O
Domingo Sangrento foi um massacre que aconteceu a 22 de janeiro (de acordo com o antigo calendário, 9 de janeiro) de 1905, na cidade de
São Petersburgo, no
Império Russo, quando manifestantes pacíficos marcharam até ao
Palácio de Inverno para apresentar uma petição ao Czar
Nicolau II e foram baleados pela Guarda Imperial. A marcha foi organizada pelo padre
George Gapon, que colaborou com Sergei Zubatov, da
Okhrana, a polícia secreta czarista, para destruir organizações de trabalhadores.
Prelúdio
No mês de dezembro anterior, uma greve aconteceu na fábrica Putilov.
Simpatizantes em outras partes da cidade aumentaram o número de
grevistas para cerca de 80 mil. A 8 de janeiro, a cidade não tinha
eletricidade ou jornais. Todas as áreas públicas foram declaradas
fechadas.
George Gapon,
um padre ortodoxo russo que se interessava pelas condições vividas
pelas classes trabalhadoras e inferiores, organizou uma procissão
pacífica de trabalhadores ao
Palácio de Inverno
para entregar uma petição ao Czar. A petição, escrita por Gapon,
deixava claros os problemas e opiniões dos trabalhadores, e pedia por
melhores condições de trabalho, salários justos, redução da jornada de
trabalho para oito horas e condenava as horas extras que os donos das
fábricas forçavam os trabalhadores a cumprir. Outras demandas incluíam o
fim da
Guerra Russo-japonesa e a introdução do
sufrágio universal. Tropas foram dispostas ao redor do Palácio de Inverno e em outros lugares. O czar deixou a cidade no dia
8 de janeiro e foi para Czarkoe Selo.
Massacre
No domingo, 22 de janeiro (no
calendário juliano,
então em vigor na Rússia, 9 de janeiro) de 1905, trabalhadores em greve
e as suas famílias reuniram-se em seis pontos na cidade de
São Petersburgo, no
Império Russo. Eles eram organizados e liderados pelo padre
ortodoxo russo George Gapon. Segurando ícones religiosos e cantando hinos e canções patrióticas (particularmente
Deus Salve o Czar), uma multidão de "mais de três mil" pessoas prosseguiu sem interferência da polícia em direção ao
Palácio de Inverno, residência oficial do
Czar. A multidão não sabia que o Czar não estava no palácio. Os
piquetes
do exército perto do palácio lançaram tiros de advertência e, em
seguida, dispararam diretamente contra a multidão para dispersá-la.
Gapon foi alvo de tiros perto do Arco do Triunfo de Narva. Cerca de
quarenta pessoas ao redor dele foram mortas, no entanto, ele não ficou
ferido. Embora o Czar não estivesse no Palácio de Inverno ou mesmo na
cidade e não tivesse dado a ordem para as tropas atirar, recebeu
toda a culpa pelas mortes, resultando numa onda de amargura do povo
russo contra o czar e seu regime
autocrático.
O número de mortos é incerto, mas as autoridades da época assumiram 96
mortos e 333 feridos; fontes anti-governo afirmam que os tiros mataram
mais de quatro mil pessoas, estimativas moderadas ainda estipulam uma
média de cerca de mil mortos e feridos, tanto pelos tiros quanto
pisoteados pela população durante o pânico. Outra fonte observa que a
estimativa oficial de mortos era de 130 pessoas. Há relatos que no dia
até a neve ficou vermelha. O Czar
Nicolau II descreveu o dia como "doloroso e triste". Conforme relatos, a desordem civil e
saques
explodiram por toda a cidade. A marcha de Gapon foi aniquilada naquele
dia e ele rapidamente deixou a Rússia. De acordo com uma versão, ao
voltar para a Rússia, em outubro, Gapon é assassinado por ordem da
Organização de Combate do
Partido Social-Revolucionário, depois que revelou ao seu amigo Pinhas Rutenberg que trabalhava para a
Okhrana, a
polícia secreta.
Este evento foi classificado pelo embaixador
britânico na época como um impulso para atividades revolucionárias na Rússia e contribuiu para a
Revolução de 1905. O escritor
Leão Tolstoy também foi afetado emocionalmente pelo incidente.