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quinta-feira, maio 10, 2018
Os nazis começaram a Bücherverbrennung (queima de livros) há 85 anos...
Bücherverbrennung significa em alemão literalmente queima de livros. É um termo muitas vezes associado à acção propagandística dos nazis, organizada entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler.
Em várias cidades alemãs foram organizadas nesta data queimas de livros
em praças públicas, com a presença da polícia, bombeiros e outras
autoridades.
Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo
regime nazi foi destruído. Centenas de milhares de livros foram
queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de
estudantes (Verbindungen).
Os estudantes, em particular os estudantes membros das Verbindungen, membros das SA e SS participaram nestas queimas. A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs NSDStB e a ASTA,
que, com grande zelo, competiram entre si, tentando cada uma provar que
era melhor do que a outra. Foram queimados cerca de 20.000 livros, a
maioria dos quais pertencentes às bibliotecas públicas, de autores
oficialmente tidos como "pouco alemães" (undeutsch).
O poeta nazi Hanns Johst
foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão dos nazis
ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã
de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Autores banidos
Entre os livros queimados pelos nazis contavam-se obras quer de
autores falecidos como também contemporâneos, perseguidos pelo regime,
muitos deles tendo emigrado. Na lista encontramos entre outros:
Thomas Mann, Heinrich Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Lion Feuchtwanger, Leonhard Frank, Erich Kästner (que anónimo assistia na multidão), Alfred Kerr, Robert Musil, Carl von Ossietzky, Erich Maria Remarque, Joseph Roth, Nelly Sachs, Ernst Toller, Kurt Tucholsky, Franz Werfel, Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx, Heinrich Heine e Ricarda Huch.
"Queimem os meus Livros!"
Oskar Maria Graf
não foi incluido na lista. Para seu espanto, os seus livros não foram
banidos como até foram recomendados pelos Nazis. Em resposta, ele
publicou um artigo intitulado "Verbrennt mich! (Queimem-me!) no jornal
"Wiener Arbeiterzeitung" (Jornal do Trabalhador Vienense - texto em
alemão aqui). Em 1934 o seu desejo foi tornado realidade e os seus livros foram também banidos pelos nazis.
Repercussões
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca
resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com
oportunismo, enquanto a burguesia se distanciou, passando a
responsabilidade aos académicos. Também outros países
acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a
queima como resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn
lhe retirou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao Reitor:
"Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre
minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já
estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um
emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"
Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes.
Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou
os ditames culturais do regime nazista: "A centralização, a opressão,
os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os
autoelogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar", justificou.
Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos
nazistas.
Como disse o poeta Heinrich Heine: "Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas."
in Wikipédia
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Marcadores: Bücherverbrennung, censura, Hitler, nazis, Oskar Maria Graf, queima de livros
sábado, maio 10, 2014
Há 81 anos os nazis começaram a Queima de Livros
Bücherverbrennung significa, em alemão, literalmente, Queima de Livros. É um termo muitas vezes associado à ação propagandística dos nazis, organizada entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler. Em várias cidades alemãs foram organizadas queimas de livros em praças públicas, com a presença da polícia, bombeiros e outras autoridades.
Tudo o que fosse crítico ou se desviasse dos padrões impostos pelo regime nazi foi destruído. Centenas de milhares de livros foram queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de estudantes (Verbindungen).
Os estudantes, em particular os estudantes membros das Verbindungen, membros das SA e SS participaram nestas queimas. A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs NSDStB e a ASTA, que com grande zelo competiram entre si tentando cada uma provar que era melhor do que a outra. Foram queimados milhares de cerca de 20.000 títulos de livros, a maioria dos quais pertencentes às bibliotecas públicas, de autores oficialmente tidos como "pouco alemães" (undeutsch).
O poeta nazi Hanns Johst foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão dos nazis ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Autores banidos
Entre os livros queimados pelos Nazis contavam-se obras quer de autores falecidos como também contemporâneos, perseguidos pelo regime, muitos deles tendo emigrado. Na lista encontramos entre outros:
Thomas Mann, Heinrich Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Lion Feuchtwanger, Leonhard Frank, Erich Kästner (que anónimo assistia na multidão), Alfred Kerr, Robert Musil, Carl von Ossietzky, Erich Maria Remarque, Joseph Roth, Nelly Sachs, Ernst Toller, Kurt Tucholsky, Franz Werfel, Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx, Heinrich Heine e Ricarda Huch.
"Queimem os meus livros!"
Oskar Maria Graf não foi incluído na lista. Para seu espanto, os seus livros não foram banidos como até foram recomendados pelos nazis. Em resposta, ele publicou um artigo intitulado "Verbrennt mich! (Queimem-me!) no jornal de Viena "Arbeiter-Zeitung" (Jornal dos Trabalhadores). Em 1934 o seu desejo foi tornado realidade e os seus livros foram também banidos pelos Nazis.
