John Ronald Reuel Tolkien, conhecido internacionalmente por J. R. R. Tolkien (Bloemfontein, 3 de janeiro de 1892 - Bournemouth, 2 de setembro de 1973), foi um premiado escritor, professor universitário e filólogo britânico, nascido na África, que recebeu o título de doutor em Letras e Filologia pela Universidade de Liège e Dublin, em 1954, e autor das obras como O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. Em 28 de março de 1972 Tolkien foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel II.
Tolkien nasceu em Bloemfontein, na República do Estado Livre de Orange, na atual África do Sul, e, aos três anos de idade, com a sua mãe e irmão, passou a viver em Inglaterra, terra natal de seus pais, tendo naturalizado-se britânico. Desde pequeno fascinado pela linguística, fez a licenciatura na faculdade de Letras em Exeter. Participou ativamente da Primeira Guerra Mundial,
onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o
seu "mundo secundário", complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das suas mundialmente famosas obras como “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, esta última, sua maior paixão, postumamente publicada, que é considerada a sua principal obra, embora não a mais famosa.
Tornou-se filólogo e professor universitário, tendo sido professor de anglo-saxão (e considerado um dos maiores especialistas do assunto) na Universidade de Oxford de 1925 a 1945, e de inglês e literatura inglesa na mesma universidade de 1945 a 1959. Mesmo sendo precedido por outros escritores daquilo que mais tarde seria chamada de literatura fantástica, tais como William Morris, Robert E. Howard e E. R. Eddison, devido à grande popularidade do seu trabalho, Tolkien ficou conhecido como o "pai da moderna literatura fantástica". A suas obras foram traduzidas para mais de 34 idiomas, vendeu mais de 200 milhões de cópias e influenciou toda uma geração.
Católico convicto, Tolkien foi amigo íntimo de C.S. Lewis, autor de “As Crónicas de Nárnia”, ambos membros do grupo de literatura The Inklings. Juntos planearam, na década de 1940,
escrever um livro sobre a língua, que seria publicado na década
seguinte. O livro, que se chamaria "Linguagem e Natureza Humana", no
entanto, nunca chegou a ser publicado.
Em 2009, a revista Forbes
listou as 13 celebridades já falecidas que mais lucros geraram nesse
ano. Tolkien alcançou a quinta posição, com ganhos estimados em 50
milhões de dólares. Michael Jackson e Elvis Presley ficaram em primeiro e em segundo lugar, respectivamente.
Vida e origem
Recuando no passado até onde se pode, a maioria dos parentes paternos de Tolkien eram artesãos. A família teve origem na Saxónia (Alemanha), mas viveu na Inglaterra desde o século XVII, tornando-se "rápida e intensamente inglesa (mas não britânica)".
O sobrenome Tolkien é um anglicismo de Tollkiehn (em alemão, tollkühn, temerário, imprudente, que em uma tradução etimológica deveria ser dull-keen, algo como estúpido-sagaz, uma tradução literal de oxímoro; no conto The Notion Club Papers, Tolkien cria um personagem com o nome John Jethro Rashbold, fazendo piada com o seu próprio nome, já que Jethro e Reuel são nomes do mesmo personagem bíblico, o sogro de Moisés). Mesmo sendo um Tolkien, considerava-se mais um Suffield (a sua família materna) do que propriamente um Tolkien.
Aos três anos parte, com a sua mãe, Mabel Suffield, dona de casa, e com o seu irmão, Hilary Arthur Reuel Tolkien,
para a Inglaterra, onde pretendiam passar apenas uma temporada, devido
a questões de saúde de Mabel e dos seus filhos, mas, devido à morte de
seu pai, eles ali permaneceram por toda a vida. O pai, Arthur Tolkien, um bancário que trabalhava para o Bank of Africa, contraiu febre reumática e morreu em 1896 no Estado Livre de Orange,
antes de poder juntar-se à família, e foi enterrado na África. Em 1900
a situação financeira da família complicou-se. Mabel Suffield fazia
parte da Igreja Anglicana, e quando decidiu tornar-se católica, a sua família cortou a ajuda financeira que lhe dava, e assim ela morreu, por diabetes, sem tratamento na época. Tolkien, que considerava esse facto um sacrifício da mãe em nome da fé, converteu-se ao catolicismo, religião na qual permaneceu até o fim da vida, tornando-se um católico fervoroso.
Tolkien e seu irmão foram entregues então aos cuidados do Padre jesuíta
Francis Xavier Morgan, que Tolkien mais tarde descreveu como um
segundo Pai, e aquele que lhe ensinara o significado da caridade e do
perdão.
