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quarta-feira, junho 13, 2018

Fernando Pessoa nasceu há 130 anos!

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 - Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter sido educado na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu perfeitamente o inglês, língua em que escreveu poesia e prosa desde a adolescência. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras inglesas para português e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para inglês.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".

Se Eu Morrer Novo
 
Se eu morrer novo,
Sem poder publicar livro nenhum,
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.
 
Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.
 
Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
 
Não desejei senão estar ao sol ou à chuva —
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo (E nunca a outra cousa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.
 
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão —
Porque não tinha que ser.
 
Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
 
 
in Poemas Inconjuntos - Alberto Caeiro

quinta-feira, junho 13, 2013

Fernando Pessoa, o Poeta que era muitos poetas, nasceu há 125 anos!

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português.
É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter sido educado na África do Sul, para onde foi aos seis anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu perfeitamente o inglês, língua em que escreveu poesia e prosa desde a adolescência. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras inglesas para português e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para inglês.
Ao longo da vida trabalhou em várias firmas comerciais de Lisboa como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária em verso e em prosa. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
que se chama o coração.


Fernando Pessoa

segunda-feira, setembro 14, 2009

A erudição dos políticos


Há muito tempo atrás um político foi quase crucificado por dizer que gostava dos violinos de Chopin. Na altura Santana Lopes era apenas Secretário de Estado mas, e bem, a mácula ficou...

Há poucos dias um pseudo-engenheiro, com um cargo mais grado, resolveu mostrar também a sua erudição. E citou, abundantemente, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, para mostrar a sua sapiência, inteligência e classe, como podem ver NESTE VÍDEO.

Mas, tanta sabedoria, em tão pouco tempo, tinha de dar azar - não é que o moço se enganou a citar o autor dos versos que os assessores, laboriosamente, lhe tinham tentado ensinar...!

É preciso ter falta de sorte com os poetas, caro José Sócrates - que tristeza....

Eis um post do Blog cinco dias que mostra aquilo que os media se recusaram a comentar:

Se calhar também será melhor os marketeiros não o mandarem falar de Chopin

10 de Setembro de 2009 por Francisco Santos

José Sócrates como nunca o viu à SIC (mas já o vimos assim, sim senhor, já vimos muito deste vazio noutras ocasiões):

“Gosto muito da ode do Ricardo Reis, principalmente aquela que fala da Noite, aquela parte em que ele fala dos Portugueses falando de si…….[récita e tal]…..Essa vocação universalista portuguesa tão bem descrita por esse poeta nesse trevo de quatro folhas [certamente passou-se] em que parte de nós atiram aos quatro pontos cardeais é muito próprio da alma portuguesa…ode de Ricardo Reis…fim de citação [Está a ouvir Alexandra? Vá ler poesia, que ele certamente tem lido bastante: ode de Ricardo Reis]

(…)

Uma folha de mim lança para o Norte,
Onde estão as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lança para o Sul,
Onde estão os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a fé,
Ao Oriente pomposo e fanático e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bramânico, sintoísta,
Ao Oriente que tudo o que nós não temos,
Que tudo o que nós não somos, (…)

ÁLVARO DE CAMPOS *

* Oh, fatalidade! Logo lhe havia de sair o heterónimo que no Opiário diz: Eu fingi que estudei engenharia…”