Sismo de magnitude 5,3 abala a Madeira. Registada réplica menos de 30 minutos depois
Sismo de magnitude 5,3 abalou este sábado o Funchal. Houve uma réplica meia hora depois. Presidente da Câmara confirma não haver feridos nem danos materiais.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter abalou este sábado à
noite o arquipélago da Madeira, confirmam os dados do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O terramoto foi registado às
20h58 a 40 quilómetros a sudoeste da Deserta Grande (a maior do
sub-arquipélago das Ilhas Desertas) e teve origem a 4,7 quilómetros de
profundidade.
Meia hora depois do primeiro abalo, às 21h22, foi registada uma
réplica de magnitude 2,4 na escala de Richter. O epicentro do segundo
sismo está a cerca de 35 quilómetros a sul de Câmara de Lobos, numa
região próxima à origem do primeiro terramoto. De acordo com o IPMA, o
sismo ocorreu a uma profundidade de 24 quilómetros.
Em entrevista
telefónica ao Observador, Miguel Gouveia, presidente da Câmara Municipal
do Funchal, confirmou que “não há registo de quaisquer danos materiais,
nem tampouco qualquer informação de pessoas feridas” pelo terramoto.
O autarca, que está neste momento nos Bombeiros Sapadores do Funchal,
onde funciona a Proteção Civil madeirense, indicou, no entanto, que as
autoridades receberam algumas chamadas de pessoas em pânico, embora não
estivessem em perigo: “Tivemos de as tranquilizar”, explicou.
Não há, para já, indicação do perigo de derrocadas ou
deslizamento de terras na ilha — embora a autarquia coloque a hipótese
de fazer avaliações para confirmar a estabilidade do terreno, afirma o
autarca. Um comunicado do IPMA indica que os especialistas determinaram
que este abalo teve intensidade máxima IV a V na escala de Mercalli.
Esta
escala avalia os danos provocados por um sismo. Um sismo de intensidade
IV a V é considerado “moderado a forte”: “Os objetos suspensos
baloiçam. A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos
pesados ou à sensação de pancada duma bola pesada nas paredes. Os carros
estacionados balançam. As janelas, portas e loiças tremem. Os vidros e
loiças chocam ou tilintam. E as paredes e as estruturas de madeira
rangem”.
Esta descrição coincide com o relato feito ao Observador por Miguel
Gouveia. O autarca contou ao Observador que estava no edifício da Câmara
Municipal do Funchal quando sentiu o abalo: “A Câmara é num palácio
antigo e começou tudo a tremer, as janelas também”. Foi “um pouco
desconcertante”, adjetivou Miguel Gouveia: “Nem me apercebi que pudesse
ser um sismo. Não estamos muito habituados a estes fenómenos”.
Quando
o sismo começou, Miguel Gouveia e o segurança do edifício foram para a
rua: “Os carros pararam e as pessoas saíram dos edifícios para a rua.
Toda a gente seguiu os procedimentos que se aconselham em situações como
esta”, garantiu. Tinham passado “seis ou sete segundos”, recordou o
autarca madeirense.
Este é o sismo mais forte registado no
arquipélago da Madeira desde 1975, quando foi sentido o terramoto com
maior magnitude de que havia memória. Nesse ano, um abalo de 7,9 na
escala de Richter eclodiu na Madeira, mas foi sentido em todo o país,
mas provocou apenas danos materiais ligeiros.
Os sismos ocorrem normalmente quando os materiais que compõem a litosfera - a camada mais superficial da Terra - libertam a energia que
têm acumulado ao longo do tempo por causa dos movimentos tectónicos,
isto é, das placas em que se divide a superfície terrestre.
Ao
contrário do que acontece no arquipélago dos Açores, a Madeira não está
numa região de encontro entre placas tectónicas, uma região de elevada
sismicidade. Ainda assim, a ilha da Madeira assenta em algumas falhas,
ou seja, rasgões dentro das placas tectónicas que aparecem quando quando
as rochas cedem à pressão que os movimentos tectónicos provocam.
in Observador
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