Conheceu Edith Bratt em 1908,
quando ele e seu irmão Hilary foram alojados no mesmo local que a
jovem, três anos mais velha, e os dois começam a namorar às escondidas.
Entretanto, o seu tutor, o Padre Francis Morgan, descobriu a situação
e, acreditando que este relacionamento fosse prejudicar a educação do
rapaz, proibiu-o de vê-la até que completasse vinte e um anos, quando
Tolkien alcançaria a maioridade. Na noite do seu vigésimo primeiro
aniversário, Tolkien escreveu a Edith, e convenceu-a a casar-se com ele,
apesar de ela já estar comprometida, e também a converteu ao
catolicismo. Juntos eles tiveram quatro filhos: John Francis Reuel
Tolkien (1917–2003), Michael Hilary Reuel Tolkien (1920-1984), Christopher John Reuel Tolkien (1924-) e Priscilla Anne Reuel Tolkien (1929-).
Tolkien era um pai dedicado. Essa característica mostrava-se bastante
clara nos livros, muitas vezes escritos para os seus filhos, como Roverandom, escrito quando um deles perdeu um cachorrinho de brinquedo na praia. Além disso, Tolkien mandava todos os anos cartas ao Pai Natal
quando os filhos eram mais jovens. Havia mais e mais personagens a
cada ano, como o Urso Polar, o ajudante do Pai Natal, o Boneco de Neve,
Ilbereth (um nome semelhante ao da rainha Elbereth, a Valië), sua secretária, e vários outros personagens menores. A maioria deles contava como estavam as coisas no Pólo Norte. Mestre Gil de Ham foi, outrossim, uma história contada para entreter os filhos.
A sua vida na sua obra
A infância de Tolkien teve duas realidades distintas: a vida rural em Sarehole, ao sul de Birmingham, lugar que inspirou o famoso Shire (Condado), e o período urbano, na escura Birmingham, onde iniciou os seus estudos. Nesta frase Tolkien fala sobre Sarehole:
A ancestral Sarehole há muito que se foi, engolida pelas estradas e por novas construções. Mas era muito bonita, na época em que vivi lá… |
Tolkien
|
Ainda criança, mudou-se para King's Heat, numa casa próxima de
uma linha de comboio. Foi aí que ele começou a desenvolver uma
imaginação linguística, motivada pelos estranhos nomes das estações do
percurso, tais como Nantyglo, Perhiwceiber e Seghenydd. A sua infância foi muito marcada pelos contos de fadas, que estimularam sua imaginação para o Faërie, o Belo Reino, como ele se referia ao mundo dos seres fantásticos.
Em 1900, a sua mãe abraçou a religião católica, facto que o influenciou profundamente, mesmo sem a menção direta de Deus na sua obra (Tolkien representa Deus por Eru, o qual cria todo o Universo e os seres que lá habitam). Tolkien disse que os mitos não-cristãos guardavam em si elementos do Grande Mito, o Evangelho, que refletiam o Mundo Primário, isto é, o mundo real, facto este que não vão contra o pensamento da Igreja Católica.
A sua mãe Mabel mostrou-lhes, a ele e ao seu irmão, os contos de fadas em línguas como o latim e o grego.
Desde a morte da mãe, quando os irmãos passaram aos cuidados de
Francis Morgan, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande
talento linguístico. Estudou grego, latim, línguas antigas e modernas,
como o finlandês, que serviu de base para criação do idioma élfico Quenya e o galês, base para o outro idioma élfico, o Sindarin. Em 1905 os órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908 deu início à carreira acadêmica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.
Em 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien ficou noivo de Edith Bratt.
No ano seguinte, recebeu, com honras, o diploma de licenciatura em
Literatura e Língua Inglesa. A graduação e os méritos não o libertaram
da convocatória militar e, em 1916, depois de casar-se com Edith Bratt, foi chamado para a guerra. Tolkien sobreviveu à Batalha do Somme (província de Soma), uma mal-sucedida incursão na França e Bélgica, onde morreram mais de 500 mil combatentes. Em 1917
nasceu o seu primeiro filho, John Francis Reuel Tolkien (mais tarde o
padre católico John Tolkien) e no ano seguinte, depois de contrair tifo, J.R.R.Tolkien foi enviado de volta a Inglaterra. Foi neste período que iniciou o Livro dos Contos Perdidos (The Book of Lost Tales), que mais tarde se converteu n'O Silmarillion, em 1919, quando ele retornou a Oxford.
