João de Barros, chamado o Grande ou o Tito Lívio Português, (Viseu, circa 1496 - Pombal, Ribeira de Alitém, 20 de outubro de 1570) é geralmente considerado o primeiro grande historiador português e pioneiro da gramática da língua portuguesa, tendo escrito a segunda obra a normatizar a língua, tal como era falada no seu tempo.
(...)
Durante estes anos prosseguiu seus estudos durante as horas vagas, e pouco após a desastrosa expedição ao Brasil, em 1540 publicou a Gramática da Língua Portuguesa e diversos diálogos morais a acompanhá-la, para ajudar ao ensino da língua materna. A Grammatica foi a segunda obra a normatizar a língua portuguesa, tal como falada em seu tempo – precedida apenas pela de Fernão de Oliveira, impressa em 1536 – sendo entretanto considerada a primeira obra didática ilustrada no mundo.
Pouco depois (seguindo uma proposta que lhe havia sido ainda endereçada por D. Manuel I), iniciou a escrita de uma história que narrasse os feitos dos portugueses na Índia - as Décadas da Ásia (Ásia de Ioam de Barros, dos feitos que os Portuguezes fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente),
assim chamadas por, à semelhança da história liviana, agruparem os
acontecimentos por livro em períodos de dez anos. A primeira década saiu
em 1552, a segunda em 1553 e a terceira foi impressa em 1563. A quarta década, inacabada, foi completada por João Baptista Lavanha e publicada em Madrid em 1615, muito depois da sua morte.
Não obstante o seu estilo fluente e rico, as "Décadas" conheceram
pouco interesse durante a sua vida. É conhecida apenas uma tradução italiana em Veneza, em 1563. D. João III,
entusiasmado com o seu conteúdo, pediu-lhe que redigisse uma crónica
relativa aos acontecimentos do reinado de D. Manuel - o que João de Barros
não pode realizar, devido às suas tarefas na Casa da Índia, tendo a
crónica em causa sido redigida por outro grande humanista português, Damião de Góis. Diogo do Couto
foi encarregado mais tarde de continuar as suas "Décadas",
adicionando-lhe mais nove. A primeira edição completa das 14 décadas
surgiu em Lisboa, já no século XVIII (1778 - 1788).
Em janeiro de 1568 sofreu um acidente vascular cerebral e foi exonerado das suas funções na Casa da Índia, recebendo título de fidalguia e uma tença régia do rei Dom Sebastião. Faleceu na sua quinta de Alitém, em Pombal, a 20 de outubro de 1570. Morreu na mais completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.
Enquanto historiador e linguista, João de Barros merece a fama
que começou a correr logo após a sua morte. As suas "Décadas" são não
só um precioso manancial de informações sobre a história dos portugueses
na Ásia e são como que o início da historiografia moderna em Portugal e no Mundo.
in Wikipédia
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