António dos Santos Ramalho Eanes (Alcains, Castelo Branco, 25 de janeiro de 1935) é um oficial militar e ex-político português. Grande figura de destaque no Golpe de 25 de novembro de 1975, foi o 16.º presidente da República assim como o primeiro democraticamente eleito após a revolução de 1974.
Biografia
Ramalho Eanes nasceu em Alcains, concelho de Castelo Branco, numa família humilde. Filho de Manuel dos Santos Eanes, empreiteiro,
e de sua mulher, Maria do Rosário Ramalho, e irmão de João dos Santos
Ramalho Eanes, a sua formação tem início em 1942, quando entra para o Liceu
de Castelo Branco.
Segue a carreira das armas, entrando para o exército em 1952, estudando tácticas militares (Escola do Exército, de 1952 a 1956; Estágio CIOE-Curso de Instrução de Operações Especiais, em 1962; instrutor de Acção Psicológica no Instituto de Altos Estudos Militares, em 1962). Frequenta, ainda, o Instituto Superior de Psicologia Aplicada, durante três anos.
No exército, Ramalho Eanes segue a Arma de Infantaria. Serve na Guerra Colonial onde combateu na Índia Portuguesa, Macau, Moçambique, Guiné-Bissau e Angola.
Depois de demorada carreira de combatente, Eanes encontrava-se ainda em serviço em Angola aquando da revolução de 25 de abril. Aderiu ao Movimento das Forças Armadas e, regressado a Portugal, foi director de programas e nomeado presidente do conselho de administração da RTP, até março de 1975.
Em 1975, então com a patente de Tenente-Coronel, dirigiu as operações militares do Golpe de 25 de novembro desse mesmo ano, contra a facção mais radical da esquerda política do MFA.
Em 1976 foi eleito Presidente da República,
sendo reeleito em finais de 1980. Foi o primeiro Presidente da
República eleito, logo a seguir ao 25 de abril, tendo cumprido dois
mandatos, entre 1976 e 1986.
Com o fim do segundo mandato, em fevereiro de 1986, assume pouco depois a presidência do Partido Renovador Democrático, vindo a demitir-se desse cargo em 1987.
Nomeado General de quatro estrelas
em 24 de maio de 1978, passou à reserva, por sua iniciativa, em março
de 1986. Em 2000, Ramalho Eanes recusou, por razões de princípio, a promoção a Marechal.
Ramalho Eanes é, actualmente, membro do Conselho de Estado e presidente do Conselho de Curadores do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.
É casado com Manuela Eanes.
Em 15 de novembro de 2006, Eanes apresentou na Universidade de
Navarra, Espanha, a sua tese de doutoramento. A investigação
desenvolvida, ao longo de dez anos, teve como título "Sociedade
civil e poder político em Portugal", com duas mil páginas, e foi
defendida perante um júri composto por três catedráticos espanhóis e
dois portugueses.
Eanes foi também o primeiro Chefe de Estado que, ao deixar Belém,
iniciou um trabalho de investigação científica conducente à obtenção do
grau de doutor. Uma iniciativa pioneira, a nível nacional,
desconhecendo-se inclusive casos idênticos na Europa.
Em 2008 é noticiado que o General Ramalho Eanes não aceita receber os retroactivos de cerca de um milhão de euros.
Dia 11 de outubro de 2010 recebeu o Doutoramento Honoris causa pela Universidade de Lisboa aquando das comemorações do centenário da mesma, coincidindo com as comemorações do centenário da República Portuguesa (5 de outubro).
Resultados eleitorais
Eleições presidenciais de 27 de junho de 1976
Candidato | votos | % | ||||
Ramalho Eanes | 2 967 137 |
|
||||
Otelo Saraiva de Carvalho | 792 760 |
|
||||
Pinheiro de Azevedo | 692 147 |
|
||||
Octávio Pato | 365 586 |
|
Eleições presidenciais de 7 de dezembro de 1980
Candidato | votos | % | ||||
Ramalho Eanes | 3 262 520 |
|
||||
Soares Carneiro | 2 325 481 |
|
||||
Otelo Saraiva de Carvalho | 85 896 |
|
||||
Galvão de Melo | 48 468 |
|
||||
Pires Veloso | 45 132 |
|
||||
Aires Rodrigues | 12 745 |
|
||||
Carlos Brito | desistiu | -- |
Condecorações
Ordens nacionais:
- Cavaleiro da Ordem Militar de São Bento de Avis de Portugal (19 de janeiro de 1972)
- Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada de Portugal (9 de março de 1986)
- Grã-Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal (25 de abril de 2004)
Ordens estrangeiras:
- Grã-Cruz da Ordem Nacional da Legião de Honra de França (5 de março de 1979)
- Grã-Cruz de 1.ª Classe Civil da Ordem do Banho da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (15 de julho de 1980)
- Grande-Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil (15 de julho de 1980)
- Grã-Cruz da Ordem da Classe Especial de Mérito da Alemanha (15 de julho de 1980)
- 1.ª Classe da Ordem da Estrela da Roménia (15 de Julho de 1980)
- Com Banda da Ordem da Stara Planina da Bulgária (15 de julho de 1980)
- Grã-Cruz da Ordem do Mérito Militar do Brasil (15 de julho de 1980)
- Com Diamantes da Ordem da Bandeira da Hungria (15 de julho de 1980)
- Colar da Ordem de Carlos III de Espanha (15 de julho de 1980)
- Colar da Ordem de Isabel a Católica de Espanha (15 de julho de 1980)
- Grande-Estrela da Ordem da Bandeira da Jugoslávia (18 de julho de 1980)
- Colar da Ordem Piana do Vaticano / Santa Sé (18 de julho de 1980)
- Grã-Cruz da Ordem de Mérito de Itália (3 de novembro de 1980)
- Grande-Colar da Ordem de Leopoldo II da Bélgica (7 de junho de 1982)
- Colar com Espadas da Ordem Pro Merito Melitensi da Ordem Soberana e Militar de Malta (29 de abril de 1983)
- Grande-Colar da Ordem da Bandeira da Jugoslávia (30 de maio de 1983)
- Grã-Cruz com Colar da Ordem do Falcão da Islândia (24 de novembro de 1983)
- Grande-Colar da Ordem Nacional do Leopardo do Zaire (5 de janeiro de 1984)
- Grã-Cruz da Ordem da Grande Condecoração do Nilo do Egito (28 de março de 1984)
- Grã-Cruz da Ordem de Mérito do Congo (16 de maio de 1984)
- Cavaleiro da Ordem do Leão de Ouro da Casa de Nassau do Luxemburgo (2 de janeiro de 1985)
- Grande-Colar da Ordem do Elefante da Dinamarca (24 de janeiro de 1985)
- Grã-Cruz da Ordem de Honra da Grécia (7 de fevereiro de 1986)
- Grande-Colar da Ordem de Timor-Leste de Timor-Leste (6 de agosto de 2012)
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