
A equipa determinou que os achados pertencem a um torvosauro, um dinossauro carnívoro e bípede que tinha os dentes afiados e atingia dez metros de comprimento e duas toneladas. Pertencia a um grupo primitivo de terópodes, os megalossaurídeos, e é aqui que reside sobretudo a importância deste achado, ao preencher uma lacuna no conhecimento sobre as relações entre grupos distantes de dinossauros.
Em termos evolutivos, o torvosauro de Porto das Barcas encontra-se entre os dinossauros que puseram os ovos na África do Sul e na China, mais “primitivos”, e o de Paimogo, mais “evoluído” ou “derivado”. “Este novo achado vem preencher uma lacuna entre os dinossauros muito derivados de Paimogo e os outros muito afastados da África do Sul e da China”, sublinha Rui Castanhinha. “Isto permite melhorar os conhecimentos sobre as origens dos dinossauros, em particular dos carnívoros, e de como eles chegaram à diversidade que vemos hoje – porque as aves são dinossauros.”

sexta-feira, junho 17, 2011

Notícia no Público sobre Paleontologia

Vértebra com menos de um centímetro revela dinossauro mais pequeno da Europa

A espécie seria parecida com uma ave

O fóssil não chega a um centímetro, é uma pequena vértebra encontrada numa pedreira no condado de Sussex, no Sul do Reino Unido. Mas mal o paleontólogo Steve Sweetman olhou para o osso, percebeu que não poderia pertencer a uma cobra, seria provavelmente de um dinossauro, minúsculo. O artigo sobre a descoberta foi publicada publicada na revista Cretaceous Research.

Originalmente, [o fóssil] foi identificado como uma vértebra de uma cobra, mas assim que o vi percebi imediatamente que era muito mais provável ser uma vértebra de um pequeno terópode”, disse em comunicado Steve Sweetman, paleontólogo da Universidade de Portsmouth.

Sweetman pediu ajuda a Darren Naish, um especialista de dinossauros terópodes para analisar o osso. Os terópodes eram um grupo de répteis que se moviam com duas pernas e eram carnívoros, como o conhecido T. rex. E ao longo da evolução deram origem às aves e a outros animais com uma forma parecida e que também tinham penas.

O fóssil agora encontrado pertencerá a uma espécie destas. A vértebra foi descoberta por Dave Brockhurst, um coleccionador de fósseis que trabalha na pedreira. No lugar, havia restos de salamandras, rãs, lagartos, tartarugas, crocodilos, além de outros dinossauros maiores.

Os dinossauros viveram durante o Mesozóico, o período de tempo que começou há 250 milhões de anos e terminou há 65 milhões de anos. Durante essa era, os répteis espalharam-se pela terra, pela água e pelos ar e evoluíram em muitas formas.

Esta nova espécie teria uma forma de ave e teria penas – como mostra o desenho interpretativo – e um comprimento entre os 33 e os 40 centímetros. “Determinar o comprimento total de um espécime a partir de um único osso é muito especulativo”, disse Darren Naish.

Mas a vértebra da região do pescoço deu algumas respostas. Os cientistas duplicaram digitalmente a vértebra com variações de tamanho e formaram um “pescoço digital”. Depois, posicionaram este “pescoço digital” numa silhueta da família de dinossauros a que a nova espécie pertence. Isto deu uma primeira estimativa do tamanho do indivíduo. A seguir, fizeram uma segunda reconstrução do pescoço, utilizando medidas de outros fósseis.

“Isto é uma descoberta muito emocionante porque representa o mais pequeno dinossauro que foi descoberto até agora na Europa”, disse Steve Sweetman.