Carlos I (Persenbeug-Gottsdorf, 17 de agosto de 1887 – Funchal, 1 de abril de 1922) foi o último Imperador da Áustria, de 1916 até 1918, e também Rei da Hungria e Croácia como Carlos IV e Rei da Boémia como Carlos III. Era filho do arquiduque Oto Francisco da Áustria e da sua esposa, a princesa Maria Josefa da Saxónia, neta da rainha Dª Maria II de Portugal, tendo ascendido ao trono após a morte de seu tio-avô Francisco José I.
Carlos deliberadamente nunca abdicou oficialmente de seus tronos, passando o resto de sua vida tentando restaurar a monarquia até morrer, aos 34 anos, em Portugal, na Ilha da Madeira, onde foi enterrado. Ele foi beatificado pela Igreja Católica em 2004, quando o papa João Paulo II
declarou que a sua morte ocorreu em odor de santidade e reconheceu o seu
papel como pacificador durante a guerra, colocando sempre a sua fé antes
de suas decisões políticas.
A Igreja Católica designa-o como Beato Carlos da Áustria,
Imperador.
Sem suficiente capacidade de manobra, durante o ano de 1917, manteve à
revelia da Alemanha uns polémicos contactos com o governo francês para
tratar de alcançar a paz por separado com os aliados através de seu
cunhado, o Príncipe
Sixto de Bourbon-Parma,
que fracassaram. Com a derrota da Áustria-Hungria na guerra e iniciada a
dissolução do Império, renunciou ao cargo de chefe de Estado em 11 de
novembro de 1918 mas não aos seus direitos como chefe da dinastia e ao
trono. Partiu para o exílio na Suíça.
Em 1921, com escasso apoio político, participou numa conspiração
para restaurar a monarquia na Hungria. Apesar desse facto, o almirante
Miklós Horthy
traiu-o e conseguiu retirar-lhe o trono, expulsou-o de seu país e
converteu-se em regente de uma Hungria que se definia como "reino com o
trono vago".
O imperador Carlos morreu de pneumonia na ilha da Madeira, Portugal, no ano de
1922. Os seus restos mortais ainda permanecem na ilha, na Igreja de Nossa Senhora
do Monte, com a permissão dos seus sucessores.
O
Império Austro-Húngaro
compreendia em 1914, 676.616 km² e 52 milhões de habitantes, o que o
convertia no segundo país mais extenso da Europa e o terceiro mais
povoado. Incluía 12 milhões de alemães, 10 milhões de húngaros, 9
milhões de checos e eslovacos, 5 milhões de polacos, outros tantos
sérvios e croatas, 4 milhões de ruténios e 1 milhão de italianos. Havia
34 milhões de católicos romanos, 4,5 milhões de ortodoxos, outros tantos
protestantes, 2,5 milhões de judeus e 700.000 muçulmanos, cuja
coexistência pacífica era garantida pelo Império.
Se a situação balcânica havia sido até então sangrenta e
problemática, a dissolução da Áustria-Hungria exacerbaria os problemas
ao acrescentar novas fronteiras que criaram férreas barreiras
alfandegárias, responsáveis por asfixiar o comércio e conduzir à crise
económica e à miséria dos novos países balcânicos. Porém, apesar de
tudo, a derrota do
Império Austro-Húngaro
na Primeira Guerra resultou na auto-determinação e independência das
minorias étnicas dentro do território Habsburgo e na proclamação da
República da Áustria.
Para Áustria, a consequência mais importante da dissolução do Império
foi a sua degradação a um poder de terceira categoria, ao ponto de ser
absorvida pela Alemanha em 1938. Nunca recuperaria seu status de
grande potência. Viena, que havia sido uma das capitais do mundo, se
converteu da noite para o dia a cabeça de um país diminuto. Em 2007
ainda está muito distante da população que tinha em 1916 (1,6 milhões em
2007, enquanto em 1916 era de 2,3 milhões).
A sua abdicação acabou com o poder da dinastia dos
Habsburgos, família
que havia dominado a Europa e o mundo inteiro desde o século XV, quando
Alberto II de Habsburgo alcançou o poder do
Sacro Império Romano Germânico
em 1438. Desde esse momento, estenderam seus domínios por toda Europa e
América, alcançando seu máximo esplendor no século XVI com Carlos I da
Espanha e V da Alemanha, Imperador do Sacro Império Romano Germânico
entre 1519 e 1556. Sem embargo, a decadência fez que perdessem
possessões, reduzindo finalmente a um resquício de todo seu antigo
poder: Áustria, Hungria e Boémia. Estes reinos formaram em princípio o
Império da Áustria (1804-1867), mais tarde passaram a ser o
Império Austro-Húngaro (1867-1918). O colapso do estado austro-húngaro em 1918 pôs fim ao poder da dinastia Habsburgo no mundo.
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