domingo, novembro 13, 2022

O poeta Manoel de Barros morreu há oito anos

(imagem daqui)
   
Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916 - Campo Grande, 13 de novembro de 2014) foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente, à Geração de 45, mas, formalmente, ao pós-Modernismo brasileiro, situando-se mais próximo das vanguardas europeias do início do século, da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Com 13 anos mudou-se para Campo Grande (Mato Grosso do Sul) onde viveu o resto da vida. Recebeu vários prémios literários, entre eles, dois Prémios Jabutis e foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. A sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.
  
   
Matéria de poesia

Todas as coisas cujos valores podem ser
disputados no cuspe à distância
servem para poesia

O homem que possui um pente
e uma árvore serve para poesia

Terreno de 10 x 20, sujo de mato — os que
nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
servem para poesia

Um chevrolé gosmento
Coleção de besouros abstêmios
O bule de Braque sem boca
são bons para poesia

As coisas que não levam a nada
têm grande importância

Cada coisa ordinária é um elemento de estima
Cada coisa sem préstimo tem seu lugar
na poesia ou na geral

 

Manoel de Barros

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