A
Bossa Nova nasceu em
1957, quando Nara fazia reuniões no apartamento dos seus pais, localizado no edifício Champ-Elysées, em frente ao posto 4, da
Avenida Atlântica, em
Copacabana, das quais participavam nomes que seriam consagrados no género, como
Roberto Menescal,
Carlos Lyra,
Sérgio Mendes e
Ronaldo Bôscoli.
Daí em diante, Nara se reaproxima de
Carlos Lyra, que rompeu a parceria musical com Bôscoli em 1960, e de ideias mais à esquerda. Inicia um namoro com o cineasta
Ruy Guerra e casa com ele algum tempo depois. Nessa época passa a se interessar pelo samba de morro.
A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de
Vinícius de Moraes e
Carlos Lyra, na comédia
Pobre Menina Rica (
1963). O título de
musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista
Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorre após o golpe militar de
1964, com a apresentação do espetáculo
Opinião, ao lado de
João do Vale e
Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo
regime militar.
Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no
ano seguinte, interpretando
Carcará, pois Nara precisara se afastar por estar afónica. Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos
anos 1960. De
musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da
UNE. Embora os CPCs já tivessem sido extintos pela ditadura, em
1964, o espetáculo
Opinião tem forte influência do espírito cepecista. Em
1966, interpretou a
canção A Banda, de
Chico Buarque no
Festival de Música Popular Brasileira (
TV Record), que ganhou o festival e público brasileiro.
Dentre as suas interpretações mais conhecidas, destacam-se
O barquinho,
A Banda e
Com Açúcar e com Afeto - feita a seu pedido por
Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homónimo, lançado em
1980.
Desde criança se interessava por música, e passou toda sua adolescência envolvida com música: reunia-se com amigos na praia ou em casa, tocava violão e escrevia letras. Em
1957 teve o seu primeiro namorado,
Roberto Menescal, seu amigo da época de escola e que frequentava sua casa nas reuniões musicais. O relacionamento terminou de forma amigável em
1958. Mesmo assim, Nara entrou em depressão e contraiu uma hepatite, proveniente de água contaminada. Após muito tempo afastada das aulas, decide abandonar os estudos no segundo ano colegial para se dedicar somente a estudar música.
Neste mesmo ano de 1958 arranjou o seu primeiro emprego: como secretária de redação do “Tablóide UH”, caderno de utilidades comandado por Alberto Dines no jornal Última Hora, jornal esse cujo dono era Samuel Wainer, futuro marido de
Danuza Leão e cunhado de Nara. Em menos de um ano, a jovem Nara foi promovida a repórter do tablóide.
Ainda como secretária, Nara conheceu Ronaldo Bôscoli, já que ele também lá como redator, apesar de estar envolvido com a música, o que aproximou os dois. Ele passou a frequentar a casa de Nara nas rodas musicais. Em
1959, Nara e Bôscoli começam a namorar. Nesse período de namoro, Nara começa a se destacar como cantora formado por seu grupo de amigos. O namoro com Bôscoli terminou em
1961, quando ele a traiu com a cantora
Maysa, durante uma turnê em
Buenos Aires. A jovem entra em depressão e rompeu com Bôscoli, nem mesmo ficando sua amiga. No mesmo ano, começa a namorar o compositor
Carlos Lyra, porém, o relacionamento chega ao fim no fim do ano de
1961.
No início de
1962, já se apresentando pelo país com seu grupo de amigos em pequenos shows de bossa nova, conhece um compositor estrangeiro: o luso-moçambicano
Ruy Guerra. Os dois começam a namorar. Nesta época passa a se apresentar como cantora solo e de facto profissional em discotecas do Rio. Também grava o seu primeiro disco e começa a se apresentar na televisão.
Em
1963 casa-se civilmente com Ruy Guerra. Nara não se muda de bairro e continua morando com o marido em Copacabana, próxima dos seus pais. Nos anos subsequentes cresce sua fama, novos discos surgem, e ela rompe com a bossa nova, passando a cantar outros géneros musicais, se interessando em cantar samba de morro. No começo fora criticada, por acharem que ela combinava com bossa e ter sempre que cantar bossa, mas depois fora muito aplaudida, pois a sua musicalidade encaixava em qualquer melodia.
Em
1965 o seu casamento chega ao fim, por desentendimentos. A separação oficial é pedida com urgência pela cantora, e o divórcio, que costumava demorar a sair, sai no mesmo ano. Ainda em 65, a cantora passa a ficar mais conhecida, não somente pela sua belíssima voz, mas também pela sua opinião sincera e polémica sobre os assuntos que envolviam o país, como a ditadura, concedendo diversas entrevistas no rádio e na TV.
Em
1966, a cantoria faz férias e viaja por toda a
Europa e
Nova York com a família. Ao voltar, começa a trabalhar como apresentadora de programas de TV e continua gravando discos e fazendo shows. Neste ano começou a namorar o cineasta
Cacá Diegues. Depois de seis meses de namoro, o casal fica noivo.
Em
1967 começa a participar de festivais de música e a fazer shows internacionais. Em 26 de julho casa-se com Cacá Diegues. Os dois continuam vivendo em Copacabana. Com a agenda cheia de compromissos profissionais, o casal adia a viagem de lua de mel, acabando por passá-la no Rio. No fim do ano, surge um convite para Nara cantar em
Paris. Entusiasmada, leva o marido junto e lá finalmente eles têm a lua de mel que tanto planearam. Ao voltar para o Rio e por influência do marido, começa a fazer cursos de teatro e a fazer participações como atriz no cinema.
