Faraday foi principalmente um
experimentalista, e de facto, ele foi descrito como o "melhor experimentalista na história da ciência", embora não conhecesse
matemática avançada, como
cálculo infinitesimal.
Tanto suas contribuições para a ciência, e o impacto delas no mundo,
são certamente grandes: suas descobertas científicas cobrem áreas
significativas das modernas
física e
química, e a tecnologia desenvolvida baseada em seu trabalho está ainda mais presente. A suas descobertas em
eletromagnetismo deixaram a base para os trabalhos de
engenharia no fim do
século XIX por pessoas como
Edison,
Siemens,
Tesla e
Westinghouse, que tornaram possível a
eletrificação das
sociedades industrializadas, e seus trabalhos em
eletroquímica são agora amplamente usados em
química industrial.
Na química, descobriu o
benzeno, produziu os primeiros cloretos de carbono conhecidos (
C2Cl6 e
C2Cl4), ajudou a estender as fundações da
metalurgia e
metalografia, além de ter tido sucesso em
liquefazer gases nunca antes liquefeitos (
dióxido de carbono,
cloro,
entre outros), tornando possíveis métodos de refrigeração que foram
muito usados. Talvez sua maior contribuição foi em virtualmente fundar a
eletroquímica, e introduzir termos como
eletrólito,
ânodo,
cátodo,
eletrodo e
íão.
Biografia
Michael Faraday nasceu em
Newington Butts, ao sul de
Londres. Sua família era pobre e seu pai, James Faraday, era um
ferreiro que com a mãe de Faraday, Margaret Hastwell, tinha no começo de 1791 migrado do norte da
Inglaterra
para Newington Butts, em busca de trabalho. Eles já tinham dois filhos
antes de se mudarem (um menino e uma menina), e Faraday nasceu poucos
meses depois dessa mudança. A família logo se mudou de novo, agora para
Londres,
onde o jovem Michael Faraday, um de quatro filhos (uma menina nasceu
após Faraday), recebeu os rudimentos de uma educação, aprendendo a ler,
escrever, e
aritmética.
Faraday começou a trabalhar aos 13 anos de idade, como menino de
recados de um encadernador e comerciante de livros, George Riebau, um
imigrante
francês que foi para Londres devido à
Revolução Francesa.
Em 1805, aos 14 anos, Faraday tornou-se aprendiz de Riebau, e leu
vários dos livros que encadernou durante seus sete anos de aprendizado.
Um livro que chamou sua atenção foi
Conversations of Chemistry (Palestras sobre química) de
Jane Marcet, escrito em 1805. A obra
A melhoria da mente, de
Isaac Watts, fez com que ele meditasse a respeito. Leu a
Enciclopédia Britânica (um exemplar que estava encadernando) e interessou-se muito por um artigo sobre
eletricidade.
Como resultado de suas leituras realizou experiências químicas simples: certa vez teve acesso a um livro chamado Experiências químicas,
e com o pouco dinheiro que tinha comprou instrumentos simples e começou
a fazer as experiências que estavam no livro. Assim, foi modelando sua
inteligência, desenvolvendo sua técnica. Conforme ele progredia,
aumentava o seu interesse e a sua curiosidade. Lia todos os livros de
ciência que encontrava.
Desde 1810 Faraday assistiu aulas de John Tatum (fundador de uma
sociedade filosófica), sobre diversos assuntos. Quando tinha 20 anos, em
1810, Faraday foi convidado para assistir a quatro conferências de
sir Humphry Davy, um importante químico inglês e presidente da
Royal Society
entre 1820 e 1827. Faraday tomou notas dessas conferências e, mais
tarde, redigiu-as em formato mais completo. Então, em 1812, ele escreveu
para Humphry Davy (por quem admirava muito desde que assistiu as aulas
de química), mandando cópias dessas notas. Davy respondeu para Faraday
quase imediatamente, e muito favoravelmente, além de arranjar um
encontro.
Em março de 1813, foi nomeado ajudante de laboratório da
Royal Institution por recomendação de Humphry Davy.
Davy precisava fazer uma lâmpada de segurança para ser usada nas
minas e Michael pode mostrar seu potencial, dando-lhe sugestões, pois
tinha grande capacidade analítica. Suas sugestões foram aceitas. Davy o
reconheceu e lhe deu a oportunidade de participar ativamente de suas
experiências.
