Estátua de Bartolomeu Dias em Londres
Dele não se conhecem os antepassados, mas mercês e armas a ele outorgadas passaram aos seus descendentes. O seu irmão era
Diogo Dias, também experiente navegador. Há quem o diga descendente de
Dinis Dias escudeiro de
D. João I e como navegador descobrira
Cabo Verde em 1445. Ignora-se onde e quando nasceu, no entanto alguns historiadores sustentam ter ele nascido em
Mirandela (freguesia),
Mirandela,
Trás-os-Montes e Alto Douro. Sobre a sua família sabe-se apenas que um parente,
Dinis Dias, na década de 1440 terá comandado expedições marítimas ao longo da costa do Norte de África, tendo visitado as ilhas de
Cabo Verde.
Biografia
Obras
Marinheiro experiente, o primeiro a chegar ao
Cabo das Tormentas,
como o batizou em 1488 (chamado assim pois lá encontrou grandes
vendavais e tempestades), um dos mais importantes acontecimentos da
história das navegações. A expedição partiu de
Lisboa em agosto de 1487 a bordo levavam dois negros e quatro negras, capturados por
Diogo Cão
na costa ocidental africana. Bem alimentados e vestidos, serão largados
na costa oriental para que testemunhem junto daquelas populações
daquelas regiões a bondade e grandeza dos portugueses, e ao mesmo tempo
recolher informações sobre o reino do
Preste João. Em dezembro atingiu a costa da actual
Namíbia, o ponto mais a sul cartografado pela expedição de Diogo Cão. Continuando para sul, descobriu primeiro a
Angra dos Ilhéus,
sendo assaltado, em seguida, por um violento temporal. Treze dias
depois, procurou a costa, encontrando apenas o mar. Aproveitando os
ventos vindos da
Antártica
que sopram vigorosamente no Atlântico Sul, navegou para nordeste,
redescobrindo a costa, que aí já tinha a orientação este-oeste e norte
(já para leste do
Cabo da Boa Esperança,
que foi renomeado pelo rei português D. João II, assegurando a
esperança de se chegar à Índia, para comprar as tão necessárias
especiarias e outros artigos de luxo. Antes para se chegar à Índia era
preciso apenas cruzar o Mar Mediterrâneo passando por
Génova e
Veneza, que eram grandes centros comerciais graças ao
Renascimento,
só que eram agora dominados pelos turcos. Precisando então cruzar o
Atlântico, chamado naquele tempo de O Mar Tenebroso, acreditando-se que
nele havia monstros devoradores de embarcações e dar a volta na África,
para se chegar à Índia), continuou para leste, cartografando diversas
baías da costa da actual
África do Sul (úteis no futuro como
portos naturais), e chegando até à
baía de Algoa (800 km a leste do cabo da Boa Esperança), então conhecido como
Cabo das Tormentas.
No entanto, a tripulação revoltada obrigou o
capitão a regressar a
Portugal pela linha da costa para oeste. No regresso, com a costa sempre visível, descobriu o
Cabo das Agulhas, o ponto mais a sul do continente, e o
Cabo das Tormentas, actual
Cabo da Boa Esperança, cuja
longitude
tinha contornado por alto mar na viagem de ida, nessa viagem de volta
colocou padrões de pedra nos principais pontos descobertos: a atual
False Island, a ponta do Cabo das Tormentas, então descoberto, e o Cabo
da Volta, hoje Diaz Point. Regressou a Lisboa em dezembro de 1488. O
sucesso da sua descoberta do caminho para a Índia não foi recompensado.
Acompanhou a construção dos navios e acompanhou a esquadra de
Vasco da Gama,
em 1499 como capitão de um dos navios que tinha como destino até São
Jorge da Mina. A expedição partiu em 1497. Em 1500, acompanhou
Pedro Álvares Cabral na famosa viagem em que este descobriu o
Brasil. Quando a frota seguia para a
Índia, o navio em que ia Bartolomeu Dias naufragou e o valente marinheiro achou a morte junto da sua descoberta mais famosa - o
Cabo da Boa Esperança.
Bartolomeu Dias foi o primeiro navegador a navegar longe da costa no
Atlântico Sul. A sua viagem, continuada por Vasco da Gama, abriu o
caminho marítimo para a Índia.
