JPC - A sua visão sobre a I República, neste livro e no clássico “O Poder e o Povo”, é bastante sombria: um regime ditatorial, que usava a violência, a exclusão, o terrorismo, e que aliás acabou por gerar Salazar. Valerá a pena festejar este regime no próximo ano?
VPV - Eu não fui convidado para festejar nada, por alguma razão. Durante o salazarismo, as pessoas foram esquecendo o que era a República. As forças anti-salazaristas reconstruíram uma imagem da República em que havia partilha e solidariedade, liberdade individual e liberdade de imprensa, etc. etc. E como o salazarismo durou muito, foi essa a noção de República com que as pessoas ficaram. É uma noção absurdamente falsa. A República foi sempre um regime de partido único, nunca foi amigo das liberdades individuais, nunca respeitou a lei, nem a lei constitucional, nem a lei civil, foi um regime terrorista, em que as pessoas que se opunham ao regime eram punidas e às vezes mortas. O facto é que a ditadura e, sobretudo, o salazarismo apareceram em Portugal como libertadores. Para a maioria dos portugueses, a ditadura, ao princípio, foi uma libertação.
JPC - É tão bizarro festejar a nossa “ditadura democrática” como festejar a “ditadura salazarista”?
VPV - Eu acho que é igualmente bizarro.
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terça-feira, setembro 21, 2010
Mais um contributo para a celebração da imposição da república
Postado por Fernando Martins às 00:17 0 bocas
Marcadores: João Pereira Coutinho, Monarquia, República, Vasco Pulido Valente
domingo, abril 11, 2010
Àcerca de um convite ao crime pela tolerância do crime
A voz da razão
O faroeste
Viva o faroeste! Para quê perder tempo e dinheiro com julgamentos, condenações e lamentáveis masmorras? Uma sociedade de adultos é uma sociedade capaz de puxar o gatilho sem a intromissão do Estado. E o novo Código de Execução de Penas, aprovado pelo PS, é um incentivo ao tiroteio que faria as delícias de John Wayne.
A partir de amanhã, qualquer criminoso, independentemente da natureza do crime, poderá sair da cadeia com um quarto da pena cumprida. ‘Pena’, aqui, é eufemismo: se o criminoso violou ou matou, por exemplo, terá cinco anos para descansar da excitação antes do regresso triunfal às pradarias lusitanas. Momento em que as vítimas, ou os familiares das vítimas, estarão à espera dele, prontas para ajustar contas e desfrutar de igual período de férias.
O novo código é um convite ao crime pela tolerância do crime. E não se entende por que motivo o PS não vai mais longe, abolindo de uma vez por todas o sistema judicial e promovendo a construção de saloons (com portas bang-bang) e, pormenor fundamental, bebedouros para as montadas. A seu tempo.
João Pereira Coutinho, Colunista (in CM - ler artigo de opinião)
Postado por Fernando Martins às 14:40 0 bocas
Marcadores: Assembleia da República, Código de Execução de Penas, faroeste, João Pereira Coutinho
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