Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de novembro de 1864 - Saint-André-du-Bois, 9 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boémia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boémio, faleceu precocemente, aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo.
Trabalhou menos de vinte anos mas deixou um legado artístico
importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas
obras, como também no que se refere à popularização e comercialização
da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, faleceu antes do pai.
Biografia
Nascido na nobreza, herdeiro de uma linhagem aristocrática francesa,
o seu pai era o Conde Alphonse de Toulouse-Lautrec-Monfa e a sua mãe Adéle
Tapié de Céleyran. Os seus pais queriam que o filho seguisse com esmero o
mesmo caminho nobre de toda a sua família, tanto materna quanto paterna.
Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida na sua época. Certamente uma distrofia poli-hipofisária (debilidade óssea que compromete o crescimento). Sofreu dois acidentes na sua juventude, fraturando o fémur esquerdo aos doze anos e o direito aos catorze anos. Os ossos
mal soldados pararam de crescer e fizeram com que Henri não
ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de
adulto, mas com pernas curtas de menino. Porém, o jovem não se deixou
abater por tal infortúnio. Nos seus longos períodos de cama,
Toulouse-Lautrec fazia desenhos e pintava aguarelas, abrindo espaço para seu incrível talento que ainda se desfraldaria.
Aos dezasseis anos foi estudar pintura com Léon Bonnat, professor rígido que não o agradava. Logo depois foi estudar com Fernand Cormon, cujo estúdio ficava nas ladeiras suburbanas de Montmartre,
em Paris. É lá que Lautrec descobriu a inspiração que lhe faltava.
Mudou-se para aquele bairro de má fama e encontrou seu lugar entre
trabalhadores, prostitutas e artistas de caráter duvidoso. Começava sua nova vida.
Frequentador assíduo do Moulin Rouge
e outros cabarés, o pequeno nobre acaba se acomodando muito bem naquele
ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O
tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boémia
parisiense, que ele representava através de um desenho que lembra a
espontaneidade do desenho satírico de Honoré Daumier, e uma composição dinâmica que poderia ter sido influenciada pela fotografia e as gravuras japonesas, dois fatores de grande importância cultural no fim do século XIX.
Era atraído por Montmartre, uma área de Paris famosa pela boémia e
por ser antro de artistas, escritores, filósofos. Escondido no coração
de Montmartre estava o jardim de Pére Foret onde Toulouse-Lautrec pintou
uma série de óleos sobre tela ao ar livre de Carmen Gaudin (a modelo
ruiva que aparece no quadro "A Lavadeira" de 1888). Quando o cabaré
Moulin Rouge abriu as portas ali perto, Toulouse-Lautrec foi contratado
para fazer cartazes. Posteriormente ele passou a ter assento cativo no
cabaré, onde as suas pinturas eram expostas. Nos muitos conhecidos
trabalhos que ele fez para o Moulin Rouge e outras casas noturnas
parisienses estão retratadas a cantora Yvette Guilbert, a dançarina Louise Weber, mais conhecida como a louca e cativante La Goulue ("A Gulosa"), a qual criou o cancan francês, e também a mais discreta dançarina Jane Avril.
Terramoto
A invenção do cocktail "Terramoto" (Tremblement de Terre) é atribuída à Toulouse-Lautrec. É uma mistura potente de 1/2 parte de absinto e 1/2 parte de conhaque, servido em copo de vinho sobre cubos de gelo ou batido com gelo em shaker.
Trabalho e Arte
Testemunha da vida noturna de Montmartre, Henri não apenas faz
pinturas, como também cartazes promocionais dos cabarés e teatros,
fazendo-se presente na revolução da publicidade do século XIX,
onde a arte deixa de ser patrocinada e financiada apenas pela Igreja e
os nobres, para ser comprada e utilizada pelo comércio crescente gerado
pela revolução industrial. O cartaz litográfico colorido é uma nova ferramenta de divulgação de locais de lazer parisienses. Trilhando o caminho de Jules Chéret, assim como Alfons Mucha, Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes, definindo o estilo que seria conhecido como Art Nouveau.
O dom artístico de Lautrec é bastante reconhecido, tanto pelos seus
amigos da classe baixa quanto por críticos de arte. Participa do Salão dos Independentes em Paris, da exposição dos Vinte e das galerias de Boussod e Valadin.
Estilo
A sua habilidade em capturar as pessoas em seu ambiente de trabalho,
com a cor e o movimento da pululante e opulenta vida noturna porém sem o
glamour. Usava muito vermelho, em geral de maneira contrastante, usava o
cabelo cor de laranja e a cor verde limão para traduzir a atmosfera
elétrica da vida noturna. Era um mestre do contorno, podia retratar
cenas de grupos de pessoas onde cada pessoa é individual (e na época
podia ser identificada apenas pela silhueta). Frequentemente ele
aplicava a tinta em uma estreita e longilínea pincelada, deixando a base
(papel, tela) ou o contorno aparecer. Sua pintura é gráfica por
natureza, nunca encobria por completo o traço forte do desenho. O
contorno simples era a "marca registada" de Lautrec desde o início da
carreira como designer de cartazes. Não pintava sombras. Suas pinturas
sempre incluíam pessoas (um grupo ou um indivíduo) e não gostava de
pintar paisagens. O papel usado para os cartazes frequentemente era amarelo.
Apesar da litografia cheia de cores de seu tempo poder acomodar
dezenas de cores em um só cartaz, Lautrec geralmente escolhia apenas 4
ou 5, as vezes 6, raramente 6 cores. Ao invés de usar uma multiplicidade
de cores, Henri preferiu criar seus efeitos com justaposições e
modulações delicadas.
Os últimos anos
Em 1899,
a vida desregrada e o excesso de álcool finalmente cobram o seu preço ao
artista. Lautrec sofre de crises e é internado numa clínica
psiquiátrica. Ao sair é constantemente vigiado para que não beba e não
volte a frequentar os bordéis, vigilância que ele consegue burlar. A sua
saúde vai-se deteriorando cada vez mais, até que em 1901
já não é mais capaz de viver sozinho. Henri despede-se de Paris com a
certeza de que está com os dias contados. Sofre ataques de paralisia e
quase não consegue mais pintar.
Em 9 de setembro de 1901, Henri de Toulouse-Lautrec morre, em
consequência de um derrame, nos braços de sua mãe, no Castelo de Malromé,
perto de Bordeaux, às duas horas e quinze minutos da manhã.
Encontra-se sepultado no Cemitério de Verdelais, na França.
Legado
Estima-se que Lautrec tenha pintado mais de 1000 quadros a óleo (737
estão catalogados), feito mais de 5.000 desenhos (275 aguarelas, 5.084
desenhos catalogados) e por volta de 363 gravuras e cartazes. O seu trabalho pode ser dividido em períodos: pinturas e desenhos até 1888, entre 1888 e 1892, entre 1893 e 1896, entre 1897 e 1901 e os cartazes.
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