Seria em 1500 o principal navegador da esquadra de
Pedro Álvares Cabral. A carta de
Pero Vaz de Caminha
faz diversas referências a ele, apontando para a confiança que nele
tinha o capitão-mor. Quando a armada de Cabral navegava em direção ao
Cabo, após a sua estada no Brasil, um forte temporal causou o naufrágio
de quatro naus, entre elas a sua própria nau.
Biografia
Em 1486, o Rei D. João II passou o comando de uma expedição marítima a
Bartolomeu Dias. A missão era procurar e estabelecer relações pacíficas
com um legendário rei cristão africano, conhecido como Prestes João.
Ele tinha ordens também de explorar o litoral africano e encontrar uma
rota para as Índias.
As duas caravelas de 50 toneladas e uma naveta auxiliar passaram
primeiro pela angra dos Ilhéus (atual baía de Spencer) e o cabo das
Tormentas. Entraram em seguida num violento temporal. Ficaram treze dias
sem controle, enfrentando o vento e as ondas. Quando o mar acalmou,
navegaram para leste em busca da costa, mas só encontraram mar.
Decidiram, então, ir para o norte, onde acharam diversos portos. Ao
encontrar a foz de um rio, que batizaram de rio do Infante, a tripulação
obrigou o capitão a voltar. Era o final de janeiro e início de
fevereiro de 1488.
Bartolomeu Dias deu-se conta então que passara pelo extremo sul da
África, o cabo que, por conta da tempestade, ele havia chamado de cabo
das Tormentas. O rei D. João II viu a novidade com outros olhos e mandou
mudar o nome para Boa Esperança. Afinal, uma expedição portuguesa provara que havia um caminho alternativo para o comércio com o Oriente.
A primeira representação cartográfica das zonas exploradas por Bartolomeu Dias é o planisfério de
Henrique Martelo Germano.
Em 1652, o mercador holandês Jan van Riebeeck fundaria um posto
comercial na região que, mais tarde, se tornaria a Cidade do Cabo.
Bartolomeu Dias voltou ao mar em 1500, no comando de um dos navios da frota de
Pedro Álvares Cabral.
Após passar pelas costas brasileiras, a caminho da Índia, Bartolomeu
Dias morreu quando sua caravela naufragou, ironicamente, no cabo da Boa
Esperança. Frágil, a caravela era um barco rápido, pequeno e de fácil
manobra. Em caso de necessidade, podia ser movida a remo.
Os dados biográficos do navegador anteriores a essas viagens são
escassos e contraditórios. A data de nascimento é ignorada. Foi
Escudeiro Fidalgo da
Casa Real e Administrador do Armazém da Guiné, e sabe-se que descendia de
Dinis Dias.
Há informações sobre um certo Bartolomeu Dias, mercador entre Lisboa e
a Itália nos anos de 1475 e 1478; porém, pode ser outra pessoa com o
mesmo nome.
No entanto, o seu feito nas costas africanas o fez ser imortalizado pelos
dois mais famosos poetas portugueses. Além de ser personagem de Camões,
em Os Lusíadas, Fernando Pessoa fez-lhe um epitáfio na Mensagem:
"Jaz aqui, na pequena praia extrema,/ O Capitão do Fim. Dobrado o
Assombro,/ O mar é o mesmo: já ninguém o tema!/ Atlas, mostra alto o
mundo no seu ombro."
Casamento e descendência
Casou não se sabe com quem, mas supõe-se que fosse da família de
Novais, pois os seus filhos levam este apelido, e teve dois filhos:
- Simão Dias de Novais, casado com Joana Dias
António Dias de Novais,
Cavaleiro da
Ordem de Cristo, casado com Joana Fernandes, filha de Fernão Pires e de sua mulher Guiomar Montês, de quem teve um filho e uma filha:
- Paulo Dias de Novais
Guiomar de Novais, casada primeira vez com D. Rodrigo de Castro, viúvo
de Leonor de Cabedo, com geração, e segunda vez com Pedro Correia da
Silva, sem geração:
- D. Paula de Novais, solteira e sem geração
- D. Violante de Castro, solteira e sem geração
Bartolomeu Dias
Eu não cheguei ao fim.
Dobrei o Cabo, mas havia em mim
Um herói sem remate.
Quando os loiros da fama me sorriam,
Aceitei o debate
Do meu destino de predestinado
Com singelos destinos que teriam
Um futuro apagado,
Fosse qual fosse a glória prometida.
E sempre que uma nau enfrenta o mar e o teme,
E regressa vencida,
Sou eu que venho ao leme
Com a Índia perdida.
in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga