Este golpe, normalmente conhecido pelos
portugueses como
25 de Abril, foi conduzido por um movimento militar, o
Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte
capitães que tinham participado na
Guerra Colonial e que foram apoiados por oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários. Este movimento nasceu por volta de
1973, baseado inicialmente em reivindicações corporativistas como a luta pelo prestígio das forças armadas, acabando por se estender ao regime político em vigor. Sem apoios militares, e com a adesão em massa da população ao golpe de estado, a resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro mortos em
Lisboa, pelas balas da
DGS (ex-PIDE).
Estabilizada a conjuntura política, prosseguiram os trabalhos da
Assembleia Constituinte para a nova constituição democrática, que entrou em vigor no dia 25 de abril de 1976, o mesmo dia das primeiras eleições legislativas da nova República.
Na sequência destes eventos foi instituído em Portugal um feriado nacional no dia 25 de abril, denominado "
Dia da Liberdade".
(...)
A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em
Bissau, em
21 de agosto de
1973. Uma nova reunião, em
9 de setembro de 1973 no Monte Sobral (
Alcáçovas) dá origem ao
Movimento das Forças Armadas. No dia
5 de março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento:
Os Militares, as Forças Armadas e a Nação. Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia
14 de março o governo demite os generais
Spínola e
Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de
Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro,
Portugal e o Futuro, no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as
revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar.
No dia
24 de março, a última reunião clandestina dos capitães revoltosos decide o derrube do regime pela força. Prossegue a movimentação secreta dos capitães até ao dia 25 de abril. A mudança de regime acaba por ser feita por acção armada.
O segundo sinal é dado às 00.20 horas, quando a canção
Grândola, Vila Morena, de
Zeca Afonso é transmitida pelo programa
Limite, da
Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é
Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta
moçambicano. Ao contrário de
E Depois do Adeus, que era muito popular por ter vencido o
Festival RTP da Canção,
Grândola, Vila Morena era proibida, pois, segundo o governo, fazia alusão ao comunismo.
O golpe militar do dia 25 de abril tem a colaboração de vários regimentos militares que desenvolvem uma ação concertada. No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel
Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do
Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de
Lamego. Forças do BC9 de
Viana do Castelo tomam o
Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a
RTP e o
RCP no Porto. O regime reage, e o ministro da Defesa ordena a forças sediadas em
Braga para avançarem sobre o Porto, no que não é obedecido, dado que estas já tinham aderido ao golpe.
À
Escola Prática de Cavalaria, que parte de
Santarém, cabe o papel mais importante: a ocupação do
Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria são comandadas pelo então Capitão
Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço é ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia move, mais tarde, parte das suas forças para o
Quartel do Carmo onde se encontra o chefe do governo,
Marcelo Caetano, que ao final do dia se rende, exigindo, contudo, que o poder seja entregue ao General
António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcelo Caetano parte, depois, para a
Madeira, rumo ao exílio no
Brasil.
No rescaldo dos confrontos morrem quatro pessoas, quando elementos da polícia política (
DGS) disparam sobre um grupo que se manifesta à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em
Lisboa.