Repercussão
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com oportunismo, enquanto a burguesia nada fez, passando a responsabilidade para os universitários. Também os outros países acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a queima como resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bona lhe retirou o título de Doutor Honoris Causa, ele escreveu ao reitor: "Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"
Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes. Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou os ditames culturais do regime nazi: "A centralização, a opressão, os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os auto-elogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar", justificou. Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos nazis.
Como disse o poeta Heinrich Heine: "Onde se queimam livros, acaba por se queimar pessoas."
Memorial sobre a queima de livros, no chão de Praça de Römerberg, à frente da Câmara de Frankfurt
Outros
Em Munique foi usada a Königsplatz, no dia 10 de Maio de 1933 e, em Berlim, a Opernplatz. A Deutsche Freiheitsbibliothek (Biblioteca Alemã da Liberdade), inaugurada em Paris um ano depois da queima de livros, reunindo obras de autores banidos (mais de onze mil volumes), por Heinrich Mann.
in Wikipédia
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domingo, maio 12, 2013
Há 80 anos, um escritor teve de pedir aos estúpidos dos nazis que queimassem os seus livros
Oskar Maria Graf (Berg, 22 de julho de 1894 - Nova Iorque, 28 de junho de 1967) foi um escritor alemão.
Ele escreveu várias novelas e narrativas socialistas-anarquistas sobre a vida na Baviera, consideradas um pouco autobiográficas.
Inicialmente usou o seu verdadeiro nome, Oskar Graf. Depois de 1918, passou a usar o pseudónimo de Oskar Graf-Berg, sobretudo em artigos de revistas e jornais; para trabalhos que considerava mais sérios, ele passou a assiná-los com o nome de Oskar Maria Graf.
(...)
Em 17 de fevereiro de 1933, ele viajou para Viena, uma viagem que deu início ao seu exílio voluntário da Alemanha natal. Os seus livros, inicialmente, não foram destruídos durante a Queima de Livros nazi, sendo, curiosamente, uma leitura recomendada pelo regime. Como resultado desta decisão, em 12 de maio de 1933, ele publicou, no jornal de Viena Arbeiter-Zeitung ("Jornal dos Trabalhadores") o seu famoso apelo anti-nazi, Verbrennt mich! ("Queimem-me!"). Os nazis, por causa do conteúdo aparentemente pertencente ao Movimento Völkisch, pensavam que os livros eram conformes à ideologia oficial do III Reich.
Um ano depois, em 1934, os seus livros foram finalmente proibidos na Alemanha.
in Wikipédia
Memorial recordando a Queima dos Livros de 1933, em Frankfurt
Die Bücherverbrennung
Als das Regime befahl, Bücher mit schädlichem Wissen
Öffentlich zu verbrennen, und allenthalben
Ochsen gezwungen wurden, Karren mit Büchern
Zu den Scheiterhaufen zu ziehen, entdeckte
Ein verjagter Dichter, einer der besten, die Liste der
Verbrannten studierend, entsetzt, daß seine
Bücher vergessen waren. Er eilte zum Schreibtisch
Zornbeflügelt, und schrieb einen Brief an die Machthaber.
Verbrennt mich! schrieb er mit fliegender Feder, verbrennt mich!
Tut mir das nicht an! Laßt mich nicht übrig! Habe ich nicht
Immer die Wahrheit berichtet in meinen Büchern? Und jetzt
Werd ich von euch wie ein Lügner behandelt! Ich befehle euch, Verbrennt mich!
Bertolt Brecht
NOTA: para os nossos leitores que não sabem alemão, tal como eu, aqui fica a tradução do poema anterior, feita por um grande Professor da Universidade de Coimbra:
A QUEIMA DOS LIVROS
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
in Poemas (2007) - Bertolt Brecht (versão portuguesa de Paulo Quintela)
Als das Regime befahl, Bücher mit schädlichem Wissen
Öffentlich zu verbrennen, und allenthalben
Ochsen gezwungen wurden, Karren mit Büchern
Zu den Scheiterhaufen zu ziehen, entdeckte
Ein verjagter Dichter, einer der besten, die Liste der
Verbrannten studierend, entsetzt, daß seine
Bücher vergessen waren. Er eilte zum Schreibtisch
Zornbeflügelt, und schrieb einen Brief an die Machthaber.
Verbrennt mich! schrieb er mit fliegender Feder, verbrennt mich!
Tut mir das nicht an! Laßt mich nicht übrig! Habe ich nicht
Immer die Wahrheit berichtet in meinen Büchern? Und jetzt
Werd ich von euch wie ein Lügner behandelt! Ich befehle euch, Verbrennt mich!
Bertolt Brecht
NOTA: para os nossos leitores que não sabem alemão, tal como eu, aqui fica a tradução do poema anterior, feita por um grande Professor da Universidade de Coimbra:
A QUEIMA DOS LIVROS
Quando o Regime ordenou que queimassem em público
Os livros de saber nocivo, e por toda parte
Os bois foram forçados a puxar carroças
Carregadas de livros para a fogueira, um poeta
Expulso, um dos melhores, ao estudar a lista
Dos queimados, descobriu, horrorizado, que os seus
Livros tinham sido esquecidos. Correu para a secretária
Alado de cólera e escreveu uma carta aos do Poder
Queimai-me! escreveu com pena veloz, queimai-me!