Depois do fim da guerra, Tolkien dedicou-se ao trabalho académico como professor, tornando-se um grande e respeitado filólogo. Nesta mesma época ingressou na equipa formada para preparar o New English Dictionary. O projeto já havia chegado à letra W, e o seu supervisor, impressionado com o trabalho de Tolkien, afirmou que:
"O seu trabalho [de Tolkien] dá provas de um domínio excepcional de anglo-saxão e dos fatos e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Na verdade, não hesito em dizer que nunca conheci um homem da sua idade que se igualasse a ele nesses aspectos." |
Mas foi só em 1925, depois do nascimento dos seus filhos Michael Hilary Reuel Tolkien (1920) e Christopher John Reuel Tolkien (1924) é que Tolkien publicou o seu primeiro livro, ao lado de E. V. Gordon: Sir Gawain & the Green Knight, baseado em lendas do folclore inglês. A sua filha mais nova, Priscilla Anne Reuel Tolkien, nasceria cinco anos mais tarde.
As sociedades
Tolkien gostava muito de sociedades. Nas que participou, a literatura
era o tema fundamental, algo que o ajudou na criação de suas obras,
pois nestas sociedades encontrou o seu primeiro público e
encorajadores.
Na sua juventude, a sua primeira sociedade foi a T.C.B.S.
(Tea Club, Barrowian Society), formada por Tolkien e três amigos. Não
era dedicada apenas a literatura, mas ela estava presente. A Primeira
Guerra Mundial dissolveu o grupo, matando Rob Gilson, e algum tempo
depois G. B. Smith. Os dois restantes, Christopher Wiseman (inspiração
para o nome do terceiro filho de Tolkien) e Tolkien, foram amigos até o
fim da vida de Wiseman.
A frase a seguir é de G. B. Smith, pouco depois da morte de Rob Gilson:
A morte pode nos tornar repugnantes e indefesos como indivíduos, mas não pode acabar com os quatro imortais! |
G.B.Smith
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Anos depois, fundada por Tolkien, The Coalbiters se dedicava à literatura nórdica, muito apreciada por Tolkien, que incluía Beowulf e o Kalevala,
por exemplo. Chamavam-se de Kolbitars, ou, "homens que chegam tão
perto do fogo no inverno que mordem carvão", o que originou no nome
Coalbiters (mordedores de carvão). Entre seus membros estavam R. M.
Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill,
John Bryson, George Gordon, Bruce McFarlane e C. S. Lewis, autor das As Crónicas de Nárnia.
Outro grupo de que participava era chamado The Inklings, também dedicado à literatura, que se reunia no pub The Eagle and Child (em português A Águia e a Criança), que os integrantes chamavam O Pássaro e o Bebé (The Bird and Baby em inglês). Os Inklings incluíam C. S. Lewis e seu irmão H. W. Lewis, Charles Williams, Owen Barfield e Hugo Dyson.
Relação com C. S. Lewis
Tolkien e Lewis foram grandes amigos durante décadas, até a morte de
Lewis (em 1963, aos 64 anos, quase dez anos antes da morte do próprio
Tolkien), e essa amizade foi explorada no livro O Dom da Amizade: Tolkien e C. S. Lewis. De facto, O Senhor dos Anéis
provavelmente não existiria sem os conselhos e o incentivo de Lewis,
que aliás foi o primeiro a ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de
admirar a grande inteligência e criatividade de Lewis, e vice-versa.
"Num buraco no chão vivia um hobbit"
A ideia de seu primeiro grande sucesso, O Hobbit, surgiu em 1928, enquanto Tolkien examinava documentos de alunos que queriam ingressar na Universidade e Tolkien contou que:
Um dos alunos deixou uma das páginas em branco – possivelmente a melhor coisa que poderia ocorrer a um examinador – e eu escrevi nela: Num buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei por quê. |
Tolkien
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Foi a partir desta frase que ele começou a escrever O Hobbit, somente dois anos depois, mas o abandonou a meio.
Tolkien emprestou o manuscrito incompleto para a Reverenda Madre de
Cherwell Edge na época, quando esta estava doente, e ele foi visto por
Susan Dagnall, uma bacharel de Oxford , que trabalhava para Allen &
Unwin (comprada em 1990 pela Editora Harper Collins) e analisado depois por Rayner Unwin (filho de Stanley Unwin,
fundador da Allen & Unwin, na época com 10 anos de idade) que
ficou maravilhado com a história. Dagnall ficou tão encantada com o
material que encorajou Tolkien para que terminasse o livro, e em 1937 é publicada a primeira edição de O Hobbit.
