Morreu na mina em acidente de trabalho aos 60 anos
25 Junho 2010
Joaquim Fernandes já estava reformado, mas não deixou de trabalhar para compor o rendimento. Empresa abriu inquérito
Reformado desde 2000, mas com baixo rendimento e força para continuar, Joaquim Ramos Fernandes, 60 anos, regressou há três anos ao serviço nas Minas da Panasqueira, concelho da Covilhã. Na quarta-feira, depois de mais de 30 anos passados no interior das minas, e enquanto fazia o turno da noite, acabou por morrer vítima de um acidente de trabalho. A situação recoloca na ordem do dia a questão das condições de trabalho no interior das minas.
Em cinco anos, este foi o segundo acidente de trabalho mortal naquele espaço. Em Outubro de 2005, um deslizamento de terras também provocou a morte de outro mineiro. A estatística não é assustadora, mas mesmo assim o Sindicato de Trabalhadores da Indústria Mineira recorda que é preciso fazer mais pelas condições de segurança.
"Estamos a falar de um trabalho específico e que acarreta muitos riscos. Desde há muito tempo que defendemos que nenhum trabalhador deve estar sozinho, dentro da mina. Não nos podemos esquecer que os gases que o minério liberta são perigosos e podem trazer consequências. Não queremos especular, mas se calhar se este homem estivesse acompanhado poderia ter sido socorrido mais rapidamente e, quem sabe, ainda estar vivo", diz José Maria Isidoro, porta-voz do Sindicato que em Março convocou duas greves. A luta prendia-se com o aumento de salários e a melhoria das condições de trabalho. A empresa cedeu à primeira reivindicação (aumento de um por cento) e os mineiros voltaram ao trabalho.
As circunstâncias relativas ao acidente que vitimou Joaquim Ramos Fernandes, residente no Alqueidão, freguesia da Barroca, Fundão, ainda não estão devidamente apuradas. Sabe-se que foi apanhado por um dos vagões que fazia a recolha do minério. Estava sozinho e não pôde ser socorrido antes que uma descarga de pedras o soterrasse.
A Sojitz Beral Tin & Wolfram, empresa que explora o Couto Mineiro da Panasqueira, já mandou abrir um inquérito. "Temos de esperar pelo resultado da autópsia para podermos perceber o que aconteceu. Não sabemos porque caiu para o vagão, nem tão pouco se morreu da queda ou da descarga que se sucedeu", sublinhou Correia de Sá, administrador da empresa - que já mandou abrir um inquérito e se mostra solidário com a família.
Acidente mortal na mina de Aljustrel
2010-09-01
Um trabalhador da mina de Aljustrel morreu esta manhã, quarta-feira, cerca das 11 horas, na sequência do despiste da máquina que conduzia, quando operava na rampa de acesso ao fundo da mina.
O trabalhador, de 31 anos e natural de Aljustrel, filho de um antigo mineiro, conduzia um veículo Dumper MTT quando, segundo Jacinto Anacleto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Industria Mineira (STIM), "a máquina terá ficado sem travões", citando informações prestadas pela administração da empresa.
Jacinto Anacleto revelou ao JN que "o sindicato vai apresentar uma queixa no Ministério Público, para que a Polícia Judiciária investigue as causas do acidente", lembrando o sindicalista que quando dizem que os trabalhadores precisam de formação como mineiros, "a administração não liga e desvaloriza o assunto".
A Autoridade para as Condições do Trabalho foi alertada para a ocorrência tendo sido de imediato deslocados para a mina "dois inspectores para apurar as causas do acidente", confirmou ao JN Carlos Graça, Delegado Regional do Alentejo da ACT.
Contactada a administração da Almina-Minas de Aljustrel, no sentido de obter explicações do administrador delegado Arménio Pacheco, foi indicado que "o administrador não tem tempo livre e já fez um comunicado para uma agência", recusando o envio do mesmo ao JN.
A Almina, é uma empresa que resulta da aquisição das Pirites Alentejanas, por parte da Martifer, dos Irmãos Martins, cuja aquisição foi feita por um euro, e viabilizada pelo Governo de José Sócrates, tendo como principal interlocutor o ex-ministro Manuel Pinho.