Não me façais isso! Não me deixeis de lado! Não disse eu
Sempre a verdade nos meus livros? E agora
Tratais-me como um mentiroso! Ordeno-vos:
Queimai-me!
in Poemas (2007) - Bertolt Brecht (versão portuguesa de Paulo Quintela)
Postado por Fernando Martins às 08:00 0 bocas
Marcadores: Bertold Brecht, Bücherverbrennung, censura, nazis, Oskar Maria Graf, poesia, queima de livros
sexta-feira, maio 10, 2013
Os nazis começaram a Bücherverbrennung (queima de livros) há 80 anos...
Bücherverbrennung significa em alemão literalmente queima de livros. É um termo muitas vezes associado à acção propagandística dos nazis, organizada entre 10 de maio e 21 de junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler.
Em várias cidades alemãs foram organizadas nesta data queimas de livros
em praças públicas, com a presença da polícia, bombeiros e outras
autoridades.
Tudo o que fosse crítico ou desviasse dos padrões impostos pelo
regime nazi foi destruído. Centenas de milhares de livros foram
queimados no auge de uma campanha iniciada pelo diretório nacional de
estudantes (Verbindungen).
Os estudantes, em particular os estudantes membros das Verbindungen, membros das SA e SS participaram nestas queimas. A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs NSDStB e a ASTA,
que com grande zelo competiram entre si tentando cada uma provar que
era melhor do que a outra. Foram queimados cerca de 20.000 livros, a
maioria dos quais pertencentes às bibliotecas públicas, de autores
oficialmente tidos como "pouco alemães" (undeutsch).
O poeta nazi Hanns Johst
foi um dos que justificou a queima, logo depois da ascensão dos nazis
ao poder, com a "necessidade de purificação radical da literatura alemã
de elementos estranhos que possam alienar a cultura alemã".
Autores banidos
Entre os livros queimados pelos nazis contavam-se obras quer de
autores falecidos como também contemporâneos, perseguidos pelo regime,
muitos deles tendo emigrado. Na lista encontramos entre outros:
Thomas Mann, Heinrich Mann, Walter Benjamin, Bertold Brecht, Lion Feuchtwanger, Leonhard Frank, Erich Kästner (que anónimo assistia na multidão), Alfred Kerr, Robert Musil, Carl von Ossietzky, Erich Maria Remarque, Joseph Roth, Nelly Sachs, Ernst Toller, Kurt Tucholsky, Franz Werfel, Sigmund Freud, Albert Einstein, Karl Marx, Heinrich Heine e Ricarda Huch.
"Queimem os meus Livros!"
Oskar Maria Graf
não foi incluido na lista. Para seu espanto, os seus livros não foram
banidos como até foram recomendados pelos Nazis. Em resposta, ele
publicou um artigo intitulado "Verbrennt mich! (Queimem-me!) no jornal
"Wiener Arbeiterzeitung" (Jornal do Trabalhador Vienense - texto em
alemão aqui). Em 1934 o seu desejo foi tornado realidade e os seus livros foram também banidos pelos nazis.
Repercussões
A opinião pública e a intelectualidade alemãs ofereceram pouca
resistência à queima. Editoras e distribuidoras reagiram com
oportunismo, enquanto a burguesia se distanciou, passando a
responsabilidade aos académicos. Também outros países
acompanharam a destruição de forma distanciada, chegando a minimizar a
queima como resultado do "fanatismo estudantil".
Entre os poucos escritores que reconheceram o perigo e tomaram uma posição estava Thomas Mann, que havia recebido o Nobel de Literatura em 1929. Em 1933, ele emigrou para a Suíça e, em 1939, para os Estados Unidos. Quando a Faculdade de Filosofia da Universidade de Bonn
lhe retirou o título de doutor honoris causa, ele escreveu ao Reitor:
"Nestes quatro anos de exílio involuntário, nunca parei de meditar sobre
minha situação. Se tivesse ficado ou retornado à Alemanha, talvez já
estivesse morto. Jamais sonhei que no fim da minha vida seria um
emigrante, despojado da nacionalidade, vivendo desta maneira!"
Também Ricarda Huch retirou-se da Academia Prussiana de Artes.
Na carta ao seu presidente, em 9 de abril de 1933, a escritora criticou
os ditames culturais do regime nazista: "A centralização, a opressão,
os métodos brutais, a difamação dos que pensam diferente, os
autoelogios, tudo isso não combina com meu modo de pensar", justificou.
Em 1934, a "lista negra" incluía mais de três mil obras proibidas pelos
nazistas.
Como disse o poeta Heinrich Heine: "Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas."
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