Teve cinco irmãos. O pai do poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Setúbal, em 1728. Bacharel em Direito pela
Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e Povos, cargo que exercia durante o
Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou aquelas povoações.
Em 1765, foi nomeado ouvidor em
Beja. Acusado de ter desviado a décima enquanto ouvidor, possivelmente uma armadilha para o prejudicar, visto ser próximo de pessoas que foram vítimas de Pombal, o pai de Bocage foi preso para o Limoeiro em 1771, nunca chegando a fazer defesa das suas acusações. Com a morte do rei
D. José I, em 1777, dá-se a "viradeira", que valeu a liberdade ao pai do poeta, que voltou para Setúbal, onde foi advogado.
A sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame
Anne-Marie Le Page du Bocage, tradutora do "
Paraíso" de
Milton, imitadora da "
Morte de Abel", de
Gessner, e autora da tragédia "
As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "
A Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de
Voltaire e o primeiro prémio da academia de
Rouen.
Apesar das numerosas biografias publicadas após a sua morte, boa parte da sua vida permanece um mistério. Não se sabe que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou
francês e também
latim. A identificação das mulheres que amou é duvidosa e discutível.
A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em
22 de setembro de
1781 e permaneceu no Exército até
15 de setembro de
1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, surge nomeado guarda-marinha por
D. Maria I.
Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.
Em
14 de abril de
1786, embarcou como oficial de marinha para a
Índia, na nau
“Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao
Rio de Janeiro em finais de Junho.
Na cidade, viveu na actual Rua Teófilo Otoni, e diz o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da Costa e Silva,
pp. 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei algumas poesias-canção cheias de bajulações, visando atingir seus objectivos. Sendo porém o vice-rei avesso a elogios,e admoestado com algumas rimas de baixo calão, que originaram a famosa frase: "quem tem c... tem medo, e eu também posso errar", fê-lo prosseguir viagem para as Índias". Fez escala na Ilha de
Moçambique (início de setembro) e chegou à
Índia em
28 de outubro de
1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em
Damão, mas desertou em 1789, embarcando para
Macau.
Foi preso pela
inquisição, e na cadeia traduziu poetas franceses e latinos.
A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras.
Ainda em
1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo
Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades.
Em
1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”.
Dominava então
Lisboa o Intendente da Polícia
Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de agosto de
1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser
“desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de novembro de
1797, tendo depois dado entrada no calabouço da
Inquisição, no Rossio. Aí ficou até 17 de fevereiro de
1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos
Padres Oratorianos de São
Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo
Convento dos
Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redator e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de
1798.
De
1799 a
1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de
Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir.
A partir de
1801, até à morte por
aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no
Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André Valente.
O dia 15 de setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em
Setúbal.