Kant tinha razão. Sonda da NASA descobre origem dos planetas no corpo mais distante do Sistema Solar
Arrokoth fica a seis mil milhões de quilómetros do Sol e é formado por duas esferas achatadas que se fundiram há milhões de anos
Os planetas do Sistema Solar formaram-se pela lenta fusão de partículas no início do Sistema Solar. Tal como Kant previu. Foi isso que a New Horizons descobriu em Arrokoth, o corpo mais longe do Sol.
Arrokoth, o novo nome do objeto mais distante e antigo do Sistema Solar alguma vez explorado pela humanidade, formou-se quando uma nuvem de partículas sólidas colapsou por causa da força gravítica. O fenómeno ocorreu nos primeiros tempos do Sistema Solar, quando tudo não passava de uma nebulosa de gases e poeiras, há 4,6 mil milhões de anos.
Esta é uma das conclusões que a sonda New Horizons trouxe deste mundo, a seis mil milhões de quilómetros do nosso planeta. Pouco mais de um ano após a épica viagem até aos confins do Sistema Solar, para lá da órbita de Neptuno, a NASA encontrou sinais que suportam a hipótese teorizada por Immanuel Kant - sim, o filósofo - e pelo matemático Pierre-Simon Laplace no livro Exposition du Systéme du Monde.
Esta teoria rivalizava com uma outra, a acreção hierárquica, segundo a qual corpos como Arrokoth (anteriormente era chamado Ultima Thule), que orbita o Sol na Cintura de Kuiper, eram o resultados de colisões a alta velocidade entre planetesimais - corpos de rocha ou gelo com até 100 quilómetros de diâmetro, que se formaram logo no início do Sistema Solar.
Pelo contrário, os dados enviados pela sonda New Horizons para os computadores da NASA sugerem que os planetas do Sistema Solar se formaram quando uma nuvem colapsou graças à força de gravidade, fazendo com que as partículas que a compunham se começassem a fundir lentamente, dando origem a corpos celestes progressivamente maiores.
Em conferência de imprensa, William McKinnon, investigador do projeto New Horizons, explicou que o “Arrokoth é como é, porque se formou através de colisões violentas, mas numa dança mais complexa, na qual os seus objetos componentes se orbitam lentamente antes de se unirem”.
William McKinnon refere-se às duas esferas espalmadas que compõem este planetesimal. O facto de terem a mesma cor e a mesma composição química indica que as duas partes de Arrokoth tiveram origem na mesma região da nebulosa primordial do Sistema Solar e começaram a crescer individualmente até que colidiram delicadamente e se fundiram à conta disso. É por isto que Arrokoth está para a evolução dos planetas do Sistema Solar “como os fósseis estão para a evolução dos planetas”.
in Observador