Seis meses depois, Davy o convidou para acompanhá-lo como seu
“assessor filosófico” em uma série de conferências. No dia 13 de outubro
de 1813, partiram para a Europa. “Esta manhã marca uma época em minha
vida”, escreveu em seu diário. Como o criado de Davy desistiu de viajar,
Michael assumiu este papel. A viagem foi cheia de surpresas para
Michael: conheceu o mar, as montanhas, o Vesúvio; em Paris, viu
Napoleão; conheceu
Alessandro Volta,
André-Marie Ampère,
Joseph Gay-Lussac e outros cientistas.
Em 1815, de volta à Inglaterra. Michael passa a integrar o Royal
Institution, sendo conferencista ocasional. Ele e Davy concluem a
lâmpada de segurança que começou a ser usada no ano seguinte. Michael
declara que a lâmpada não era perfeitamente segura, o que desagrada ao
ego de Davy. Ingressou na Sociedade Filosófica, onde realizava
conferências sobre química, utilizando-se do que ouvia de Davy.
Em 12 de junho de 1821, Faraday casou-se com Sarah Barnard (1800-1879), não tiveram filhos.
Em 1820, Hans Cristian
Oersted
provou os efeitos magnéticos da corrente elétrica: um fio metálico
conduzindo corrente elétrica provoca o desvio de uma agulha metálica.
Em 1821,
William Hyde Wollaston
concluiu que ao aproximar um íman de um fio onde está passando corrente
elétrica o fio deveria girar em torno do íman. No dia 3 de setembro deste
ano, Faraday mostrou que uma barra de íman girava em torno de um fio
eletrizado e que um fio suspenso eletrizado girava em torno de um íman
fixo, comprovando a teoria de Wollaston. Em outubro, publicou no
“Quarterly Journal”. No natal do mesmo ano, fez com que o fio se movesse
pela influência do magnetismo terrestre.
Com uma sugestão de Davy, Faraday consegue obter cloro líquido. Escreveu, então, um comunicado para a
Royal Society. Mas Davy a lê, antes de ser enviada, e redige uma nota sobre sua participação.
Foi eleito membro da Royal Society em 1824.
Recebeu a nomeação para diretor do laboratório em fevereiro de 1825. Neste mesmo ano, isolou o
benzeno do óleo de
baleia.
Trabalhou como perito em tribunais, tendo ganho, num só ano, cinco mil dólares.
Trabalhou por quatro anos em
vidros para
ótica. Obteve várias qualidades de vidro, conseguindo aperfeiçoar o
telescópio.
Em 17 de outubro de 1831, demonstrou que era possível converter
energia mecânica em energia elétrica. Foi a primeira demonstração de um
dínamo,
que veio a ser o principal meio de fornecimento de corrente elétrica.
No dia 29 desse mês, pegou um disco de cobre preso a um cabo e um íman em
formato de ferradura. Entre os pólos do íman fez girar o disco, que
estava ligado a um
galvanómetro, a agulha se moveu com o girar do disco.
Em 1832, fundou a
eletroquímica e desenvolveu as leis da
eletrólise. Neste mesmo ano, recebeu o Diploma Honorário da Universidade de Oxford, sendo homenageado com a
medalha Copley da Royal Society, a maior honraria já concedida por ela.
Faraday teve importância na química como descobridor de dois cloretos de carbono, investigador de ligas de
aço e produtor de vários tipos novos de
vidros. Um desses vidros tornou-se historicamente importante por ser a substância em que Faraday identificou a rotação do
plano de polarização da luz quando era colocado num
campo magnético e também por ser a primeira substância a ser repelida pelos pólos de um
íman.
Particularmente, ele acreditava nas linhas de campo elétrico e
magnético como entidades físicas reais e não abstrações matemáticas.
Porém, suas descobertas no campo da electricidade ofuscaram quase que
por completo sua carreira química. Entre elas a mais importante é a
indução electromagnética, em 1831.
Em 1857, o professor Tyndall lhe oferece a presidência da Royal
Society, mas Michael recusa: “quero ser simplesmente Michael Faraday até
o fim”. Ele queria continuar com suas experiências, se fosse presidente
não teria tempo para isso.