Luiz Goes - No calvário
Letra de Fausto José e música de D. José Paes de Almeida e Silva
Carlos Paredes (guitarra) e João Figueiredo Gomes (viola)
Passada a hora enorme da agonia,
A sombra invade os descampados nus;
De dor soluça agreste a ventania;
No céu nem uma estrela tremeluz!
Como um corvo sinistro que descia,
Fez-se mais negra a treva sobre a cruz
A que se abraça, pálida, Maria,
Chorando de olhos postos em Jesus.
E a Virgem disse então banhada em pranto;
"Dai-me sequer um pobrezinho manto
Para nele meu filho amortalhar!"
Ergueu-se a Lua triste pelo espaço,
E desdobrou, serena, do regaço,
O alvinitente manto do luar!