quarta-feira, março 01, 2023

Estaline teve um AVC há setenta anos

    
Josef Vissarionovitch Stalin, Estaline em português, (Gori, 18 de dezembro de 1879 - Moscovo, 5 de março de 1953), nascido Iossif Vissarionovitch Djugashvili, foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comité Central desde 1922 até à sua morte, em 1953, sendo assim o líder da União Soviética neste período.
Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e atingiu o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético, durante esse período, o país também expandiu seu território para um tamanho quase igual ao do antigo Império Russo.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956, o sucessor de Estaline, Nikita Khrushchov, apresentou o seu Discurso Secreto, oficialmente chamado "Do culto à personalidade e suas consequências", a partir do qual iniciou-se um processo de "desestalinização" da União Soviética. Ainda hoje existem diversas perspetivas ao redor de Estaline e seu governo, alguns o vendo como ditador tirano e outros como líder habilidoso.
  
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Na manhã de 1 de março de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda e ter visto um filme, Estaline chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km a oeste do centro de Moscovo com o Ministro do Interior, Lavrentiy Beria, e os futuros líderes Georgy Malenkov, Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto, para dormir. À tarde, Estaline não saiu do quarto.
Embora os seus guardas estranhassem que ele não se levantasse à hora usual, eles tinhas ordens estritas para não o perturbar e deixaram-no sozinho o dia inteiro. Cerca das 22.00 horas, Peter Lozgachev, o Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Estaline caído de costas no chão, perto da cama, com o pijama e ensopado em urina. Um assustado Lozgachev perguntou a Estaline o que aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev usou o telefone do quarto enquanto chamava oficiais, dizendo-lhes que Estaline tinha tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência de Kuntsevo imediatamente. Lavrentiy Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas da cama e deitando-o. O acamado líder morreu quatro dias depois, em 5 de março de 1953, de hemorragia cerebral (derrame), em circunstâncias ainda hoje pouco esclarecidas, com 74 anos de idade, sendo embalsamado a 9 de março. Avtorkhanov desenvolveu uma detalhada teoria, publicada inicialmente em 1976, apontando Beria como o principal suspeito de tê-lo envenenado. Todavia, outros historiadores ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.
Nikita Khrushchov escreveu nas suas memórias que, imediatamente após a morte de Estaline, Lavrenty Beria teria começado a "vomitar o seu ódio (contra Estaline) e a zombar dele", e que quando Estaline demonstrou sinais de consciência, Beria teria se colocado de joelhos e beijado as mãos de Estaline. No entanto, assim que Estaline ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente teria se levantado e cuspido com nojo.
Em 2003, um grupo de historiadores russos e americanos anunciaram a sua conclusão de que Estaline ingeriu varfarina, um poderoso veneno de rato que inibe a coagulação sanguínea e predispõe a vítima à hemorragia cerebral (derrame). Como a varfarina é insípida ela provavelmente teria sido o veneno utilizado. No entanto, os factos exatos envolvendo a morte de Estaline provavelmente nunca serão conhecidos.
O período imediatamente anterior ao seu falecimento, nos meses de fevereiro-março de 1953, foi marcado por uma atividade febril de Estaline nos preparativos de uma nova onda de perseguições e campanhas repressivas, exceção até para os padrões da era estalinista. Tratava-se do conhecido complô dos médicos: em 3 de janeiro de 1953, foi anunciado que nove catedráticos de medicina, quase todos judeus e que tratavam dos membros da liderança soviética, tinham sido "desmascarados" como agentes da espionagem americana e britânica, membros de uma organização judaica internacional, e assassinos de importantes líderes soviéticos.
Tratava-se da preparação de um novo julgamento-espetáculo, desta vez com claros traços de anti-semitismo, que certamente levaria a um pogrom nacional, e que implicaria, segundo Isaac Deutscher, na auto-destruição das próprias raízes ideológicas do regime, razão pela qual a morte de Estaline pareceu a muitos ter sido provocada pelos seus seguidores imediatos, claramente alarmados diante da iminente fascistização promovida por Estaline. O facto de que Beria estivesse alheio à preparação deste novo expurgo fez com que ele fosse apresentado como possível autor intelectual do suposto assassinato de Estaline; o facto é, no entanto, que Estaline era idoso e que sua saúde, desde o final da Segunda Guerra Mundial, era precária; aqueles que tiveram contacto pessoal com ele nos seus últimos anos lembram-se do contraste entre a sua imagem pública de ente semi-divino e sua aparência real, devastada pela idade. Simon Sebag Montefiore considera que, apesar de Estaline haver recebido assistência atrasada para o derrame que o vitimaria, a tecnologia médica da época nada poderia fazer por ele, em termos terapêuticos.
  

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