No ano de
1968 começa a apresentar musicais em teatros de
Ipanema. Também passa a se envolver mais com política, e junto com o marido, participa de protestos e manifestações públicas contra a ditadura. Nara começa a compor melodias contra o governo militar, indo claramente contra a ditadura, o que passa e incomodar os governantes, que instalaram a censura.
Em
1969, Nara aparece cantando rapidamente no filme dirigido pelo marido,,
Os Herdeiros, assim como
Caetano Veloso. Diminui os seus shows no Brasil, pois vê-se ameaçada no país: o governo estava mandando prender qualquer um que fosse contra a ditadura. Recebe um convite e viaja para fazer uma temporada de shows em
Portugal. Neste ano sua carreira já a estava incomodando, pois não podia ir em nenhum lugar que já era perseguida por fãs. Estava visivelmente estressada.
Em agosto, viaja para
Londres, onde nas rádios e TV's locais dá entrevistas dizendo que sua carreira de cantora está encerrada. Ela e o marido voltam ao Brasil, na esperança de estar tudo mais calmo, como noticiavam as rádios. Nara recebe ameaças do governo, de colocá-la na cadeia, por ela ter feito músicas de oposição à ditadura e o marido por dirigir filmes que retratavam o que se passava no país. Assustada, ela e o marido viajam para Paris, onde compram uma casa e passam a viver.
Em
1970 volta atrás em sua decisão e passa a fazer pequenos shows. No início do ano descobre estar grávida, o que é uma grande felicidade, para ela e seu marido, Cacá. Em
28 de setembro de
1970, em Paris, nasce a primeira filha do casal,
Isabel. Em abril de 71, Quando a filha completou 7 meses de vida, Nara descobre estar novamente grávida, o que é uma enorme surpresa e emoção a ela e Cacá.
A 1 de janeiro de
1972, Nara e Cacá voltam a morar no Brasil. No dia 17, no bairro de Copacabana, nasce o segundo filho do casal: Francisco.
Nara passa a gravar algumas músicas e participar de pequenos festivais. Não quer mais a agitação da carreira que antes tinha, e passa a se dedicar exclusivamente ao marido e aos filhos. Ainda em 1972 ela faz um dos papeis principais do filme musical de Cacá Diegues,
Quando o Carnaval Chegar.
Em
1973 participa como atriz de alguns filmes e passa a fazer pequenos shows pelo Brasil. Neste ano, volta a estudar, e termina o último ano do colegial, atual
ensino médio, antigo científico.
Em
1974, grava alguns discos e participa de festivais. Passou no vestibular de
Psicologia na
PUC-RJ. Ser psicóloga era um antigo desejo que possuía, e seguiria esta profissão, caso não fosse cantora. Agora que tinha diminuído seu ritmo de trabalho, passa a se dedicar aos estudos, filhos e casamento, porem sem deixar a música de lado, sua maior inspiração. De fato, Nara planeava abandonar a música mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e modificando o estilo dos espetáculos, pois considerava muito cansativa a vida de uma cantora, já que agora tinha uma família para se preocupar constantemente.
No ano de
1975 fez poucos trabalhos, gravando e lançando apenas um disco, que foi sucesso de vendas, o que a fez ganhar o troféu de
Melhor Cantora do Ano.
Em
1976 não trabalhou, e tirou este ano para estudar e cuidar do lar. Em
1977 volta com força total, lançando novos discos, viajando o Brasil participando de espetáculos, fazendo novas amizades no ramo musical, que lhe abriram portas, gravando música de outros cantores, também escrevendo e compondo suas melodias, e se apresentando em rádio e TV.
Por desentendimentos constantes nos último anos, Nara e Cacá divorciam-se mas, de comum acordo, a cantora continuou assinando o sobrenome do marido, Diegues.
No ano de
1978, divulga discos e passa a fazer shows nacionais e internacionais. Os seus estudos na Faculdade de Psicologia têm de ser interrompidos para Nara manter a sua agenda de cantora.
Em
1979, tendo muito sucesso, Nara sentiu-se muito mal, com dores fortes de cabeça, tonturas e desmaio, e ficou internada. A cantora descobre possuir um tumor inoperável no cérebro. Ele surgiu de um coágulo e jamais poderia ser operado, pois estava numa área delicada do cérebro. Caso fosse operada, a cantora faleceria na cirurgia e caso sobrevivesse, teria sequelas, como ficar cega ou paralítica. Apavorada, a partir daí entrou em depressão e começou a tomar remédios fortíssimos para tentar diminuir o tumor, que era benigno. A descoberta desta doença contribuiu para Nara abandonar a carreira musical, mas voltou atrás e, no ano seguinte, regressou com muito sucesso.
Apesar de seu emocional abalado, isso não a fez se entregar a depressão: Nos
anos 80 fez muito sucesso, viajando o Brasil e o mundo, lançando novos discos, gravando canções, atuando em musicais no teatro e fazendo parcerias musicais. Nesta época viajou para o
Japão, onde divulgou a Música Popular Brasileira. De vez e quando passava mal em algum show, mas logo se restabelecia. Começa a fazer shows sozinha com seu violão, e também volta a se interessar por política, participando de eventos públicos a favor da eleição direta para presidente no Brasil.
Em
1986 a sua saúde piora, passando a ter dores mais fortes de cabeça e esquecimento das coisas que fazia. Sua dose de remédios fora aumentada e descobriu-se que o seu tumor inicialmente cresceu, mas depois diminuiu, porém não desaparecia. Nara passa a maior parte do ano em repouso e internada, apesar de ainda fazer pequenos shows pela Zona Sul do Rio.
Em
1987 e
1988, tem uma considerável melhora de saúde e passa a fazer temporadas de shows em casas noturnas do Rio com alguns integrantes de seu grupo de bossa nova da adolescência.