segunda-feira, junho 05, 2023

Poesia adequada à data...

Efígie do Infante Santo no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal

 

D. Fernando Infante de Portugal


Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.


Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer-grandeza são Seu nome
Dentro em mim a vibrar.


E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.

 




in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

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