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Ian Curtis decidiu seu destino após assistir a uma apresentação dos
Sex Pistols em
1976, onde ele se convenceu de que queria estar no palco, e não no meio do público. Ian então conheceu os jovens
Bernard Sumner e
Peter Hook. Ian tinha visto o cartaz dos dois jovens que estavam tentando formar uma banda e ele propôs-se a ser o vocalista e escritor das letras - e os três então firmaram o acordo.
Os três recrutaram (e rejeitaram) uma sucessão de
bateristas até a decisão de aceitar
Stephen Morris como o quarto membro da banda, que se chamou
Warsaw durante um curto período de tempo até mudar seu nome para
Joy Division, em
1978, por causa de conflitos com o nome de uma outra banda, os
Warsaw Pact.
Diz-se que a persistência de Ian Curtis ajudou a assegurar à banda um
contrato de gravação com a hoje lendária gravadora
Factory Records, de
Tony Wilson. Ian convenceu Tony Wilson a permitir sua banda tocar
"Shadowplay" no
Granada Reports — um programa regional de
televisão apresentado por Tony. Após estabelecer a Factory Records com
Alan Erasmus, Tony Wilson aceitou a banda no seu selo.
Durante as apresentações do Joy Division, Ian Curtis desenvolveu um estilo único de
dançar, reminiscente dos
ataques epiléticos dos quais sofria, algumas vezes no palco. O efeito era tal que as pessoas que estavam no público não sabiam se ele estava dançando ou tendo um ataque. Ele algumas vezes desmaiou e teve de ter atendimento médico ainda no palco, já que sua saúde sofria com a intensa rotina de apresentações dos Joy Division. A primeira crise epilética de Ian aconteceu no dia
27 de dezembro de
1978, quando a banda voltava de seu primeiro show realizado em
Londres, no
pub Hope and Anchor.
Muitas das canções que Ian Curtis escreveu são carregadas com imagens de dor emocional, morte, violência, alienação e degeneração urbana. Tais temas recorrentes levaram os fãs e a esposa de Ian,
Deborah, a acreditar que Ian escrevia sobre sua própria vida. Ian certa vez comentou a respeito numa entrevista: "
Escrevo sobre as diferentes formas que diferentes pessoas lidam com certos problemas, e como essas pessoas podem se adaptar e conviver com eles".
Ian cantava com um estranho timbre
baixo-barítono, o que fazia com que sua voz parecesse pertencer a alguém muito mais velho que ele realmente era. Ele também era fascinado pela
escaleta Hohner, um instrumento que foi mostrado a ele pela esposa de Tony Wilson, Lindsey Reade, pouco tempo antes da morte de Ian. Ele utilizou o instrumento ao vivo pela primeira vez durante uma passagem de som do
Leigh Rock Festival em
1979, após o que ele adquiriu uma coleção de oito desses instrumentos. A fascinação de Ian Curtis pela escaleta levaria Bernard Sumner a utilizar o instrumento tempos depois, nos
New Order.
Os Joy Division, e, em particular, Ian Curtis, tiveram o seu estilo de gravação desenvolvido pelo produtor
Martin Hannett. Alguns de seus trabalhos mais inovadores foram criados no Cargo Recording Studios em 1979, um
estúdio que fora desenvolvido por
John Peel e seus investimentos financeiros. John Peel era um grande fã dos Joy Division e de Ian Curtis.
Morte
A última apresentação ao vivo de Ian Curtis aconteceu no dia
2 de maio de
1980, na Universidade de
Birmingham, e aconteceu no mesmo mês de sua morte. Essa apresentação incluiu a primeira e última performance da música "
Ceremony" pelos Joy Division - música que foi depois usada pelos
New Order. A última música que Ian Curtis executou frente ao público foi "
Digital". A gravação da apresentação pode ser encontrada no álbum de compilações
Still.
Os problemas pessoais de Ian Curtis, como o divórcio conturbado da sua esposa e um caso extra-conjugal com a jornalista
belga Annik Honoré, poderão ter contribuído para o
suicídio de Ian, que se
enforcou aos 23 anos de idade. De acordo com o livro
Touching From A Distance, Ian ingeriu uma
overdose de medicamentos para epilepsia e foi parar num hospital poucos meses antes de sua morte. Acredita-se que tal overdose tenha sido um "pedido de socorro", mas Ian disse aos seus companheiros de banda que não havia ingerido uma overdose. O livro conta que Bernard Sumner levou Ian a um
cemitério após sua saída do hospital, para lhe mostrar onde ele poderia ter ido parar caso a overdose tivesse sido fatal.
Na noite do dia
17 de maio, dias antes do início da primeira turnê dos Joy Division nos
Estados Unidos, Ian assistiu a um de seus filmes favoritos,
Stroszek, de
Werner Herzog, enquanto ouvia
Weeping, momentos antes de se enforcar falou por telefone com
Genesis P-Orridge. E nas primeiras horas da manhã do dia
18 de maio, Ian
enforcou-se na
cozinha, utilizando uma corda que sustentava o
varal de roupas, segundo se conta, ouvindo o disco
The Idiot, primeiro lançamento do cantor
norte-americano Iggy Pop. Os pontos de vista e as preferências de Ian Curtis continuam a gerar especulações sobre as reais razões pelas quais ele resolveu tirar a própria vida. Alguns dizem que ele simplesmente desejou morrer jovem. Mas o facto é que Ian já tinha uma mente conturbada desde a sua adolescência, com pensamentos e ideologias de
contracultura, uma mente provavelmente já farta do mundo ao seu redor.
Ian Curtis foi cremado e as suas cinzas foram enterradas em Macclesfield, com uma lápide com a inscrição "
Love Will Tear Us Apart" ("O Amor Vai Nos Separar"). O epitáfio, escolhido por sua esposa
Deborah, é uma referência à canção mais conhecida do Joy Division. Em
2008, a polícia britânica anunciou que essa lápide foi roubada do cemitério de
Macclesfield. As autoridades locais buscam testemunhas e investigam, mas, como não há câmaras de segurança no local, ainda não foi descoberto o autor.
Lápide do pequeno túmulo de Curtis
Legado
Os membros remanescentes dos Joy Division formaram a banda
New Order após a morte de Ian Curtis. A banda havia feito um acordo de que os Joy Division não continuariam se um dos membros deixasse a banda ou morresse. O primeiro álbum dos New Order,
Movement, possui uma canção intitulada
I.C.B., que significa "
Ian Curtis Buried" ("Ian Curtis Enterrado").
Em maio de
2007, um filme
britânico sobre a vida e a morte de Ian Curtis, intitulado
Control, estreou no
Festival de Cannes. No papel de Ian Curtis está o
actor britânico
Sam Riley (em seu primeiro filme como actor principal), que nasceu em
1980, cerca de quatro meses antes do suicídio de Ian Curtis. O filme é dirigido pelo
neerlandês Anton Corbijn. Recentemente a revista inglesa New Musical Express (NME), elegeu a música
Love Will Tear Us Apart como a melhor música já escrita nos últimos 60 anos, título dado por uma das mais tradicionais revistas de música no ano de 2012.
Vida