Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (
Caminha,
1 de maio de
1872 -
Lisboa,
14 de dezembro de
1918) foi um militar e político que, entre outras funções, exerceu os cargos de deputado, de
ministro do Fomento, de
ministro das Finanças, de embaixador de Portugal em
Berlim, de
ministro da Guerra, de
ministro dos Negócios Estrangeiros, de presidente da
Junta Revolucionária de 1917, de
presidente do Ministério e de
presidente da República Portuguesa.
Oficial de
Artilharia, foi também professor na
Universidade de Coimbra, onde leccionou
Cálculo Diferencial e
Integral.
Protagonizou a primeira grande perversão ditatorial do republicanismo
português, transformando-se numa das figuras mais fraturantes da
política portuguesa do
século XX. Em 1966, o seu corpo fora solenemente trasladado para o
Panteão Nacional
da Igreja de Santa Engrácia (Lisboa), aquando da sua inauguração. A
cerimónia ocorreu no dia 5 de dezembro e homenageou igualmente com estas
honras outros ilustres portugueses. Antes disso, o seu corpo
encontrava-se na Sala do Capítulo do
Mosteiro dos Jerónimos.
(...)
Assassinato
Entra-se então numa espiral de violência que não poupa o próprio
presidente: a 5 de dezembro de 1918, durante a cerimónia da condecoração
dos sobreviventes do
NRP Augusto de Castilho, sofreu um primeiro atentado, do qual conseguiu escapar ileso; o mesmo não aconteceu dias depois, na
Estação do Rossio, onde, a 14 de dezembro de 1918, foi morto a tiro por
José Júlio da Costa, um militante republicano.
O assassinato de Sidónio Pais foi um momento traumático para a
Primeira República, marcando o seu destino: a partir daí qualquer
simulacro de estabilidade desapareceu, instalando-se uma crise
permanente que apenas terminou quase oito anos depois com a
Revolução Nacional de 28 de maio de 1926 que pôs termo ao regime.
Os funerais de Sidónio Pais foram momentosos, reunindo muitas dezenas
de milhares de pessoas, num percurso longo e tumultuoso, interrompido
por múltiplos e violentos incidentes. Com este fim, digno de um
verdadeiro Presidente Rei, Sidónio Pais entrou no imaginário
português, em particular dos sectores católicos mais conservadores, como
um misto de salvador e de mártir, mantendo-se durante décadas como uma
figura fraturante no sistema político.
A imagem de
mártir levou ao surgimento de um culto popular, semelhante ao que existe em torno da figura de
Sousa Martins, que fez de Sidónio Pais um
santo, com honras de promessas e
ex-votos, que ainda hoje se mantém, sendo comum a deposição de flores e outros elementos votivos junto ao seu túmulo.
Sem comentários:
Enviar um comentário