A saga do hobbit Bilbo – um ser baixo, pacato, de pés peludos e grandes, que se aventura na Terra Média ao lado do mago Gandalf e mais treze anões – teve tanto sucesso que Tolkien foi sondado para escrever novas aventuras. Tolkien oferece O Silmarillion,
que ele considerava a sua principal obra, pese embora o facto de que,
mesmo hoje, não ser a mais conhecida. Stanley Unwin preferiu não
arriscar e não publicou a obra. Mesmo depois da recusa, Tolkien
concordou em continuar a saga dos hobbits e começa a dar forma a
uma nova obra, que lhe consumiu doze anos de trabalho desde os
primeiros rascunhos até à sua conclusão, mas que o tornaria um dos mais
conceituados escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis.
O elo para a nova aventura surge no Anel, que Bilbo roubou a Gollum em O Hobbit.
Os primeiros rascunhos da obra datam de 1937, mas devido ao seu
perfecionismo, que o impelia a ter de fazer vários rascunhos para cada
uma de suas obras, foi somente em 1949 que O Senhor dos Anéis foi para as mãos da sua editora. Durante este longo tempo, Tolkien também escreveu Leaf by Niggle
em que o autor se manifesta de forma autobiográfica, projetando-se em
Niggle, com suas dúvidas sobre o trabalho que estava escrevendo, "O
Senhor dos Anéis", e sua relevância. Em princípio o texto foi recusado,
pois a ideia de Tolkien era lançar dois volumes, sendo eles "O
Silmarillion" e "O Senhor dos Anéis", já que ele os considerava
interdependentes e indivisíveis. Entretanto o editor da Collins, uma
outra editora, havia gostado da ideia e começou a encorajar Tolkien a
publicar os livros na editora Collins. Depois de um grande atraso na
publicação, Tolkien perdeu a paciência e desistiu do acordo.
Posteriormente, após algumas conversas com Rayner Unwin (já adulto e
trabalhando na empresa do pai, Rayner foi um dos que recebiam os
rascunhos de "O Senhor dos Anéis" de Tolkien ao longo da sua
composição), a decisão da Allen & Unwin foi reconsiderada e, em 1954, foram publicados os dois primeiros volumes (A Irmandade do Anel e As Duas Torres). Em 1955 foi publicado o terceiro e último volume (O Regresso do Rei).
A ideia original era lançar a obra toda num único volume, mas para
baixar os custos de impressão, foi dividida em três volumes.
Esse livro consolidava então o que Tolkien chamava de Mundo Secundário, com novas normas, novos povos, uma realidade à parte: Arda, o cenário de uma das maiores obras literárias de todos os tempos. "Arda" é a Terra, povoada por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, e os mais conhecidos, hobbits, elfos, anões, trolls, orcs e cercada de mistérios e magia:
[Criei] um Mundo Secundário no qual sua mente pode entrar. Dentro dele, tudo o que ele relatar é "verdade": está de acordo com as leis daquele mundo. Portanto, acreditamos enquanto estamos, por assim dizer, do lado de dentro. |
— Tolkien
|
Apesar dos ataques da crítica, o livro teve grande sucesso dos dois lados do Atlântico, mas seus livros só alcançaram o nível de culto nos anos 60,
devido ao facto de sua obra ter se tornado quase uma obsessão entre os
universitários dos Estados Unidos, com a chegada de uma edição pirata
norte-americana a esse país.
O nome de Tolkien ganhou notoriedade mundial, facto este que provocava
mais transtornos que prazer ao autor, pois visitantes excêntricos
afluíam ao seu encontro: fãs norte-americanos telefonavam-lhe durante a madrugada sem se lembrar do fuso horário, por exemplo. Tais factos tiveram grande peso na sua decisão de se mudar para Bournemouth.
Tolkien era um homem apaixonado por idiomas. Quando criança encantava-se
com nomes galeses que via nos camiões de carvão. Com as suas primas
aprendeu rapidamente uma língua artificial e bem simples criadas pelas
garotas, chamada Animálico, com base nos nomes de animais. Juntos criaram outra língua, uma mistura de vários outros idiomas. Chamava-se Nevbosh, traduzido como Novo Disparate. Mais tarde criou o Naffarin, mais complexa e baseada na língua do seu tutor, o padre Francis Morgan: o espanhol.
