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sexta-feira, outubro 20, 2023

Notícia interessante sobre paleontologia e paleoecologia...

 Eric comeu um teleósteo desconhecido. E morreu

 

Eric, o plesiossauro

 

Uma equipa de paleontólogos australianos concluiu que, pouco tempo antes de morrer, Eric comeu um peixe teleósteo de espécie desconhecida. Não se preocupe, Eric é um Umoonasaurus demoscyllus - e aconteceu há alguns milhões de anos.

 Uma análise da última refeição de um plesiossauro conhecido como “Eric” permitiu aos paleontólogos conhecer melhor a dieta destes répteis marinhos pré-históricos, que viveram há mais de 66 milhões de anos.

Os restos mortais do Umoonasaurus demoscyllus foram encontrados em 1987, nas minas de opala de Coober Pedy, no sul da Austrália. Após milénios de exposição à pedra preciosa, o fóssil estava opalizado, bastante bem preservado e quase intacto.

Num estudo recente, uma equipa liderada por Joshua White, investigador da Australian National University, usou raios-X e imagens de tomografia computorizada para realizar uma análise minuciosa ao conteúdo do estômago do dinossauro.

O estudo, publicado na Alcheringa: An Australasian Journal of Palaeontology, permitiu aos cientistas encontrar 17 vértebras de um peixe teleósteo não identificado - provando que estes predadores de pescoço curto eram definitivamente piscívoros.

Segundo os investigadores, a descoberta prova também que é possível usar raios-X  para reconstituir as dietas de outras espécies extintas que viveram na Terra há centenas de milhões de anos.

“Estudos anteriores examinaram a superfície exterior do esqueleto opalizado de Eric para encontrar pistas”, explica White numa nota de imprensa publicada a semana passada na Scimex.

“Mas esta abordagem pode ser difícil e limitante, já que é raro encontrar conteúdo intestinal fossilizado — e pode haver mais coisas escondidas sob a superfície, que seriam quase impossível que os paleontólogos vissem sem destruir o fóssil”, acrescenta o investigador.

Para distinguir entre o que poderiam ser os restos da última refeição de Eric e simples gastrólitos (sim, os dinossauros sofriam de pedras do estômago), a equipa usou as imagens obtidas por TC e raios-X para criar um modelo 3D do fóssil.

   

Modelo 3D do conteúdo intestinal de Eric

 

As imagens obtidas permitiram à equipa descobrir que a última refeição do réptil pré-histórico tinha sido um teleósteo - uma classe de peixes com estruturas ósseas - de uma espécie desconhecida.

“Os plesiossauros eram predadores de nível médio — algo como um leão-marinho, que comiam peixes pequenos e eram provavelmente caçados por predadores maiores”, diz White. Eric não estava no topo da cadeia alimentar.

 

 

Eric deve o seu nome a uma música dos Monty Python

 

Na altura da sua descoberta, o fóssil opalizado foi vendido a um negociante de pedras preciosas, mas viria mais tarde a ser resgatado por particulares e doado ao Australian Museum - onde se encontra em exposição, juntamente com o seu teleósteo.

 

in ZAP

segunda-feira, junho 08, 2020

Notícia interessante sobre Paleontologia...

Estômago de dinossauro preservou a sua última refeição durante 110 milhões de anos

Borealopelta

Cientistas canadianos analisaram a última refeição de um anquilossauro nodossóide, com 110 milhões de anos, ainda na sua barriga fossilizada.
De acordo com o site Science Alert, este dinossauro herbívoro de 1300 quilos – Borealopelta markmitchelli – descoberto em 2011, poderá ter o estômago de dinossauro mais bem preservado já encontrado pela comunidade científica.
Depois de cinco anos de trabalho, investigadores conseguiram analisar a massa, do tamanho de uma bola de futebol, na sua barriga fossilizada, composta essencialmente por folhas mastigadas.
“Quando examinámos o conteúdo do estômago através de um microscópio, ficámos chocados por ver material vegetal tão bem preservado e concentrado”, declarou o biólogo David Greenwood, da Universidade de Brandon, no Canadá.
No total, a equipa encontrou 50 tipos de microfósseis de plantas, incluindo seis tipos de musgo ou hepáticas, uma grande variedade de fetos, vários tipos de coníferas e duas plantas com flores.
Pelo meio, os cientistas também encontraram gastrólitos – pedras deliberadamente ingeridas pelos animais para os ajudar a fazer a digestão de materiais mais duros – e, talvez o mais intrigante, vegetação queimada, que pode ter sido devorada por acidente ou de propósito.
“Há carvão considerável no estômago, a partir de fragmentos de plantas queimadas, que indica que o animal estava a procurar numa área recentemente queimada e que estava a tirar partido disso e dos fetos, que frequentemente emergem nestas circunstâncias. Esta adaptação à ecologia do fogo é informação nova para nós”, explica Greenwood.
Os investigadores têm quase a certeza de que o dinossauro morreu logo após a sua última refeição, mas se esta é, ou não, indicativa do que outros dinossauros herbívoros do seu tempo comiam, é ainda uma incerteza.
O estudo foi publicado, esta quarta-feira, na revista científica Royal Society Open Science. O estômago fossilizado, por sua vez, encontra-se exposto, juntamente com o esqueleto do dinossauro, no Museu Royal Tyrrell, em Alberta.