O cão tornou-se o nosso amigo na Europa pré-agrícola
Quando e onde é que o cão deixou de ser lobo e passou a ser o melhor amigo do homem? Uma análise comparativa do ADN de lobos e cães, modernos e antigos, forneceu agora a resposta.
Uma equipa internacional de cientistas conclui na revista Science, datada desta sexta-feira, que os lobos foram domesticados na Europa, pelos caçadores-recolectores, durante a última grande Idade do Gelo, há 19 mil a 32 mil anos. As suas conclusões invalidam uma velha teoria segundo a qual a domesticação do cão teria acontecido no leste da Ásia há apenas 15 mil anos.
De facto, esta teoria tinha um problema: os mais antigos restos fósseis de animais parecidos com cães que se conhecem provêm da Europa e da Sibéria e têm 30 mil anos. Mas agora, Olaf Thalmann, da Universidade de Turku, na Finlândia, e colegas – entre os quais Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Leipzig, na Alemanha, mais conhecido pela sequenciação do genoma dos Neandertais –, realizaram uma análise genética e resolveram essa aparente contradição.
Os cientistas compararam o chamado ADN mitocondrial de uma série de lobos, cães e afins. O ADN mitocondrial é um bocadinho de material genético que é exclusivamente transmitido pelas mães à sua descendência e que os geneticistas das populações usam para construir as árvores genealógicas das espécies por via matrilinear.
Mais precisamente, a equipa incluiu no estudo 18 lobos e canídeos pré-históricos e 77 cães e 49 lobos modernos – entre os quais o dingo, os coiotes da América do Norte, várias raças de cães chineses e os mais antigos restos fósseis de cães conhecidos, ambos encontrados na Alemanha (um com 12.500 anos e o outro com 14.700 anos).
Conclusão: o ADN dos cães modernos é muito parecido com o dos cães europeus, antigos e modernos, mas não com o dos lobos de fora da Europa.
Os resultados desta análise genética surpreenderam os próprios autores, lê-se num comunicado da Universidade de Tubinga (Alemanha), onde trabalha Johannes Krauss, especialista em sequenciação de ADN antigo, que também assina o artigo da Science. “Fiquei pasmado pela clareza com que [os resultados] mostram que todos os cães actuais descendem de apenas quatro linhagens, todas elas originárias da Europa”, diz Thalmann, citado nesse comunicado. Mais: a maioria do ADN dos cães modernos pertence a uma única linhagem, que apresenta um alto grau de parentesco com a de um esqueleto de lobo encontrado numa gruta no norte da Suíça.
“Os nossos resultados implicam que os cães já eram nossos amigos muito antes de começarmos a criar cabras, ovelhas e gado”, diz Krausse. Ou seja, a domesticação do lobo antecede o advento da agricultura e eles foram muito provavelmente domesticados pelas comunidades de caçadores-recolectores que dominaram a Europa durante a última grande Idade do Gelo.
Os cientistas especulam que o processo de domesticação terá começado com os lobos a serem atraídos pelos caçadores, cujo rasto seguiam comendo os restos de animais que eles deixavam para trás.
Uma equipa internacional de cientistas conclui na revista Science, datada desta sexta-feira, que os lobos foram domesticados na Europa, pelos caçadores-recolectores, durante a última grande Idade do Gelo, há 19 mil a 32 mil anos. As suas conclusões invalidam uma velha teoria segundo a qual a domesticação do cão teria acontecido no leste da Ásia há apenas 15 mil anos.
De facto, esta teoria tinha um problema: os mais antigos restos fósseis de animais parecidos com cães que se conhecem provêm da Europa e da Sibéria e têm 30 mil anos. Mas agora, Olaf Thalmann, da Universidade de Turku, na Finlândia, e colegas – entre os quais Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Leipzig, na Alemanha, mais conhecido pela sequenciação do genoma dos Neandertais –, realizaram uma análise genética e resolveram essa aparente contradição.
Os cientistas compararam o chamado ADN mitocondrial de uma série de lobos, cães e afins. O ADN mitocondrial é um bocadinho de material genético que é exclusivamente transmitido pelas mães à sua descendência e que os geneticistas das populações usam para construir as árvores genealógicas das espécies por via matrilinear.
Mais precisamente, a equipa incluiu no estudo 18 lobos e canídeos pré-históricos e 77 cães e 49 lobos modernos – entre os quais o dingo, os coiotes da América do Norte, várias raças de cães chineses e os mais antigos restos fósseis de cães conhecidos, ambos encontrados na Alemanha (um com 12.500 anos e o outro com 14.700 anos).
Conclusão: o ADN dos cães modernos é muito parecido com o dos cães europeus, antigos e modernos, mas não com o dos lobos de fora da Europa.
Os resultados desta análise genética surpreenderam os próprios autores, lê-se num comunicado da Universidade de Tubinga (Alemanha), onde trabalha Johannes Krauss, especialista em sequenciação de ADN antigo, que também assina o artigo da Science. “Fiquei pasmado pela clareza com que [os resultados] mostram que todos os cães actuais descendem de apenas quatro linhagens, todas elas originárias da Europa”, diz Thalmann, citado nesse comunicado. Mais: a maioria do ADN dos cães modernos pertence a uma única linhagem, que apresenta um alto grau de parentesco com a de um esqueleto de lobo encontrado numa gruta no norte da Suíça.
“Os nossos resultados implicam que os cães já eram nossos amigos muito antes de começarmos a criar cabras, ovelhas e gado”, diz Krausse. Ou seja, a domesticação do lobo antecede o advento da agricultura e eles foram muito provavelmente domesticados pelas comunidades de caçadores-recolectores que dominaram a Europa durante a última grande Idade do Gelo.
Os cientistas especulam que o processo de domesticação terá começado com os lobos a serem atraídos pelos caçadores, cujo rasto seguiam comendo os restos de animais que eles deixavam para trás.