Tolkien, em dezembro de 1910, tornou-se aluno do curso de literatura clássica na Universidade de Oxford, onde obteve uma bolsa de estudos do Exeter College, mas interessava-se pouco pelo curso e começou a gastar mais tempo no estudos de filologia, sendo orientado por Joseph Wright, um dos grandes pesquisadores britânicos desta ciência e grande conhecedor do tronco linguístico indo-europeu. Pediu transferência para a Honour School of English Language and Literature, onde teve um notável melhoria de notas, devido ao seu interesse pela filologia germânica.
Desde criança já tinha conhecimentos de línguas clássicas como grego e o latim, e mais tarde com o espanhol. Sempre achou o italiano muito elegante e, é claro, o inglês e o anglo-saxão o fascinavam. O francês não o cativava tanto, apesar de ser (como ainda é) aclamada como uma belíssima língua. Quando se deparou com a língua finlandesa
encantou-se por ela, e usou a sua gramática, juntamente com a
galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam em seus
livros, pois são línguas de gramática complexa e vasto vocabulário. Línguas que seriam estudadas a fundo por muitos de seus fãs: o Quenya, cujo exemplo máximo é expressado pelo poema Namárië, e o Sindarin, este último baseado no galês, as Línguas Élficas, todas movidas pelo som bonito (eufonia) e pela estética, como o "Repicar dos sinos" dizia ele.
Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver o seu
mundo. Para ele, primeiro vinha a palavra, depois a história. A
composição para ele não era um passatempo (como foi 'acusado' na época),
mas um trabalho filológico. Ele criou um mundo onde suas línguas
pudessem ser faladas, e lendas para rodeá-las.
Túmulo de Tolkien e da esposa no Cemitério de Wolvercote:
"Aqui, no fim de todas as coisas..."
Além de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis", foram publicados Sir Gawain and the Green Knight (1925), Mestre Gil de Ham (1949), As Aventuras de Tom Bombadil (1963), Smith of Wootton Major (1967) e Sobre Histórias de Fadas (1965) entre outros (vide Obra de Tolkien). O escritor então reforma-se e com a sua mulher muda para Bournemouth. Com a morte de sua esposa, a 19 de novembro de 1971, após 55 anos de casamento, Tolkien refugiou-se na solidão, num apartamento na Universidade de Oxford. Numa carta ao seu filho Christopher, John Ronald Reuel Tolkien escreveu, sobre a sua mulher Edith Bratt:
[...]o cabelo dela era preto e sedoso, a pele clara, os olhos mais brilhantes do que os que vocês viram, e sabia cantar… e dançar. Mas a história estragou-se, e eu fiquei para trás, e não posso suplicar perante o inexorável Mandos.[...]. |
Tolkien
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No texto, Tolkien decide que no epitáfio de Edith estaria escrito Lúthien. Lúthien é uma personagem de "O Silmarillion" inspirada na esposa de Tolkien, como afirma o trecho da mesma carta:
É breve e simples [o epitáfio], a não ser por Lúthien, que tem para mim mais significado do que uma imensidão de palavras, pois ela era (e sabia que era) a minha Lúthien [...] Nunca chamei Edith de Lúthien, mas foi ela a fonte da história que, a seu tempo, se tornou parte de O Silmarillion. |
Tolkien
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Lúthien era elfa, imortal, mas apaixona-se por um mortal, Beren.
Ela então desiste da sua imortalidade. Ambos enfrentam muito para
ficar juntos e, quando ele morre, Lúthien vai até os Palácios de Mandos, o guardião das Casas dos Mortos. Beren a aguardava nos Palácios, e ela canta diante de Mandos que,
então, se comove, a única vez em toda sua existência, e permite que
ambos voltem, como mortais. E assim foi. No túmulo, abaixo do nome
Edith Tolkien está escrito Lúthien, que, nas histórias, é a mais bela das elfas, a mais bela dos Filhos de Ilúvatar. A história dos dois está contada na Balada de Leithian.
Em 1972, J. R. R. Tolkien recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Letras da Universidade de Oxford, e conseguiu o seu último e mais importante título: a Ordem do Império Britânico, dada pela Rainha Elizabeth, uma das maiores honras britânicas. Era agora Sir John Ronald Reuel Tolkien.
No dia 28 de agosto de 1973
Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi
internado, com uma úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se que tinha
uma infecção no peito.
Aos 81 anos de idade, então, às primeiras horas de domingo, dia 2 de setembro
de 1973, J. R. R. Tolkien morre na Inglaterra. Enterrado junto da
esposa, no Cemitério de Wolvercote, no túmulo feito com granito da Cornualha, abaixo do seu nome há a inscrição Beren.
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