“Revoltante”. 25 anos depois, pegadas de dinossauro de Pego Longo continuam ao abandono
Monumento Natural de Carenque
As pegadas de dinossauro de Pego Longo, em Sintra, estão votadas ao abandono, afogadas num mar de vegetação, depois de há 25 anos terem sido declaradas Monumento Natural. Nem a Câmara, nem o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) querem tratar da sua conservação.
O Monumento Natural de Carenque, assim designado pela
proximidade da jazida de pegadas de dinossauro à localidade da Amadora
com este nome, continua abandonado.
As pegadas foram descobertas em 1986 no âmbito das
obras da Circular Regional Exterior de Lisboa (CREL). O achado levou à
construção de dois túneis sob a jazida, com o intuito de proteger as
pegadas, numa obra que custou 8 milhões de euros.
Em 1997, o trilho de pegadas que é um dos mais longos do mundo referente ao período do Cretácico Superior, foi classificado como Monumento Natural.
Quatro anos depois, em 2001, a Câmara de Sintra aprovou um projeto para a construção do Museu e Centro de Interpretação de Pego Longo. Mas a obra continua por nascer por falta de verbas.
Assim, as pegadas de Pego Longo estão, atualmente, tapadas pela vegetação e em profunda degradação.
O desmazelo e o desinteresse da autarquia e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em protegerem o Monumento Natural levou à “degradação com destruição parcial da jazida”, lamenta o geólogo António Galopim de Carvalho, professor da Universidade de Lisboa que, desde 1986, tem tentado proteger este património.
Num artigo de opinião no Público, Galopim de Carvalho critica “o total abandono e negligência das entidades que tinham, por lei, obrigação de vigiar e proteger” este património, apontando o dedo às “duas últimas vereações da autarquia” e ao ICNF.
“É revoltante”, considera, por seu turno, o paleontólogo Octávio Mateus em declarações ao jornal I.
Em 2020, noticiou-se que a jazida com as pegadas estava a ser usada como uma lixeira clandestina.
Um Tribunal já determinou que cabe ao ICNF, que integra o Ministério do Ambiente, bem como à autarquia, conservar pelo trilho jurássico. Mas as duas entidades enjeitam responsabilidades e recorreram da decisão para o Tribunal da Relação.
Entretanto, Galopim de Carvalho apela a que, “pelo menos, se tente travar a degradação em curso, protegendo eficazmente a jazida, na espera de melhores dias”.
in ZAP