Formado em
Engenharia, não quis seguir a carreira preferindo voltar-se para o
magistério e o
jornalismo. Em
1873, foi aprovado no concurso para o
Colégio Pedro II para a cadeira de
Português,
Geografia e
Aritmética, disciplinas que formavam o primeiro ano do curso. Em
1915,
com a reforma da instrução secundária, desapareceu aquilo que Ramiz
Galvão chamara de "anomalia" - a reunião de três disciplinas tão
díspares numa mesma cadeira - e Laet foi então nomeado professor de
Língua Portuguesa.
Por um momento, deixou-se seduzir pela
política. Em
1889 os seus amigos monárquicos insistiram com ele para aceitar uma cadeira de
Deputado. Eleito, a
Proclamação da República privou-o da cadeira. Manteve-se monárquico - e fiel ao imperador
D. Pedro II.
Proclamada a República, deliberou o Governo Provisório extinguir
quaisquer reminiscências do antigo regime, e uma das medidas que tomou
foi substituir o nome do
Colégio Pedro II pelo de
Instituto Nacional de Instrução Secundária.
Na sessão da congregação da casa de
2 de maio de
1890,
Laet requereu fosse feito um apelo ao governo republicano para
conservar-se o nome antigo do estabelecimento. Mas a grande maioria dos
professores era então republicana. No dia seguinte, o Diário Oficial
trazia a demissão de Carlos de Laet. Pouco depois,
Benjamin Constant, o primeiro ministro da Educação do novo governo, conseguia transformar o ato de demissão em reforma. Só no governo de
Venceslau Brás foi ele reconduzido ao seu posto no magistério secundário.
Carlos de Laet exerceu, desde então, até aposentar-se, em
1925,
o seu cargo de professor, sendo também, durante longos anos, diretor
do Internato Pedro II. Foi professor do Externato de São Bento e do
Seminário de São José, entre outros estabelecimentos de ensino
particular.
No jornalismo, estreou no
Diário do Rio em
1876, passando em
1878 para o
Jornal do Commercio, onde durante dez anos escreveu os textos do seu "Microcosmo". Trabalhou também, como colaborador ou como redator, na
Tribuna Liberal, no
Jornal do Brasil, no
Jornal do Commercio de São Paulo
e do Jornal, nos quais deixou uma vasta produção de páginas sobre
arte, história, literatura, crítica de poesia e crítica de costumes.
Por suas
convicções monárquicas sofreu perseguição também em
1893, por ocasião da
Revolta da Armada.
Orgulhava-se de não ter embainhado "o pedaço da espada que me
quebraram em 89". No entanto, ter-lhe-ia sido mais cómodo aderir ao
novo regime. Mesmo porque à República só poderia ser grato e proveitoso
o apoio de um homem como ele. O jornalista refugiou-se então em
São João del-Rei,
onde dedicou-se a escrever o livro "Em Minas". Católico fervoroso,
serviu à Igreja no Brasil, como presidente do Círculo Católico da
Mocidade, sendo-lhe conferido pelo Vaticano o título de Conde.
Ferrenho opositor do movimento nascido em São Paulo com a
Semana de Arte Moderna de 1922 ironizou e combateu o Modernismo.
Graça Aranha foi alvo de suas críticas e zombarias, tendo-lhe fornecido assunto para três sonetos
galhofeiros.
Tendo produzido um acervo jornalístico que, reunido em livros, chegaria
a dezenas de volumes, Carlos de Laet deixou bem poucas obras
publicadas.
Triste filosofia
Ia a Rosa vestir-se, e do vestido
Uma voz se desprende e assim murmura:
"Muitas morremos de uma morte escura,
Por que te envolva sérico tecido!"
Ia toucar-se, e escuta-se um gemido
Do marfim que as madeixas lhe segura:
"Por dar-te o afeite desta minha alvura,
Jaz na selva meu corpo sucumbido!"
Põe um colar, e a pérola mais fina:
"Para pescar-me quantos párias, quantos!
Padeceram no mar lúgubres sortes!"
E Rosa chora: "Oh! desditosa sina!
Todo sorriso é feito de mil prantos,
Toda a vida se tece de mil mortes!"
Carlos de Laet