Rock Hudson teve uma vida conturbada. Aos quatro anos foi abandonado
pelo pai, Roy Harold Scherer, passando a ser educado com muita
dificuldade pela mãe, Katherine Wood, uma empregada doméstica, na cama
de quem dormiu até os quinze anos, no alojamento dos criados.
Estudou na New Trier High School, de Illinois. Ganhava algum dinheiro entregando jornais. Aos dezoito anos, alistou-se na
Marinha dos Estados Unidos,
servindo na lavandaria. Foi quando a sua sexualidade despertou. No
meio de tantos rapazes, sentia-se inteiramente à vontade. Tentou até
manter um comportamento viril, para se mostrar um deles. Entrou para a
universidade e, orientado por um professor, tirou várias fotos e
enviou-as para vários agentes de artistas de
Hollywood.
Em
1946,
após sair da Marinha, Roy foi para Los Angeles, onde trabalhou como
camionista durante dois anos para se sustentar, até que um encontro
fortuito com o observador de talentos Henry Wilson, em
1948,
o tirou do anonimato. Wilson apresentou Roy a Ken Hodge, um produtor
musical. Os dois tornaram-se amantes. E foi numa festa, no apartamento
de Ken, que Roy Sherer se tornou Rock Hudson. Os convidados decidiram
que, se ele queria se tornar ator, deveria "renascer" com um outro nome.
Ken pronunciou aleatoriamente "Rock", por causa do som duro; "Hudson"
foi escolhido na lista telefónica.
Hudson estreou no cinema como ator secundário no filme
Sangue, Suor e Lágrimas (Fighter Squadron, 1948), de
Raoul Walsh e assinou um contrato com os
Estúdios Universal
que lhe garantia a realização de vinte e dois filmes em quatro anos. O
seu primeiro grande papel a chamar atenção da crítica e do público foi
no drama
Sublime Obsessão (Magnificent Obsession,
1954), de
Douglas Sirk, com quem faria alguns de seus melhores filmes.
Bem
apessoado e com 1,93 m de altura, a sua carreira começou como galã em vários
westerns, dramas de
guerra e comédias principalmente, mas não só, ao lado de
Doris Day. Recebeu uma nomeação para o
Óscar de Melhor Ator pelo clássico
O Gigante (Giant, 1956), mas perdeu o prémio para
Yul Brynner. O clássico, dirigido por
George Stevens, também tinha
James Dean e
Elizabeth Taylor, que se transformaria numa de suas melhores amigas fora das telas.
Liz Taylor admitiu que, durante as filmagens de O Gigante,
sentiu-se atraída por Hudson. Tudo inútil, pois havia para o ator
alguém bem mais atraente que ela - James Dean. Este era um bissexual
assumido e extrovertido. Porém, de acordo com a última biografia
autorizada por Rock Hudson (Rock Hudson - História de Sua Vida),
escrita pelo próprio Rock Hudson e Sara Davinson, este diz: "Eu não
simpatizava com ele (James Dean) pessoalmente", confessa Rock, "mas
isso não tem importância". Rock não se dava bem com James Dean porque,
na sua opinião, Dean não era "profissional". Durante as filmagens de "O
Gigante", Rock Hudson e Elizabeth Taylor tiveram que passar o dia
inteiro maquilhados e vestidos, esperando James Dean, que não chegava,
pois assistia a uma corrida de carros noutra cidade.
Nas
décadas de 50 e
60, figurou entre os dez astros de maior sucesso de bilheteira do
cinema norte-americano.
Quando os rumores começaram a circular em Hollywood que, ao contrário
dos amantes românticos que ele interpretava no cinema, a sua orientação
sexual era outra, o seu agente cinematográfico
arranjou um pseudo-casamento de Hudson com Phyllis Gates, a sua secretária. Eles passaram a lua-de-mel na
Jamaica e em
Manhattan; o
divórcio deu-se em
1958.
Na
década de 70, a carreira de Hudson no cinema parecia estar no fim. Assinou então contrato para uma longa
série
televisiva. Para um astro de sua grandeza, era uma queda enorme. E o
pior é que teria de participar de cenas na cama com a atriz
Susan St. James.
Eles inclusive teriam um filho na série. Para ele, era demais. Começou
a beber e descuidou a sua aparência, sendo visto nos meios
homossexuais de Los Angeles,
São Francisco e
Nova Iorque.
A sua imagem ficou seriamente abalada quando se espalharam boatos de
que teria se "casado" com o apresentador de um show da televisão, o
ator
Jim Nabors. Este acabou por perder o seu contrato quando o falatório chegou à
CBS. Os dois não ousavam aparecer juntos e jamais se falaram novamente. Rock inclusive tinha medo de ir ao
Havaí, pois sabia que Nabors tinha uma casa lá. Em
1982, uma revista anunciou o seu "divórcio".
A sua última aparição no cinema foi em
O Embaixador (The Ambassador,
1984), de
J. Lee Thompson, em que também aparecia
Robert Mitchum. Desde o início da
década de 80, já com os primeiros indícios de que havia contraído SIDA, o ator passou a fazer mais séries para a
TV, como
O Casal McMillan (McMillan & Wife,
1971-
1977). Os seus últimos trabalhos foram a participação em vários capítulos da série
Dinastia (Dinasty).
Rock Hudson só assumiu a doença três meses antes de morrer, ao anunciar
que doaria 250 mil dólares para uma fundação recém-aberta para cuidar
de pesquisas sobre o
vírus da SIDA. Também estava escrevendo uma
biografia, cujo título provisório era
A Minha História, e cujos lucros seriam para essa fundação. Faleceu a
2 de outubro de
1985, em
Los Angeles, nos
Estados Unidos; o seu corpo foi cremado e as cinzas atiradas ao mar.