A tragédia de Bhopal foi um desastre industrial que ocorreu na madrugada de 3 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas de gases tóxicos extravasaram da fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide.
É considerado o pior desastre industrial ocorrido até hoje, quando mais
de 500 mil pessoas, a sua maioria trabalhadores, foram expostas aos
gases. O número total de mortes é controverso: houve num primeiro
momento cerca de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras 10 mil
ocorreram devido a doenças relacionadas à inalação do gás. A Union Carbide,
empresa de pesticidas de origem americana, negou-se a fornecer
informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como
consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente
os indivíduos expostos. Cerca de 150 mil pessoas ainda sofrem com os
efeitos do acidente e aproximadamente 50 mil pessoas estão incapacitadas
para o trabalho, devido a problemas de saúde. As crianças que nascem na
região filhas de pessoas afetadas pelos gases também apresentam
problemas de saúde. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as
agências de saúde da Índia ainda não conseguiram obter da Union Carbide e
do seu novo dono, a Dow Química (Dow Chemicals), informações sobre a
composição dos gases que vazaram e seus efeitos na saúde. Apesar deste
quadro absurdo, a fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece
abandonada desde a explosão tóxica enquanto que resíduos perigosos e
materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando
solo e águas subterrâneas, dentro e à volta da antiga fábrica.
A Tragédia
Segundo José Possebon (coordenador de Higiene do trabalho da
Fundacentro), a tragédia poderia ter sido evitada. Os sistemas de
segurança da fábrica eram insuficientes, devido ao corte de despesas com
segurança imposto pela sede da empresa, nos Estados Unidos, que por sua vez acontece por causa do retorno esperado da indústria não ser suficiente.
Até os dias de hoje não se sabe quem seria realmente o responsável
pelo incidente, a empresa responsável pela Union Carbide, a Dow Chemical
Company, começou por acusar um suposto movimento terrorista indiano.
Mais tarde, quando a história se tornou insustentável, acusou um
empregado de sabotagem. O processo arrastou-se por longos anos até que
um tribunal americano decretasse que a sabotagem tinha sido o fator que
levou ao desastre. A Dow Chemicals nunca aceitou que o julgamento fosse
feito no local onde efetivamente deveria ter sido realizado, na Índia. O
responsável pela fábrica continua refugiado nos Estados Unidos e os pedidos de
extradição para a Índia foram sistematicamente recusados.
Em 2001, a Dow Química comprou a Union Carbide. Por esta aquisição, a
Dow passou a ser responsável não apenas pelos ativos da empresa, como
também por seus passivos ambientais e pelos crimes cometidos em Bhopal. No entanto, a Dow continua negando a sua responsabilidade pelo crime cometido.
A empresa tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes
provocadas pelo desastre, pagando ao governo da Índia uma indemnização
irrisória, em face a gravidade da contaminação. A Union foi intimada a
compensar aqueles que, com o desastre, perderam a sua capacidade de
trabalhar. A companhia se recusou a pagar US$ 220 milhões exigidos pelas
organizações de sobreviventes. Em fevereiro de 1989, depois de cinco
anos de disputa legal, o Governo Indiano e a empresa chegaram a um
acordo de US$ 470 milhões. Supostamente, esta quantia deveria pôr fim a
toda responsabilidade da indústria perante à sociedade. A indemnização
médica, de US$ 370 a US$ 533 por pessoa, seria suficiente apenas para
cobrir despesas médicas por cinco anos. Muitas das vítimas, incluindo-se
crianças sofrerão os efeitos pelo resto da vida. A indemnização
acordada não cobriu despesa médicas ou prejuízos relacionados com a
exposição contínua na área contaminada. O maior acidente industrial do
mundo custou à Union Carbide apenas US$ 0,48 por ação...
Os moradores encontram-se revoltados e indignados com a situação em
que vivem. Rachna Dhingra é um morador que sente na pela a tortura
causada pela toxicidade
do local e, segundo ele, o governo não é nem um pouco
sensível a essa situação: olha para os sobreviventes com um olhar de
desgosto, havendo boatos que dizem que as vítimas não receberam todo o dinheiro da
compensação paga pela Union Carbide ao governo.
Trinta anos depois as ações tomadas foram apenas retóricas ou
cosméticas. As pessoas continuam, na prática, sem qualquer tipo de
compensação ou apoio que lhes permitam, por exemplo, cuidados médicos
relativos com a sua situação de saúde e a Dow continua a afirmar que
essas compensações nunca terão lugar.
Em 7 de junho de 2010, um tribunal indiano condenou a empresa química
norte-americana Union Carbide e sete dos seus funcionários, de
nacionalidade indiana, por negligência agravada, que pode resultar no
decreto de sentenças de prisão a ascenderem aos dois anos, mais multas.
Segundo a UNION CARBIDE a empresa alega ainda, hoje em dia, no seu
site que a fuga de gás da fábrica em Bhopal, na Índia, foi causada
por um ato de sabotagem, que resultou em perda trágica de vidas.
in Wikipédia
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