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sábado, junho 01, 2019

Porque hoje é o Dia Mundial da Criança...

Google Doodle de 1 de junho de 2014 (Portugal) - Dia Mundial da Criança

Faz hoje anos que o meu padrinho de batismo e avô materno, Joaquim Fernandes, me deixou, há trinta e oito anos; ele, que em velhinho virou criança, foi, entre adultos, o meu melhor amigo de infância. Lá, onde está, quero que saiba que não o esqueci e não esqueci o que me ensinou...


Instrução Primária

Não saibas: imagina...
Deixa falar o mestre, e devaneia...
A velhice é que sabe, e apenas sabe
Que o mar não cabe
Na poça que a inocência abre na areia.

Sonha!
Inventa um alfabeto
De ilusões...
Um á-bê-cê secreto
Que soletres à margem das lições...

Voa pela janela
De encontro a qualquer sol que te sorri!
Asas? Não são precisas:
Vais ao colo das brisas,
Aias da fantasia...

 

in Diário IX (1964) - Miguel Torga 

domingo, junho 01, 2014

Porque hoje foi o Dia Mundial da Criança...

Google Doodle de 1 de junho de 2014 (Portugal) - Dia Mundial da Criança

NOTA: faz hoje anos que o meu padrinho e avô materno, Joaquim Fernandes, me deixou; ele, que em velhinho virou criança, foi, entre adultos, o meu melhor amigo de infância. Lá, onde está, quero que saiba que não o esqueci e não esqueci o que me ensinou...

quarta-feira, junho 01, 2011

Trinta anos de saudades

(imagem daqui)

Faz hoje trinta anos, era eu um miúdo no oitavo ano, com quase 14 anos, que morreu o meu avô materno e padrinho de baptismo. Morreu numa bonita data, ele que amava a garotada e (diz a minha mãe...) era um autêntico garoto.

De pai severo e autoritário passou a avô que tudo consentia aos netos (lembro-me de, uma vez, era eu um rapaz de 5 ou 6 anos, numa bulha qualquer por causa de rapar um tacho de arroz, lhe ter espetado com um garfo e ele me ter defendido ferozmente, dizendo que a culpa era dele e que o meu pai não me podia castigar). Recordo-me ainda das muitas vezes que, antes de eu entrar na Escola Primária (e me tornar um aluno modelo...) ele, que vivia com os meus pais (foi ele e a minha avô materna que nos criaram e educaram, antes de entrar na Escola) ameaçar ir-se embora por o meu pai me querer castigar pelas minhas traquinices.

Era um avô especial - tinha tido milhentas profissões (cabo do exército, taberneiro, agricultor, emigrante, ferroviário, padeiro, mineiro, barbeiro, sapateiro e comerciante, entre muitas outras), era culto (embora só tivesse a 3ª classe sabia imenso e até tinha aprendido a falar francês sozinho). Politicamente era um católico conservador (era monárquico e guardava sempre uma foto da última família real reinante portuguesa), tinha sido sidonista (o Presidente-Rei Sidónio Pais tinha-o impedido de ir à I Guerra Mundial) e era salazarista, como muitos os que viveram o turbilhão que foi a I república, que ele abominava.

Com ele aprendi imenso - e hoje, quando passaram trinta anos sobre a sua partida, quero aqui deixar a minha alegria pelos bons anos que dedicou a mim e aos meus irmãos e por tudo o que fez por mim...